quarta-feira, 26 de outubro de 2011


Começo a cantar, acompanhando a letra e quando olho para o lado M também tá cantando. Ela conhece as músicas e vamos assim, numa alegre cantoria pela estrada afora. Divertindo-nos. Quando chegamos ao mercado, estaciono o carro e saltamos. Pego um carrinho e sigo M que vai passando entre as fileiras escolhendo os ingredientes para fazer o tal macarrão e o bolo. Ela vai para a fila dos frios então eu digo:
- Vou escolher um vinho pra acompanhar seu macarrão tá bom?
- Tá, mas terá que ser tinto. Massa, sabe como é.
Concordo com a cabeça e sigo com o carrinho para a seção de bebidas enquanto ela fica na fila de frios. Num certo momento uma senhorinha vem até mim e bate levemente em meu braço.
- Moço!
- Senhora? Penso ser alguma fã a pedir um autógrafo ou foto.
- Sua esposa tá lhe chamando.
- Esposa?
Então ela aponta para M que está na fila olhando em nossa direção. Ao ver que estou olhando para ela M faz sinal para que fosse até ela. Agradeço a senhorinha e vou ao seu encontro. Esposa. Ri. Depois de escolher os ingredientes continuamos a escolher outras coisas. Supérfluos pra beliscar. Terminada a compra, vamos para o caixa.
- Deixa que eu pago. Antecipei-me. Imagina, convidada minha pagar alguma coisa. Até por que quem vai pra cozinha é você. Brinquei.
- Tá certo. Eu cozinho mas você lava a louça. Rebateu.
Colocamos tudo no carro e voltamos para a estrada, faltava pouco, em menos de uma hora chegamos a fazenda. O fim de tarde a luz do crepúsculo faz com que a vista da fazenda se torne linda, misteriosa mas aconchegante. Chegamos.
Desço do carro, M também. Logo D. Mirtes vem ao nosso encontro e então a surpresa. M a conhece.
- Boa Noite patrão. Seu Leo ligou cedo dizendo que o senhor tava vindo. M? M minha filha é você mesmo? Diz espantada olhando para M.
Fico sem entender então M olha para D. Mirtes e responde.
- Tia Mirtes! Que surpresa! A senhora tá morando aqui?
Elas se abraçam, visivelmente emocionada M se vira para mim e explica.
- Victor, essa é a irmã da minha mãezinha querida. Não é muita coincidência? Vim com você passar alguns dias e encontro com a Tia Mirtes.
Eu sorrio pois vejo a alegria de M em rever a tia.
- Mundo pequeno né!
Pego nossas bagagens e Ferreira vem me ajudar. Quando ele vê M aquela alegria que M estava sentindo se dobra. Ferreira é o administrador da fazenda do meu irmão, e marido de D. Mirtes.
- Menina! Que surpresa boa, veio nos visitar foi?
- Não Tio. Não sabia que vocês estavam morando aqui. Vim com o Victor passar o feriado. Moramos no mesmo prédio.
- Nossa! Que ótimo. Vejo que você está bem. Não nos vemos desde quando? Acho que a última vez foi no enterro da Maria e do Antonio não é?
- É Tio. É. M abaixa a cabeça e se entristece. Percebo o quanto essa estória ainda mexe com ela.
- Ok! Mas nós viemos aqui pra nos divertir, nada de tristezas, só alegrias, viu. Ferreira que tipo de tio é você que nunca ensinou sua sobrinha a cavalgar? Essa mocinha aí nunca viu nem boi nem cavalo na vida. Acho que galinha pra ela só a do supermercado. Começo a brincar pra ver se o clima pesado vai embora.
- Pois é patrão. Falha grave a minha. Disse Ferreira já pegando as malas.
Entramos na casa principal. M abraçada a D. Mirtes. E eu com as sacolas de compras fui conversando com Ferreira, me inteirando das coisas da fazenda.
Na sala de jantar uma farta mesa está pronta, D. Mirtes é uma excelente cozinheira e preparou um belo lanche para nós.
- Ferreira, por favor leve a mala da M pro quarto de hospedes. Nossa D. Mirtes a senhora caprichou hein! Olhei a mesa posta.
- Gostou patrão? Fiz tudo o que o senhor gosta, se soubesse que era você a visita M teria feito aquele bolo de coco que você adora.
- Ah! D. Mirtes, não se preocupe com o bolo não. A M fez um trato comigo e ela vai fazer. Disse piscando o olho pra M que era só sorrisos, estava feliz em estar ali. E eu também.
- Trato? Que trato?
- Ah Tia! O Victor ficou de me ensinar a montar e a dirigir em troca vou fazer o bolo de coco e aquele macarrão com anchova, lembra?
- Aquele que você aprendeu em São Paulo?
- É esse mesmo. Macarrão a putanesca.
- É D. Mirtes. O nome não ajuda muito mas espero que seja tão gostoso quanto o bolo. Brinquei. Todos rimos.
- Então filha, vai tomar um banho e venha lanchar com o patrão. Disse D. Mirtes.
- Vem, vou mostrar seu quarto. Aqui somos todos uma grande família. Sem luxos.
Disse pegando M pela mão e levando-a para o interior da casa. Mostrei os outros cômodos e quando chegamos ao seu quarto mostrei que o banheiro ficava quase em frente. Que ela ficasse a vontade, como se estivesse na sua própria casa. Ela consentiu e entrou, nos despedimos e fui para o meu que ficava no final do corredor. Retirei as coisas da mala e guardei no armário. Não trouxe muita coisa, já tinha deixado algumas peças de roupa por lá. Assim sempre que possível podia dar a escapada para a fazenda sem me preocupar com bagagem. Meu quarto era uma suíte. Entrei no banheiro e fui tirar a poeira da estrada. Depois volto para a sala e logo M chega. Linda. Calça jeans, camiseta básica branca e um casacão de listras.

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