quinta-feira, 27 de outubro de 2011


Levanto da mesa e puxo a cadeira para que M se sente. Conversamos animadamente, também com tanta coisa gostosa na mesa, não podia ser diferente. Ficamos até tarde conversando, D. Mirtes e o Ferreira sentaram conosco e colocaram o papo em dia com M. Nos recolhemos cedo pois na fazenda para se aproveitar bem teríamos que levantar bem cedinho. Era muita coisa pra fazer. Banho de rio, passeios de charrete, pescaria, ver os filhotes que nasceram, e ainda iria ensinar M a montar. Na manhã seguinte levantei “com as galinhas”. Tomei meu café e fui ao estábulo pedir para selar dois cavalos, o meu de costume e um bem mansinho pra M começar a montar. M levantou cedo também, estava acostumada a acordar cedo. Ela foi até a cozinha, conversou um pouco com D. Mirtes e lhe explicou que não tinha dito nada sobre seus pais verdadeiros muito menos sobre ser fã do Victor & Leo. D. Mirtes a repreendeu.
- Filha, acho melhor você contar tudo. Afinal você não tá fazendo nada de errado. Mentiras nunca sustentaram nada nessa vida pelo contrário podem destruir tudo num piscar de olhos. Se você quer construir qualquer coisa com o patrão. Amizade, amor, não importa, o importante é que seja em cima da verdade. Seja ela qual for. Seu Victor é um homem de bem, justo, de família e com princípios. Não tenha medo da verdade, se você for sincera e honesta sei que ele ira te compreender e te apoiar no que você precisar.
Sabias palavras da D. Mirtes, sentia saudades de conversar sobre sua vida. Desde que seus pais postiços faleceram M tinha se fechado para o mundo. Falava muito pouco sobre seu passado, suas angustias e medos. Foi para a mesa pensativa e decidiu, iria aproveitar a tranqüilidade da fazenda e se abrir comigo. Contar tudo, absolutamente tudo. Sentiu-se segura, depois de muitos anos.
M termina seu café e volta a cozinha. Ferreira tá tomando um café então ela pergunta:
- Bom Dia Tio! Cadê o Victor?
- Bom Dia M! Tá lá fora, filha, te esperando pra montar.
- Meu Deus! Seja o que Deus quiser. Disse rindo.
M saiu da casa e foi me procurar, logo me encontra. Eu estava terminando de conferir as selas quando a vi vindo em minha direção. Abri meu melhor sorriso.
- Bom Dia! Dormiu bem?
- Bom Dia! Dormi sim, obrigada, o silêncio ajudou a pegar no sono logo. Como é silencioso aqui.
- É sim. Bom pra descansar da correria da cidade. E aí? Pronta pra montar?
- Tem certeza que você quer fazer isso? Poderíamos caminhar um pouco. Diz tentando me convencer a desistir.
- Nem vem que não tem. Eu quero o bolo então você tem que aprender a montar. Onde já se viu, vir a uma fazenda e não andar a cavalo. Vem, esse é bem mansinho. Disse já mostrando seu cavalo.
Ela veio em minha direção, meio ressabiada.
- Tá. Mas me responde duas coisas antes.
- O que? Fiquei preocupado.
- Onde fica o freio e cadê o manual de instruções desse bicho aí. Brincou.
Eu não me contive e cai na gargalhada. Seu bom humor era contagiante.
- Lamento informar mas o freio tá gasto e o manual só em cavalês. Você sabe ler cavalês? Brinquei também. Arrancando mais gargalhadas dela. Ela veio para junto de mim. Séria.
- Fica tranqüila ele é mansinho, passa mão aqui ó. Ele gosta.
Segurei sua mão e levei ao pescoço do animal deslizando-a pelo seu pelo. Então segurei as rédeas e mostrei como ela deveria subir no animal. Ela teve dificuldades então entreguei as rédeas ao peão que estava conosco e lhe mostrei.
- M você pisa aqui com seu pé esquerdo, segura aqui na sela com as mãos e dá um impulso levando a perna direita por cima do animal.
- Calma, não sou loira mas é complicado pra mim. Brincou novamente. Era visível sua felicidade.
Ela subiu com uma certa dificuldade, segurei-a pelos quadris ajudando no seu impulso. Quando sentou na sela ficou apavorada.
- Ai Victor! É muito alto. Tô com medo. Se caio daqui me machuco toda.
- Calma! Você tem que ficar calma que não cai não.
- E se ele me derrubar, aí não quero fazer isso não. Tô com medo.
- Calma. Você não vai cair e ele não vai te derrubar não. É bem mansinho. Não fica com medo. O animal percebe isso. Avisei, mas foi pior, M entrou em pânico.

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