sábado, 22 de outubro de 2011


Depois da briga com Tuca M não ouviu mais falar dele. Passou os dias entre o trabalho e a academia. Não tinha vontade de sair a noite, apesar das insistências das amigas. E todo dia perguntava para Elaine quando Victor voltaria e relembrava da sua promessa de ir com ela ao apartamento dele para se desculpar. Elaine estava cada dia mais irritada com a insistência dela mas não sabia noticias minhas e tinha esperanças que M voltasse a soltar mais alguma informação. Na segunda, depois da academia M voltava tranqüila pra casa e quando chega no prédio Rafael, que já está de saída e segura o portão para que entre, lhe dá a informação que tanto buscava. Eu estava de volta. Cheguei na parte da tarde. Ela agradeceu. Tinha pedido ao Rafael para avisa-la. Não podia contar muito com Elaine. Tava desconfiada que ela já estava ficando com ciúmes de tanto que insistia em saber notícias minhas. Mas só queria se desculpar nada além disso.
Desde sua infância sentia-se culpada. Lembrou das brigas dos pais, quando seu irmão ainda não havia nascido, era sempre o mesmo assunto. O fato de ela ter nascido menina e não menino, como tanto queriam. O pai culpava a mãe, chamava ela de incapaz e ela o culpava pelo mesmo motivo chamando o de incompetente. Sentia-se feliz somente na cozinha, sob os cuidados da cozinheira e os carinhos do motorista, seu marido. Eles sim, foram seus verdadeiros pais. Ensinaram tudo que sabia e principalmente lhe deram amor. Coisa que seus pais jamais fizeram.
Com a informação do Rafael decidiu. Não passaria do dia seguinte pra procurar o Victor. Antes dele voltar a viajar. Iria arrastar a Elaine pro seu apartamento no final do expediente.
No dia seguinte chegou cedo a repartição. Mal tinha dormido, pensando nas palavras que usaria pra falar com ele. Assim que Elaine chegou não a deixou nem chegar a sua mesa. Parou no corredor mesmo.
- Elaine, é hoje!
- É hoje o que mulher? Já se irritando novamente com M. Logo cedo ela já estava perturbando.
- Eu soube. Ele já voltou de viagem. Você prometeu.
Então ele estava de volta. Ótimo! Hoje ele não me escapa. Pensou Elaine.
- Tá eu vou com você. Eu não lhe falei nada pra que ele pudesse chegar com calma, mas você tá tão ansiosa pra se desculpar que vou quebrar esse galho pra você.
- Almoçamos juntas? Perguntou M toda empolgada.
- Não. Não dá. Terei que resolver alguns problemas.
- Mas você volta a tarde não volta? Perguntou preocupada.
- Volto M. Volto. Agora me deixa chegar, né!
- Combinado então. Depois do trabalho você vem comigo. Bateu o martelo
Elaine só concordou com a cabeça e foi para sua mesa. Foi esperta novamente, M entregou o ouro facinho, iria aproveitar a hora do almoço e dar uma caprichada no visual. Ele não lhe escaparia dessa vez. Iria com M ao apartamento do Victor e depois daria um jeito de despachar M de lá. Aí sim! Ele seria seu. Só seu.
Na hora do almoço se despediu de M e foi para o salão de beleza de costume. Aproveitou a manhã e conseguiu marcar para o almoço pra fazer pé, mão e uma escova. Tinha conseguido pra uma hora depois uma seção com sua depiladora. Tudo estava a seu favor, não tinha como nada dar errado.
Elaine voltou a repartição toda repaginada, todos repararam em sua produção. M também notou e ficou mordida, Elaine tinha saído não pra resolver problemas mas pra se produzir para o Victor. Ficou pensando e chegou a conclusão que ela tava certa. Afinal estava indo com a vizinha dele e no seu lugar faria o mesmo. Não podia deixar margens pra que ele olhasse pra outra mulher que não a própria namorada. Deu de ombros. Só queria era se desculpar mas reconheceu que sua atitude a incomodou. No final do expediente M quase que arrastou Elaine pra fora da repartição. Estava ansiosa. Elaine também. Pegaram até um táxi pra chegarem mais rápido. Elaine era só sorrisos e repetia pra si própria. É hoje! Chegaram ao prédio e M pergunta ainda na portaria para Rafael se o Victor estava em casa. Recebendo a resposta positiva M olha Elaine e lhe sorri. Vão para o elevador e M aperta o 3, prefere ir direito ao meu apartamento e acabar logo com esse mal estar. Chegam ao andar, saem do elevador e vão ao meu apartamento. Tocam a campainha.
- Pode deixar que atendo D. Graça. Digo em voz alta.
Olho no olho mágico e vejo M. meu coração sem nenhuma razão aparente dispara. Mas quando abro a porta tenho a surpresa.
- Oi M ... Elaine!?!

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