Começo a cantar,
acompanhando a letra e quando olho para o lado M também tá cantando. Ela
conhece as músicas e vamos assim, numa alegre cantoria pela estrada afora.
Divertindo-nos. Quando chegamos ao mercado, estaciono o carro e saltamos. Pego
um carrinho e sigo M que vai passando entre as fileiras escolhendo os
ingredientes para fazer o tal macarrão e o bolo. Ela vai para a fila dos frios
então eu digo:
- Vou escolher um
vinho pra acompanhar seu macarrão tá bom?
- Tá, mas terá que ser
tinto. Massa, sabe como é.
Concordo com a
cabeça e sigo com o carrinho para a seção de bebidas enquanto ela fica na fila
de frios. Num certo momento uma senhorinha vem até mim e bate levemente em meu
braço.
- Moço!
- Senhora? Penso ser
alguma fã a pedir um autógrafo ou foto.
- Sua esposa tá lhe
chamando.
- Esposa?
Então ela aponta
para M que está na fila olhando em nossa direção. Ao ver que estou olhando para
ela M faz sinal para que fosse até ela. Agradeço a senhorinha e vou ao seu
encontro. Esposa. Ri. Depois de escolher os ingredientes continuamos a escolher
outras coisas. Supérfluos pra beliscar. Terminada a compra, vamos para o caixa.
- Deixa que eu pago.
Antecipei-me. Imagina, convidada minha pagar alguma coisa. Até por que quem vai
pra cozinha é você. Brinquei.
- Tá certo. Eu
cozinho mas você lava a louça. Rebateu.
Colocamos tudo no
carro e voltamos para a estrada, faltava pouco, em menos de uma hora chegamos a
fazenda. O fim de tarde a luz do crepúsculo faz com que a vista da fazenda se
torne linda, misteriosa mas aconchegante. Chegamos.
Desço do carro, M
também. Logo D. Mirtes vem ao nosso encontro e então a surpresa. M a conhece.
- Boa Noite patrão.
Seu Leo ligou cedo dizendo que o senhor tava vindo. M? M minha filha é você
mesmo? Diz espantada olhando para M.
Fico sem entender
então M olha para D. Mirtes e responde.
- Tia Mirtes! Que
surpresa! A senhora tá morando aqui?
Elas se abraçam,
visivelmente emocionada M se vira para mim e explica.
- Victor, essa é a
irmã da minha mãezinha querida. Não é muita coincidência? Vim com você passar
alguns dias e encontro com a Tia Mirtes.
Eu sorrio pois vejo
a alegria de M em rever a tia.
- Mundo pequeno né!
Pego nossas bagagens
e Ferreira vem me ajudar. Quando ele vê M aquela alegria que M estava sentindo
se dobra. Ferreira é o administrador da fazenda do meu irmão, e marido de D.
Mirtes.
- Menina! Que
surpresa boa, veio nos visitar foi?
- Não Tio. Não sabia
que vocês estavam morando aqui. Vim com o Victor passar o feriado. Moramos no
mesmo prédio.
- Nossa! Que ótimo.
Vejo que você está bem. Não nos vemos desde quando? Acho que a última vez foi
no enterro da Maria e do Antonio não é?
- É Tio. É. M abaixa
a cabeça e se entristece. Percebo o quanto essa estória ainda mexe com ela.
- Ok! Mas nós viemos
aqui pra nos divertir, nada de tristezas, só alegrias, viu. Ferreira que tipo
de tio é você que nunca ensinou sua sobrinha a cavalgar? Essa mocinha aí nunca
viu nem boi nem cavalo na vida. Acho que galinha pra ela só a do supermercado.
Começo a brincar pra ver se o clima pesado vai embora.
- Pois é patrão.
Falha grave a minha. Disse Ferreira já pegando as malas.
Entramos na casa
principal. M abraçada a D. Mirtes. E eu com as sacolas de compras fui
conversando com Ferreira, me inteirando das coisas da fazenda.
Na sala de jantar uma farta mesa está pronta, D.
Mirtes é uma excelente cozinheira e preparou um belo lanche para nós.
- Ferreira, por
favor leve a mala da M pro quarto de hospedes. Nossa D. Mirtes a senhora
caprichou hein! Olhei a mesa posta.
- Gostou patrão? Fiz
tudo o que o senhor gosta, se soubesse que era você a visita M teria feito
aquele bolo de coco que você adora.
- Ah! D. Mirtes, não
se preocupe com o bolo não. A M fez um trato comigo e ela vai fazer. Disse
piscando o olho pra M que era só sorrisos, estava feliz em estar ali. E eu
também.
- Trato? Que trato?
- Ah Tia! O Victor
ficou de me ensinar a montar e a dirigir em troca vou fazer o bolo de coco e
aquele macarrão com anchova, lembra?
- Aquele que você
aprendeu em São Paulo?
- É esse mesmo.
Macarrão a putanesca.
- É D. Mirtes. O
nome não ajuda muito mas espero que seja tão gostoso quanto o bolo. Brinquei.
Todos rimos.
- Então filha, vai
tomar um banho e venha lanchar com o patrão. Disse D. Mirtes.
- Vem, vou mostrar
seu quarto. Aqui somos todos uma grande família. Sem luxos.
Disse pegando M pela mão e levando-a para o
interior da casa. Mostrei os outros cômodos e quando chegamos ao seu quarto
mostrei que o banheiro ficava quase em frente. Que ela ficasse a vontade, como
se estivesse na sua própria casa. Ela consentiu e entrou, nos despedimos e fui
para o meu que ficava no final do corredor. Retirei as coisas da mala e guardei
no armário. Não trouxe muita coisa, já tinha deixado algumas peças de roupa por
lá. Assim sempre que possível podia dar a escapada para a fazenda sem me
preocupar com bagagem. Meu quarto era uma suíte. Entrei no banheiro e fui tirar
a poeira da estrada. Depois volto para a sala e logo M chega. Linda. Calça
jeans, camiseta básica branca e um casacão de listras.
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