Na cidade que nunca dorme...
Acordo na manhã seguinte e vejo que tudo não passou de um
sonho. Afinal era bom demais para ter sido verdade. Levanto da cama e vejo o
bilhete na mesa de cabeceira. Respiro fundo. Não foi sonho mas uma mística
realidade. Ainda podia sentir seu leve perfume em minha pele. Vou ao banheiro,
preciso de um banho para despertar, arrumo minhas coisas, afinal a rotina dessa
vez terminou, pelo menos por hora. Fecho tudo e vou ao encontro dos outros, no
restaurante do hotel, para o café da manhã. Chego lá e algumas pessoas da
produção já estão tomando café. Não vejo meu irmão. Comprimento os conhecidos.
Sirvo-me e sento a mesa com o Alex e o Ivan. Conversamos amenidades mas minha
mente está longe, numa morena misteriosa. Distraído acabo por derramar café
puro em minha camisa. Tento limpar mas quanto mais esfrego pior fica.
- É melhor subir e trocar essa camisa. Aconselha Alex.
- É. Você tem razão.
Levanto da mesa e vou em direção ao elevador, ainda tentando
me limpar. Subo e quando chego no andar encontro com meu irmão na porta do
elevador. Cara de sono, coitado.
- Bom Dia! Desejo.
- Bom Dia! O que foi isso? Alguma fã? Pergunta apontando
para a mancha na minha camisa.
- Não. Distração minha mesmo. Vim trocar.
- Então vou com você, aí descemos juntos.
- Tá certo!
Entro no quarto e abro a mala buscando uma camisa limpa.
Tiro a que estava suja então ouço o comentário sarcástico do meu irmão.
- Noite violenta, né!
- Hein!
- Suas costas. Aponta para mim.
Sem entender do que se trata vou ao espelho no banheiro.
Viro-me um pouco para ver e lá estão. Os sinais da presença de minha bela
morena. Riscos vermelhos, por quase toda a extensão das minhas costas. Rio e
lembro do momento em que isso aconteceu. Visto a camisa limpa, dobrando e
guardando em separado a manchada. Volto ao quarto.
- É. Marcas de uma leoa linda. Rio.
Ele concorda. Saímos do quarto e voltamos para o
restaurante.
Depois do café, já estava tudo pronto para voltarmos pra
casa. Ah! Casa. Nada melhor e mais acolhedor que o nosso cantinho. Vamos para o
aeroporto e logo chegamos a Uberlândia. Despeço-me de todos ainda no aeroporto,
no meu irmão meu mais carinhoso dos abraços. Amo-o. Pego meu carro e vou para
minha casa afinal hoje é segunda e tenho muitas coisas domésticas a resolver. Chego
ao prédio e a tranqüilidade de sempre. Aceno para o Rafael que vem sorrindo
abrir o portão. Cumprimento-o com a cabeça. Chego em casa e ao abrir a porta
sinto aquele cheirinho de comida sendo feita. Delicia. Olho no relógio. Hora do
almoço. Que bom, cheguei a tempo de uma boa refeição caseira. Dou a minha
habitual conferida na sala. Tudo certinho. Cumprimento D. Graça que exclama:
- Chegou cedo!
- Não D. Graça, cheguei no horário. Vim de São Paulo, mas
pelo visto, bem a tempo do almoço.
- Daqui a pouco eu sirvo.
- Tá certo. Vou colocar a mala lá no quarto. A senhora
desfaz pra mim depois? Tem uma camisa que sem querer manchei de café essa
manhã.
- Pode deixar. Assim que terminar aqui vou lá e separo tudo.
Fui para meu quarto.
Deixo a mala no canto perto do armário de onde tiro uma roupa confortável e vou
para o banheiro, preciso tirar o cansaço da viagem. Tomo meu banho, troco de
roupa e vou para a cozinha. O cheirinho de comida caseira desperta meu apetite.
Sento a mesa e fico conversando amenidades com D. Graça enquanto o almoço não
fica pronto. Depois do almoço deito no sofá e ligo a TV pra distrair um pouco.
Acabo adormecendo lá mesmo. Acordo assustado no meio da tarde com o barulho da
TV olho para os lados e vejo que D. Graça está na área de serviço. Deve tá
separando minhas roupas. Desligo a TV e vou ao seu encontro.
- D. Graça, vou na
rua. Tamos precisando de alguma coisa?
- Tamos sim Seu
Victor. Mas é compra pro mês. Melhor fazermos amanhã, tudo bem? De manhã tá
tudo fresquinho no mercado.
- Tá certo. Nada
urgente?
- Não senhor.
- Bom qualquer coisa
estou no celular.
- Sim senhor. O
senhor vem jantar?
- Hummm. Não sei.
Qualquer coisa aviso que não venho.
- Tá certo. Vá com
Deus!
- Fique com ele
também D. Graça.
Pego minhas chaves, documentos e celular. Vou ao
banco e acho que vou aproveitar pra visitar minha mãe. Depois do banco ligo pra
minha mãe. Ninguém atende. Deve ter saído pra resolver alguma coisa. Então
volto pra casa. O resto do dia transcorre como uma segunda-feira, tranqüila.
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