domingo, 23 de outubro de 2011


Eu vou pra casa, chego rápido pois o trânsito estava calmo. Subo mas ao levar o dedo pra apertar o 3 olho o painel do elevador e lembro da M. Aquela carinha triste, se sentindo culpada. Respiro fundo e aperto o 5. Vou até seu apartamento. Chegando lá aperto a campainha, silêncio. Será que ela saiu? Tento novamente, então ouço sua voz.
- Já vai!
Abro um sorriso. Logo ela abre a porta, estava vestida com um camisão de malha. Acho que uma camisola, não sei. Cabelos molhados tentando seca-los com a toalha. Ela se espanta em me ver.
- Victor!?!
- Posso entrar?
- Claro, disse me dando passagem e me mostrando seu sofá.
Reparo em seus móveis. Tudo muito simples mas de muito bom gosto. A sua sala tem um ar acolhedor. Gostei.
- Desculpa vir sem te avisar, mas acho que ainda temos coisas pra conversar.
- Imagina. E Elaine?
Respirei fundo e continuei.
- Deixei ela em casa. E é sobre ela que quero conversar com você. Estou te atrapalhando?
- De jeito nenhum. Victor por favor, não brigue com sua namorada, eu que insisti pra que ela fosse comigo. Fiquei com receio que não quisesse me receber.
- É sobre isso mesmo que quero falar. A Elaine não é nem nunca foi minha namorada.
M cai no sofá diante da minha revelação.
- Como assim? Ela disse...
- Ela mentiu M. Não sou nem nunca fui namorado dela.
- Mas... no dia do show no Parque do Sabiá ...
- Naquele dia fui um infeliz, fiz uma besteira sem tamanho desfilando com ela ao meu lado. Não consegui dizer que tinha sentido ciúmes dela com o Tuca. Fiquei com receios de ser mal interpretado. Continuamos a conversar, expliquei que levei Elaine até em casa mas não tinha rolado nada entre nós. Foi só uma gentileza que fiz para com ela, nada mais do que isso.
- Victor. Sério? A Elaine disse que vocês estavam juntos, há tempos até. Não posso acreditar que ela mentiu pra mim. Logo ela, minha melhor amiga, melhor não única amiga.
- Sinto muito em te trazer essa decepção M mas tinha que lhe falar. Elaine mentiu, com relação a algum envolvimento amoroso entre nós pelo menos. Não tive, não tenho e não pretendo ter nada com ela. Precisava te contar isso, pra que não paire nenhuma dúvida.
M ouvia as minhas explicações. Tive que usar as palavras com cuidado pra não me entregar. Não sei ainda ao certo o que sinto por M e ainda não é a hora de conversarmos sobre isso. Senti que era obrigação minha avisar M, caso Elaine tentasse enrolar, ela já saberia da verdade. Ficamos mais um tempo conversando. Depois de tudo esclarecido me despedi dela e voltei para o meu apartamento. Me sentia mais leve, como se tivesse tirado um peso das minhas costas. Eu livre, ela também. Quem sabe? Talvez, talvez. Fui para casa e a noite transcorreu tranqüilamente.

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