Eu vou pra casa,
chego rápido pois o trânsito estava calmo. Subo mas ao levar o dedo pra apertar
o 3 olho o painel do elevador e lembro da M. Aquela carinha triste, se sentindo
culpada. Respiro fundo e aperto o 5. Vou até seu apartamento. Chegando lá
aperto a campainha, silêncio. Será que ela saiu? Tento novamente, então ouço
sua voz.
- Já vai!
Abro um sorriso.
Logo ela abre a porta, estava vestida com um camisão de malha. Acho que uma
camisola, não sei. Cabelos molhados tentando seca-los com a toalha. Ela se
espanta em me ver.
- Victor!?!
- Posso entrar?
- Claro, disse me
dando passagem e me mostrando seu sofá.
Reparo em seus
móveis. Tudo muito simples mas de muito bom gosto. A sua sala tem um ar
acolhedor. Gostei.
- Desculpa vir sem
te avisar, mas acho que ainda temos coisas pra conversar.
- Imagina. E Elaine?
Respirei fundo e
continuei.
- Deixei ela em
casa. E é sobre ela que quero conversar com você. Estou te atrapalhando?
- De jeito nenhum.
Victor por favor, não brigue com sua namorada, eu que insisti pra que ela fosse
comigo. Fiquei com receio que não quisesse me receber.
- É sobre isso mesmo
que quero falar. A Elaine não é nem nunca foi minha namorada.
M cai no sofá diante
da minha revelação.
- Como assim? Ela
disse...
- Ela mentiu M. Não
sou nem nunca fui namorado dela.
- Mas... no dia do
show no Parque do Sabiá ...
- Naquele dia fui um
infeliz, fiz uma besteira sem tamanho desfilando com ela ao meu lado. Não
consegui dizer que tinha sentido ciúmes dela com o Tuca. Fiquei com receios de
ser mal interpretado. Continuamos a conversar, expliquei que levei Elaine até
em casa mas não tinha rolado nada entre nós. Foi só uma gentileza que fiz para
com ela, nada mais do que isso.
- Victor. Sério? A
Elaine disse que vocês estavam juntos, há tempos até. Não posso acreditar que
ela mentiu pra mim. Logo ela, minha melhor amiga, melhor não única amiga.
- Sinto muito em te
trazer essa decepção M mas tinha que lhe falar. Elaine mentiu, com relação a
algum envolvimento amoroso entre nós pelo menos. Não tive, não tenho e não
pretendo ter nada com ela. Precisava te contar isso, pra que não paire nenhuma
dúvida.
M ouvia as minhas
explicações. Tive que usar as palavras com cuidado pra não me entregar. Não sei
ainda ao certo o que sinto por M e ainda não é a hora de conversarmos sobre
isso. Senti que era obrigação minha avisar M, caso Elaine tentasse enrolar, ela
já saberia da verdade. Ficamos mais um tempo conversando. Depois de tudo
esclarecido me despedi dela e voltei para o meu apartamento. Me sentia mais
leve, como se tivesse tirado um peso das minhas costas. Eu livre, ela também.
Quem sabe? Talvez, talvez. Fui para casa e a noite transcorreu tranqüilamente.
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