quarta-feira, 5 de outubro de 2011


No carro...
M conversa com Tuca. Ele tinha sido grosseiro com ela com relação ao seu trabalho. Desde que decidiram assumir um compromisso ele se mostrava cada vez mais egoísta e carrancudo. Negando quase todas as suas vontades além de impor seus desejos.
- Olha, do jeito que estamos não tá dando certo Tuca. Hoje você passou dos limites. Querer que eu abandonasse meu trabalho no meio só porque você não está gostando da música, foi o fim.
- Gata, eu não curto esse tipo de música, já te expliquei. Não faz meu estilo.
- Então por que você aceitou ir comigo? Você sabia que tipo de música iria ter.
- Por que sou seu namorado. Ou não sou? Por falar nisso. O que aquele caipirão chucro quis dizer quando falou que não poderia te dar carona hein? Por acaso a senhora anda pegando carona com vizinho é?
- Ele só queria era se exibir com a Elaine, você não viu? Ela também, me paga. Deixa ela comigo.
- Tá com raivinha é? Não tô gostando disso M. Você quis assumir um compromisso comigo e fica se importando se sua amiga está ou não pegando seu vizinho...
M interrompe Tuca.
- Raivinha? Quem disse que estou com raivinha. Quer saber Tuca, tô cansada e essa discussão não vai nos levar a lugar nenhum. Depois conversamos com mais calma. Boa Noite.
Disse isso já saindo do carro não dando chances a respostas. Estava profundamente irritada com Elaine. Bate a porta do carro do Tuca com força. Ele também não estava colaborando. Ao ouvir o barulho da porta se batendo Tuca fecha os olhos com força. Porra! Meu carro.
M entra no prédio batendo os cascos. Furiosa, a noite tinha tudo para terminar perfeita. Tinha tudo planejado. Sairia do evento com Tuca, iriam a um barzinho comemorar e depois uma noite de amor. Mas não. Deu tudo errado. Primeiro Elaine. Ah! Elaine, essa sim, teria que se explicar. Num dia diz para investir no relacionamento com Tuca, que o Victor é só mais um aproveitador etc e tal. Aí depois fica posando de namorada dele. Mas segunda- feira cobraria explicações. Aff! Ela me paga. Pensa.
Depois dessa maratona supercansativa chego em casa, abro a porta do meu apartamento, acendo a luz da sala, dou a conferida de sempre. Tudo certinho, do jeito que deixei. Vou para meu quarto, deixo a mala num canto, amanhã desfaço ela e coloco as roupas para lavar. Vou ao banheiro, preciso de um banho, bem relaxante. Abro o chuveiro e enquanto a água esquenta tiro minha roupa. Olho no espelho e reparo em meus cabelos. Estão cada vez mais grisalhos. Preciso dar um jeito nisso. Já falam que me visto como um velho, que falo e penso como um velho. Com os cabelos brancos então. Serei realmente um velho e daqueles bem ranzinzas.
Entro no chuveiro e deixo a água levar todo meu cansaço. Termino meu banho, visto uma roupa confortável e vou até a cozinha. Não tenho fome mas preciso comer algo. Não costumo comer nos bastidores desses shows. Tenho que manter a forma então sigo uma dieta balanceada. Abro a porta da geladeira e procuro algo para beliscar. Olho para mesa e vejo um bolo de laranja. Adoro bolos. Resolvo tomar um copo de leite e comer um pedaço do bolo. Simples e leve. Depois de me servir vou até a sala e não resisto, me encaminho para a janela. Será que eles ainda estão lá? Olho e não vejo mais o carro do almofadinha na frente do prédio. Procuro por toda a extensão da rua e não o vejo. É, hoje ela dorme sozinha. Penso. Que nem eu. Volto para a sala, sento e ligo a TV. Não tem nada que preste a essa hora. Fico pulando os canais. Como não encontro nada interessante, desligo a TV, levo meu copo para a cozinha deixando-o dentro da pia. Desligo todas as luzes e vou para meu quarto. Quem sabe consigo dormir logo. Deito mas o sono não vem. Fico me virando na cama. Fecho os olhos e tento não pensar em nada mas a cena da M pendurada no pescoço do almofadinha não me sai da cabeça. Só consigo dormir bem mais tarde.

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