sábado, 22 de outubro de 2011


- Oi Victor. Podemos entrar? Pergunta M.
- Por favor. Respondo incrédulo.
O que Elaine estava fazendo ali, no meu apartamento. Elas entram e indico o sofá para que sentem. Elaine vem em minha direção, segura meu pescoço e me beija a boca. Argh!
Elas se acomodam e logo M começa a falar.
- Victor, eu nem sei por onde começar. Estou super sem-graça pelo que aconteceu.
Olho em seus olhos e sinto como que meu coração quisesse sair pela boca. Sento próximo a ela mas Elaine que ainda estava em pé senta-se ao meu lado, segurando minhas mãos.
- O que aconteceu M? Não entendi? Se desculpar por que?
Então Elaine toma as rédeas da conversa.
- Amor! Ela está se sentindo culpada, pelo que aconteceu contigo no shopping. Eu disse que você estava bem.
Olho pra Elaine sem entender. Amor? Como ela soube do ocorrido? Será que M falou pra ela? Só pode ser. Solto suas mãos das minhas e me volto pra M que não me encara, só olha para o chão. Sinto pena. M parece tão frágil, desamparada. Se não fosse a presença de Elaine ali na sala eu a abraçava igual a noite da tempestade. Queria protege-la, conforta-la.
- Você não tem que pedir desculpas por nada M. Sério. Não foi culpa sua.
- Ele não tinha esse direito Victor.
M não tirava os olhos do chão enquanto que Elaine voltava a investir sobre mim.
- Peraí Elaine! A conversa é séria! Digo já irritado com os afagos de Elaine nos meus cabelos. Quem lhe deu essa liberdade?
- M! M olha pra mim. Peço.
Ela levanta seus olhos e noto que estão marejados. Corta-me o coração vê-la assim.
- Você não tem que se sentir assim. Não foi culpa sua. Repito.
- Mas você acabou sendo internado. Eu soube. A D. Matilde disse. Respondeu entre soluços.
- Calma M. D. Graça! Por favor traz um copo d’água pra M. Chamo.
Logo D. Graça vem pra sala com a água na mão. Vê M sentada no sofá quase chorando e uma outra moça. Não conhece mas pela intimidade que demonstra ter deve ser a namorada do patrão. Pensa.
- M minha filha. O que houve?
- Ela tá assim por causa da briga com o namorado dela D. Graça. Explico.
Pego o copo da mão de D. Graça e entrego pra M. Noto que suas mãos tremem. Ela pega o copo toma um pouco da água e continua.
- Eu tive uma conversa séria com ele. Disse que ele não tinha o direito de fazer o que fez. Até brigamos. Terminei tudo.
Terminei tudo. Essas palavras soaram como música em meus ouvidos. Senti uma invasão  inexplicável de felicidade no meu ser.
- M. M olha pra mim. Eu só fui internado por que já estava machucado. Seu namorado, digo, ex, não me machucou não. Ele me pegou distraído e devido ao meu problema anterior é que tive que ser internado. Mas não foi nada sério não. Já estou de alta e até já voltei a viajar.
Continuamos a conversar. M aos poucos foi se acalmando. Depois de um tempo consegui convence-la que não tinha culpa nenhuma mas pra que ela se convencesse disso aceitei suas desculpas. Sentia uma imensa dor no peito vê-la assim tão triste. No final da nossa conversa, com ela mais calma ela agradeceu.
- Obrigada Victor, eu jamais me perdoaria se você não reconhecesse que não fiz de propósito.
- Já falamos M. Você não teve culpa. Lembre-se disso. Agora é seguir em frente.
- Tá certo. M olha pra Elaine que está com cara de poucos amigos. Sua conversa com o namorado dela estava se estendendo por demais então resolveu encerrar o assunto.
- Vou pra casa agora. Obrigada mais uma vez, por pelo menos me ouvir. Levantou. Vou deixar vocês namorarem em paz agora.
Namorar? Como assim? Nãooo! Agora entendi tudo. Elaine não disse que não rolou nada naquele fatídico dia. Pelo contrário acho até que mentiu sobre nós. Merda!
- Eu tenho um compromisso terei que sair também.
- Ai! E eu aqui te atrasando. Voltando a se sentir culpada.
- Tudo bem. Não estou atrasado não. Tô no horário. Disfarcei olhando o relógio.
Ficar sozinho com Elaine? Nem pensar! Ainda bem que pensei rápido e inventei essa desculpa.
Elaine percebendo minha tática é mais rápida ainda.
- Me dá uma carona então amor?
Ela me chamar de amor é o fim.
- Infelizmente não vai dar. Vou pra outro lado, totalmente contramão pra mim. Tento ser educado mas já cortado suas investidas.
Ela sem ter como argumentar concorda com a cabeça. Ufa! Escapei novamente. Nos despedimos de M que vai pra seu apartamento e Elaine aproveita e diz.
- Te levo até o carro então, querido.
Respiro fundo.
Então me esperem aqui. Vou pegar os documentos do carro. Vou para o quarto pego os documentos, minha carteira, chaves e meu celular. Passo na cozinha e me despeço da D. Graça.
- Tchau D. Graça. Já estou indo. Até amanhã então. E pisco o olho pra ela que graças a Deus percebe que estou mentindo e me ajuda.
- Até amanhã Seu Victor. Fala alto e pisca o olho de volta. Eu só rio. Valeu.
M está na sala com Elaine me esperando pra sairmos. Abro a porta e deixo que elas saiam primeiro. Pegamos o elevador e primeiro deixamos M no andar dela. Desço só eu e Elaine. Mudos. Quando chegamos ao térreo. Despeço-me de Elaine secamente, não gostei da intimidade que ela quis fingir que tinha comigo. Ela me olha e diz:
- Agora são duas.
- Hein? Volto a olha-la.
- Você tá me devendo duas. A primeira foi no dia do show e agora hoje.
Respiro fundo. Tenho que acabar com isso de uma vez por todas.
- Vem.
- Onde?
- Vou te levar em casa.

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