Sou atendido prontamente por todos. Meu irmão me pega e me
levanta com todo o cuidado. Grito novamente ao tentar me esticar. Acho que
distendi algum músculo. Me levam para um carro da produção e vamos
imediatamente para uma emergência de hospital. Dou entrada todo torto, não
consigo ficar de pé de tanta dor. Logo vem um médico me atender. Conversa com o
meu empresário e com meu irmão. Sinto tanta dor, mas tanta dor que mal consigo
falar, algumas lágrimas caem dos meus olhos. O médico me examina e é
catedrático. Distenção do músculo que liga a coluna dorsal à escápula. Hein?
Não entendi nada só sei que tá doendo e muito. Ele faz mais algumas perguntas e
passa uma medicação. Então vem a má notícia. Terei que ficar parado, sem poder
tocar por pelo menos uma semana.
- Mas Doutor temos show amanhã. Não tem como ele tocar? Sei
lá aplica algum remédio. Os outros até podemos cancelar mas o de amanhã tá
muito em cima não dá. Questiona meu empresário.
Eu não presto atenção a nada a dor me tira completamente a
noção das coisas. O médico olha para mim, respira fundo e responde.
- Bom ... posso passar uma medicação injetável, é mais forte.
Mas ele terá que fazer uma seção de massagem terapêutica amanhã pela manhã.
Compressas de gelo e água quente alternadas também podem aliviar. Mas depois
repouso caso contrário a coisa pode agravar, ainda bem que vocês o trouxeram
logo e não insistiram em continuar a jogar.
Eu só balanço a cabeça negativamente. Injeção não. DETESTO
injeções. Mas sou ignorado no meu suplicio.
Mesmo contra minha vontade tomo a injeção. Preferia mil
vezes ficar de molho a tomar injeção mas fazer o quê né. Voto vencido novamente.
Quando recebi alta da emergência reconheço que estava melhor. Mas ainda sentia
muita dor. O médico nos indicou uma clinica e uma massoterapeuta que ele
conhecia, especialista nesses casos. Meu empresário tomou nota do endereço e
o nome da especialista. E prometeu que me levaria assim que amanhecesse. Fomos
para o hotel, algumas fãs nos aguardavam mas devido ao meu estado entramos pela
garagem e não paramos para falar com elas. Lamentável mas necessário.
Vou para o meu quarto. Meu irmão me ajuda a trocar de roupa
e a deitar. A dor tinha diminuído, e muito. Bendita injeção. Acho que a
medicação me anestesiou um pouco também pois logo depois apaguei e só acordei
no dia seguinte com o meu empresário e o Leo ao meu lado. Consigo esticar meu
corpo mas não muito. Tomamos um breve café, no quarto mesmo. Meu empresário
já tinha ligado para a tal clinica e conseguido uma vaga para logo cedo. Sai do
hotel amparado pelos dois mas pude perceber a tensão e preocupação comigo nos
olhos de todos. Fomos para a tal clínica. Chegando lá Leo vê tudo junto a
recepção enquanto que o meu empresário fica ao meu lado. Depois de toda
papelada preenchida meu irmão se junta a nós. Diversas pessoas estão na
recepção. Algumas nem se diz que tem algum problema, sorriem e conversam
animadamente. Eu. Bom caro leitor eu sem dor já sou caladão com dor então...
Logo ouço comentários. Dizem que um tal de Jorge tem mãos
mágicas. Opera verdadeiros milagres. Olho pro meu irmão. Não gostei. Logo uma
paciente é chamada, a mesma que fez tal comentário. Vejo então quem é esse
Jorge. Um negão do tipo armário duplex, 2X4 mas 5 de ignorância. Olho para o meu empresário que ri.
- Calma Cinderela de porcelana. Sua massoterapeuta se chama
Dulce e não Jorge. Mas pode ser um belo de um traveco.
Diz rindo na minha cara. Ah! Se eu não estivesse nesse
estado. Ele me pagava pela gracinha. Ouço meu nome. Sou então encaminhado para
dentro da clinica, sozinho. Não permitem acompanhantes. O Leo me cumprimenta.
- Vai lá. Se cuida!
Tadinho. Ele era só preocupação comigo.
Vou para uma sala onde tem uma mesa, estreita e com um
buraco na cabeceira. Estranho muito, a atendente que me levou mostra um
provador. Pede para que eu tire toda a roupa ficando somente com a roupa íntima
e me entrega uma toalha branca. Entro no provador e com uma certa dificuldade
faço o que me pede. Ela aguarda do lado de fora. Séria, nem um sorrisinho pra
me fazer relaxar. Profissional. Gostei. Termino de tirar a roupa e me enrolo na
toalha que ela me deu. Saio bastante encabulado. Ela finge não perceber. Me
orienta a deitar na cama. Olha minha ficha e diz.
-
Por favor, de bruços.
Ela me ajuda pois ainda sinto dores. Depois disso ela só
responde.
-
Por favor aguarde que a massoterapeuta já vem.
Sinto alguém entrar mas como estou com a cara no tal buraco
não consigo ver quem é. Só ouço uma voz feminina dizer.
-
Bom dia!
Por um breve instante parece familiar. Não sei, deve
ser a dor, o efeito da medicação já estava passando.
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