- Oi Victor. Podemos
entrar? Pergunta M.
- Por favor.
Respondo incrédulo.
O que Elaine estava
fazendo ali, no meu apartamento. Elas entram e indico o sofá para que sentem.
Elaine vem em minha direção, segura meu pescoço e me beija a boca. Argh!
Elas se acomodam e
logo M começa a falar.
- Victor, eu nem sei
por onde começar. Estou super sem-graça pelo que aconteceu.
Olho em seus olhos e
sinto como que meu coração quisesse sair pela boca. Sento próximo a ela mas
Elaine que ainda estava em pé senta-se ao meu lado, segurando minhas mãos.
- O que aconteceu M?
Não entendi? Se desculpar por que?
Então Elaine toma as
rédeas da conversa.
- Amor! Ela está se
sentindo culpada, pelo que aconteceu contigo no shopping. Eu disse que você
estava bem.
Olho pra Elaine sem
entender. Amor? Como ela soube do ocorrido? Será que M falou pra ela? Só pode
ser. Solto suas mãos das minhas e me volto pra M que não me encara, só olha
para o chão. Sinto pena. M parece tão frágil, desamparada. Se não fosse a
presença de Elaine ali na sala eu a abraçava igual a noite da tempestade. Queria
protege-la, conforta-la.
- Você não tem que
pedir desculpas por nada M. Sério. Não foi culpa sua.
- Ele não tinha esse
direito Victor.
M não tirava os
olhos do chão enquanto que Elaine voltava a investir sobre mim.
- Peraí Elaine! A
conversa é séria! Digo já irritado com os afagos de Elaine nos meus cabelos.
Quem lhe deu essa liberdade?
- M! M olha pra mim.
Peço.
Ela levanta seus
olhos e noto que estão marejados. Corta-me o coração vê-la assim.
- Você não tem que
se sentir assim. Não foi culpa sua. Repito.
- Mas você acabou
sendo internado. Eu soube. A D. Matilde disse. Respondeu entre soluços.
- Calma M. D. Graça!
Por favor traz um copo d’água pra M. Chamo.
Logo D. Graça vem
pra sala com a água na mão. Vê M sentada no sofá quase chorando e uma outra
moça. Não conhece mas pela intimidade que demonstra ter deve ser a namorada do
patrão. Pensa.
- M minha filha. O
que houve?
- Ela tá assim por causa
da briga com o namorado dela D. Graça. Explico.
Pego o copo da mão
de D. Graça e entrego pra M. Noto que suas mãos tremem. Ela pega o copo toma um
pouco da água e continua.
- Eu tive uma
conversa séria com ele. Disse que ele não tinha o direito de fazer o que fez.
Até brigamos. Terminei tudo.
Terminei tudo. Essas
palavras soaram como música em meus ouvidos. Senti uma invasão inexplicável de felicidade no meu ser.
- M. M olha pra mim.
Eu só fui internado por que já estava machucado. Seu namorado, digo, ex, não me
machucou não. Ele me pegou distraído e devido ao meu problema anterior é que
tive que ser internado. Mas não foi nada sério não. Já estou de alta e até já
voltei a viajar.
Continuamos a
conversar. M aos poucos foi se acalmando. Depois de um tempo consegui
convence-la que não tinha culpa nenhuma mas pra que ela se convencesse disso
aceitei suas desculpas. Sentia uma imensa dor no peito vê-la assim tão triste.
No final da nossa conversa, com ela mais calma ela agradeceu.
- Obrigada Victor,
eu jamais me perdoaria se você não reconhecesse que não fiz de propósito.
- Já falamos M. Você
não teve culpa. Lembre-se disso. Agora é seguir em frente.
- Tá certo. M olha
pra Elaine que está com cara de poucos amigos. Sua conversa com o namorado dela
estava se estendendo por demais então resolveu encerrar o assunto.
- Vou pra casa
agora. Obrigada mais uma vez, por pelo menos me ouvir. Levantou. Vou deixar
vocês namorarem em paz agora.
Namorar? Como assim?
Nãooo! Agora entendi tudo. Elaine não disse que não rolou nada naquele fatídico
dia. Pelo contrário acho até que mentiu sobre nós. Merda!
- Eu tenho um
compromisso terei que sair também.
- Ai! E eu aqui te
atrasando. Voltando a se sentir culpada.
- Tudo bem. Não
estou atrasado não. Tô no horário. Disfarcei olhando o relógio.
Ficar sozinho com
Elaine? Nem pensar! Ainda bem que pensei rápido e inventei essa desculpa.
Elaine percebendo
minha tática é mais rápida ainda.
- Me dá uma carona
então amor?
Ela me chamar de
amor é o fim.
- Infelizmente não
vai dar. Vou pra outro lado, totalmente contramão pra mim. Tento ser educado
mas já cortado suas investidas.
Ela sem ter como
argumentar concorda com a cabeça. Ufa! Escapei novamente. Nos despedimos de M
que vai pra seu apartamento e Elaine aproveita e diz.
- Te levo até o
carro então, querido.
Respiro fundo.
Então me esperem
aqui. Vou pegar os documentos do carro. Vou para o quarto pego os documentos,
minha carteira, chaves e meu celular. Passo na cozinha e me despeço da D.
Graça.
- Tchau D. Graça. Já
estou indo. Até amanhã então. E pisco o olho pra ela que graças a Deus percebe
que estou mentindo e me ajuda.
- Até amanhã Seu
Victor. Fala alto e pisca o olho de volta. Eu só rio. Valeu.
M está na sala com
Elaine me esperando pra sairmos. Abro a porta e deixo que elas saiam primeiro.
Pegamos o elevador e primeiro deixamos M no andar dela. Desço só eu e Elaine.
Mudos. Quando chegamos ao térreo. Despeço-me de Elaine secamente, não gostei da
intimidade que ela quis fingir que tinha comigo. Ela me olha e diz:
- Agora são duas.
- Hein? Volto a
olha-la.
- Você tá me devendo
duas. A primeira foi no dia do show e agora hoje.
Respiro fundo. Tenho
que acabar com isso de uma vez por todas.
- Vem.
- Onde?
- Vou te levar em casa.
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