Depois da briga com
Tuca M não ouviu mais falar dele. Passou os dias entre o trabalho e a academia.
Não tinha vontade de sair a noite, apesar das insistências das amigas. E todo
dia perguntava para Elaine quando Victor voltaria e relembrava da sua promessa
de ir com ela ao apartamento dele para se desculpar. Elaine estava cada dia
mais irritada com a insistência dela mas não sabia noticias minhas e tinha
esperanças que M voltasse a soltar mais alguma informação. Na segunda, depois
da academia M voltava tranqüila pra casa e quando chega no prédio Rafael, que
já está de saída e segura o portão para que entre, lhe dá a informação que
tanto buscava. Eu estava de volta. Cheguei na parte da tarde. Ela agradeceu.
Tinha pedido ao Rafael para avisa-la. Não podia contar muito com Elaine. Tava
desconfiada que ela já estava ficando com ciúmes de tanto que insistia em saber
notícias minhas. Mas só queria se desculpar nada além disso.
Desde sua infância
sentia-se culpada. Lembrou das brigas dos pais, quando seu irmão ainda não havia
nascido, era sempre o mesmo assunto. O fato de ela ter nascido menina e não
menino, como tanto queriam. O pai culpava a mãe, chamava ela de incapaz e ela o
culpava pelo mesmo motivo chamando o de incompetente. Sentia-se feliz somente
na cozinha, sob os cuidados da cozinheira e os carinhos do motorista, seu
marido. Eles sim, foram seus verdadeiros pais. Ensinaram tudo que sabia e
principalmente lhe deram amor. Coisa que seus pais jamais fizeram.
Com a informação do
Rafael decidiu. Não passaria do dia seguinte pra procurar o Victor. Antes dele
voltar a viajar. Iria arrastar a Elaine pro seu apartamento no final do
expediente.
No dia seguinte
chegou cedo a repartição. Mal tinha dormido, pensando nas palavras que usaria
pra falar com ele. Assim que Elaine chegou não a deixou nem chegar a sua mesa.
Parou no corredor mesmo.
- Elaine, é hoje!
- É hoje o que
mulher? Já se irritando novamente com M. Logo cedo ela já estava perturbando.
- Eu soube. Ele já
voltou de viagem. Você prometeu.
Então ele estava de
volta. Ótimo! Hoje ele não me escapa. Pensou Elaine.
- Tá eu vou com
você. Eu não lhe falei nada pra que ele pudesse chegar com calma, mas você tá
tão ansiosa pra se desculpar que vou quebrar esse galho pra você.
- Almoçamos juntas?
Perguntou M toda empolgada.
- Não. Não dá. Terei
que resolver alguns problemas.
- Mas você volta a
tarde não volta? Perguntou preocupada.
- Volto M. Volto.
Agora me deixa chegar, né!
- Combinado então.
Depois do trabalho você vem comigo. Bateu o martelo
Elaine só concordou
com a cabeça e foi para sua mesa. Foi esperta novamente, M entregou o ouro
facinho, iria aproveitar a hora do almoço e dar uma caprichada no visual. Ele
não lhe escaparia dessa vez. Iria com M ao apartamento do Victor e depois daria
um jeito de despachar M de lá. Aí sim! Ele seria seu. Só seu.
Na hora do almoço se
despediu de M e foi para o salão de beleza de costume. Aproveitou a manhã e
conseguiu marcar para o almoço pra fazer pé, mão e uma escova. Tinha conseguido
pra uma hora depois uma seção com sua depiladora. Tudo estava a seu favor, não
tinha como nada dar errado.
Elaine voltou a
repartição toda repaginada, todos repararam em sua produção. M também notou e
ficou mordida, Elaine tinha saído não pra resolver problemas mas pra se
produzir para o Victor. Ficou pensando e chegou a conclusão que ela tava certa.
Afinal estava indo com a vizinha dele e no seu lugar faria o mesmo. Não podia
deixar margens pra que ele olhasse pra outra mulher que não a própria namorada.
Deu de ombros. Só queria era se desculpar mas reconheceu que sua atitude a
incomodou. No final do expediente M quase que arrastou Elaine pra fora da
repartição. Estava ansiosa. Elaine também. Pegaram até um táxi pra chegarem
mais rápido. Elaine era só sorrisos e repetia pra si própria. É hoje! Chegaram
ao prédio e M pergunta ainda na portaria para Rafael se o Victor estava em
casa. Recebendo a resposta positiva M olha Elaine e lhe sorri. Vão para o
elevador e M aperta o 3, prefere ir direito ao meu apartamento e acabar logo
com esse mal estar. Chegam ao andar, saem do elevador e vão ao meu apartamento.
Tocam a campainha.
- Pode deixar que
atendo D. Graça. Digo em voz alta.
Olho no olho mágico
e vejo M. meu coração sem nenhuma razão aparente dispara. Mas quando abro a
porta tenho a surpresa.
- Oi M ... Elaine!?!
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