Na manhã seguinte acordo com uma enfermeira mexendo no meu
soro. Estou tonto ainda e esqueci onde estava. Tento me mexer mas sinto dor.
Muita dor. Ela coloca a mão em meu peito, fazendo-me deitar novamente.
- O senhor tem que ficar quieto. Para não piorar seu estado.
Concordo sem questionar. Logo vem outra enfermeira e me
aplica uma medicação no próprio soro. Então vem o alivio. Recebo a visita do
médico que me atendeu na emergência. Ele me explica que com o impacto a lesão
nas minhas costas se agravou mas que se
eu continuasse a responder bem ao tratamento como foi durante a noite na manhã
seguinte teria alta. Ele me explicou mais algumas coisas, deu algumas orientações
e assim passei o dia no hospital. Entre remédios e aplicações de gelo nas
costas. Na parte da tarde recebi a visita de minha mãe e minha irmã que vieram
com o Leo. Ele não disse exatamente o que aconteceu comigo. Disse somente que
foi uma tentativa de assalto, para não preocupa-las ainda mais.
Na manhã seguinte recebi alta e o Leo veio me buscar. Fomos
direto para casa da minha mãe. E lá permaneci por mais 10 dias. Repouso
absoluto. Resoluções médicas. Acatei. Fazer o quê? Meu irmão foi ao meu
apartamento no dia seguinte ao ocorrido. Explicou para D. Graça o que aconteceu
e recomendou cuidado para ela. Pegou algumas roupas e foi com minha irmã buscar
meu carro no estacionamento do shopping. Quando voltou ao meu apartamento
reencontrou D. Matilde que para variar discutia com Seu Calixto na portaria.
Ela viu que não era eu que dirigia o meu carro e sim meu irmão, estranhando
deixou Seu Calixto falando sozinho e foi para a garagem ao seu encontro.
- Bom Dia Leo. E o Victor?
- Bom Dia D. Matilde. Infelizmente ouve um problema.
Leo tava muito preocupado e como sabia que M, a namorada do
meu agressor, morava no mesmo prédio resolveu alertar a todos da presença desse
cara.
- Problema? O que houve? O Victor piorou?
- É. Infelizmente ele tá internado.
Ela arregalou os olhos. O elevador chegou e subiram juntos
enquanto Leo explicava em detalhes minha agressão. Droga! Não era pra ele fazer
isso. Mas poderia ser melhor mesmo.
Os dias na casa da minha mãe se arrastaram. Não me
deixavam fazer nada. No máximo escolher os canais da TV. Foram dias difíceis
para quem tá acostumado a movimento e independência como eu. Mas foram também
muito bons pois me recuperei completamente do problema das minhas costas.
Quando finalmente recebi alta médica me senti aliviado pois graças ao meu empresário eu só recebi alta quando tivesse em condições de voltar aos palcos.
E isso queria dizer voltar a minha busca.
Durante meu pronto restabelecimento...
A semana correu tranqüilamente no meu prédio com apenas a
ressalva que D. Matilde avisou a todos os moradores e principalmente ao Rafael
e Seu Calixto sobre o perigo que nos rondava. Seu Calixto, pela primeira vez,
concordou com D. Matilde. Um rapaz assim era um perigo iminente e deu ordens
para que Rafael não permitisse a entrada do Tuca, em hipótese alguma e pediu
que lhe avisasse assim que M chegasse ao prédio, teria uma conversa séria com
ela. No final do dia M chegou no horário de costume e ao entrar no prédio
estranhou os olhares de alguns moradores que se encontravam na portaria, bem
como sua própria vizinha que ao se cruzarem no portão mal lhe olhou no rosto.
Quando estava se encaminhando para o elevador Rafael veio ao seu encontro e
disse:
- Senhorita M.! Senhorita M!
- Sim Rafael.
- Seu Calixto quer dar uma palavrinha com a senhora. Ele
pediu para avisar assim que a senhora chegasse.
M estranhou um pouco. Mas suspeitou que fosse a respeito da
próxima reunião de condomínio.
- Tudo bem. Faz um favor então. Diz que cheguei e se ele
puder passa lá no meu apartamento daqui a uns 30 minutos se possível. Quero
pelo menos tomar um banho.
- Sim senhora, pode deixar. Respondeu já se encaminhando
para a mesa de interfone.
Seu Calixto recebeu a informação do Rafael, da chegada de M
ao prédio. Deu o tempo necessário e desceu até o 3o andar. Bateu na
porta de M que prontamente lhe recebeu.
- Boa Noite M. Desculpa te incomodar.
- Boa Noite Seu Calixto. Não é incomodo nenhum. Entre. E deu
passagem para Seu Calixto lhe indicando o sofá da sala para se sentar.
- Bom minha filha vim aqui numa missão.
- Missão?
- É. Você sabe que não me meto na vida dos condôminos. Isso
não me diz respeito. Mas infelizmente soube de um ocorrido que me deixou
bastante preocupado.
- O que houve?
Enquanto Seu Calixto contava a “fofoca” que D. Matilde
espalhou no prédio M só concordava com a cabeça cada vez mais abismada com o
que ouvia. Ela não sabia que Tuca tinha ido atrás do Victor muito menos que era
capaz de agredir alguém. Ele era um pouco esquentadinho mas não passava das
palavras nunca tinha visto ele partir para agressões físicas. Assim que
terminou seu relato Seu Calixto foi categórico.
- Diante desses fatos que acabei de lhe relatar dei ordens
para não permitir a entrada do seu namorado no prédio.
- Compreendo Seu Calixto e confesso que estou perplexa
com tudo o que o senhor acabou de me dizer. Vou falar com o Tuca e exigir
explicações dele além disso farei com que não entre aqui no prédio. O senhor
está corretíssimo e pode ficar tranqüilo por mim ele não entra mais aqui não.
Garantiu.
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