segunda-feira, 31 de outubro de 2011


Fizemos o caminho de forma descontraída e divertida. Estar com M era muito bom. Sua conversa, seu bom humor e principalmente a sua vontade de encarar tudo o que eu propunha a fazia uma companhia mais que agradável, perfeita eu diria. Chegamos a beira do rio. Encosto a charrete em baixo de uma árvore de sombra larga, M me ajuda com as coisas e vamos até a beira do rio. Um local onde não tinha correnteza pois as pedras meio que faziam um lago. Estiquei a toalha em baixo de outra árvore, pequena e de aconchegante sombra. Separei os equipamentos de pesca e levei para junto da beira do rio. M pegou as cadeiras e abriu para nós. Ela se senta em uma, puxo a outra para perto dela e começo a montar tudo. M curiosa me pergunta sobre cada coisa que preparo. Molinetes, linhas, pesos. Quando abro a lata de banha e pego um mussum ela logo reclama.
- Eca! O que é isso?
- Mussum. Não conhece? É uma ótima isca pra peixe.
- Que nojo, parece uma minhoca gigante. Diz fazendo cara de nojo.
Com habilidade prendo o mussum no anzol e faço menção de que pegue o equipamento.
- Toma. Essa é a sua.
M fica me olhando incrédula.
- Você quer que eu segure isso? De jeito nenhum. Que coisa mais nojenta Victor.
Não me contenho e começo a rir.
- Deixa de ser fresca. Segura aqui ó.
Pego sua mão e entrego o equipamento pra ela. Ela fica ali, paralisada, cheia de receios do que fazer com a vara com a isca. Viro para o lado e começo a montar o outro equipamento. Iremos pescar juntos. Olho para M que continua na mesma posição. Não me seguro e caio na gargalhada.
- Tá legal! Me dá isso aqui. Pego o equipamento de sua mão. Vem cá. Levanto e vou para a beira do rio.
- Sente só. Fecho os olhos e sinto a brisa bater em meu rosto.
M olha pra mim e me imita. Mas não entende o que estou fazendo.
- Não tô sentindo nada só o vento no rosto. Responde.
- É isso mesmo. Vê se consegue sentir de onde vem e para onde vai.
Então M começa a rir. Provavelmente pensou besteira.
- O que foi?
- Nada. Disse rindo.
- Já vi que vai ser pior que montar cavalo.
- Não. Não. Vai. Me ensina. Quero aprender. Diz tentando parecer séria mas mal conseguindo disfarçar.
Explico mais algumas coisas como a correnteza, como prender a linha e quando soltá-la. Coisas pequenas mas primordiais para uma boa pescaria. Lanço o anzol com a isca na água então entrego o equipamento para ela.
- Toma. Agora segura firme, vou montar o outro equipamento e já volto.
M ficou ali, em pé na beira do rio, rindo sozinha. Sentia-se ridícula, mas estava se divertindo com tudo. Logo assim que arrumei o outro equipamento fui até ela.
- Toma sua cadeira. Agora é ficar aí sentadinha e esperando o peixe vir fisgar a isca. Se você sentir um puxão na linha me chama. Vou ficar mais ali pra frente. Qualquer coisa me chama. Disse isso e coloquei um suporte no chão para que ela colocasse a vara presa. Peguei minhas coisas e minha cadeira e me afastei certa de 10 metros dela. Fiz o mesmo ritual e lancei minha isca ao rio. Depois de alguns minutos...
- Victor!
- Oi!
- E agora?
- A linha tá puxando?
- Não. Ainda não. Mas e o que faço agora?
- Espera uai! Ri.
- Eu trouxe um livro. Posso ir pegá-lo?
- Não! Você tem que ficar aí quietinha. E se a linha puxar você me chama.
Passou mais uns 30 min. Eu estava concentrado no rio, percebendo a natureza se expressar.
- Victor!
Comecei a rir novamente.

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