terça-feira, 11 de outubro de 2011


Acordo com alguém batendo em minha porta. Esfrego os olhos, custo a despertar. Parece que acabo de sair de um sonho. Um sonho bom. Um lindo sonho. Jogo o travesseiro no meu rosto. Quero voltar a dormir. Voltar a sonhar com a minha doce DJU. Mas a insistência da porta me desperta por completo.
- Já vai! Grito.
Param de bater. Olho para o lado da cama. Vazio, assim como o meu coração. Estico-me todo. Sinto um leve desconforto nas costas. Lembro do meu machucado.Quase não dói mas ainda incomoda. Levanto e me visto, vou até a porta e abro ainda tentando acordar. É um dos produtores. Ele me olha com aquele olhar, “ainda está assim!”. Sorrio e desejo bom dia. Ele responde e diz que está tudo pronto e estão me esperando para irmos embora. Peço 20 minutos e ele concorda se despedindo. Fecho a porta e volto a olhar o quarto. Sinto como se realmente estivesse acabado de sair de um sonho mágico. Respiro fundo e vou ao banheiro.
Preciso de um banho frio, pra voltar a minha amarga realidade. Sozinho novamente. Faço tudo muito rápido, mecânico. Me arrumo e pego minhas coisas. A mala um pouco pesada faz com que o meu desconforto nas costas doa mais. Lembro das recomendações. Nada de pegar peso. Ligo para a recepção e peço que peguem minhas malas. Fecho a porta de desço. Estão todos prontos, conversando animadamente no saguão do hotel. Olho para meu irmão. Ele me sorri e vem em minha direção.
- Bom dia! Deseja-me.
- Bom dia! Respondo tristemente.
- Cadê Juliana? Ela não dormiu com você?
- Não ela se foi. Melhor assim. Respondo resoluto.
O Leo me conhece perfeitamente bem, olha em meus olhos e vê o quanto estou triste. Abre os seus enormes braços e me afaga em seu peito. Abraço de irmãos, carinhos. Sinto-me reconfortável. Então vem o meu empresário.
- Tudo bem?
Respiro fundo saindo de junto ao meu irmão.
- Sim. Tudo. Somente um leve desconforto nas costas.
- Tá certo! Paramos antes numa farmácia pra você tomar seu medicamento então. Resolve.
Concordo com a cabeça.
Entramos no ônibus e vou para o meu acento de costume. Olho na janela mas não enxergo nada. Fico perdido em meus pensamentos. O ônibus começa a se movimentar. Vejo as ruas passando uma depois da outra. De repente paramos e o meu empresário vem em minha direção.
- Vamos? Já passou da hora da sua medicação.
Afirmo com a cabeça e sem argumentar desço com ele em frente a uma farmácia. Entramos e ele entrega a receita ao farmacêutico. Estou numa espécie de transe e não argumento em nada. Tomo minha injeção. Não sinto dor. Não sinto nada. Não me sinto. Voltamos ao ônibus e conseqüentemente a estrada. Voltamos para casa. Fim de festa. Fim da alegria. Fim do sonho.
Na estrada, vejo a paisagem rural de Minas, olho para o lado, alguns dormem enquanto que outros conversam animadamente. Vejo minha pasta no banco ao lado do meu. Sinto vontade de compor. Abro, pego meu caderno e a caneta. Vejo a folha em branco mas minha mente está vazia. Respiro fundo mas não consigo me concentrar. Fecho o caderno e guardo tudo novamente. Não. Não é dessa vez que vou compor mais uma canção. Volto a olhar pela janela e me perco olhando a paisagem. Não penso em mais nada. Nem em ninguém.

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