Vou até a sala e
sento nas almofadas em frente ao som. Pego os cds e fico buscando algo
divertido. Mas tá difícil, afinal costumamos ter cds de músicas calmas pois em
casa gostamos de relaxar. Fico ali um bom tempo. quando finalmente encontro
algo que pode alegrar esse dia preguiçoso. Quem comprou esse cd? Me pergunto.
Enfim, dou uma conferida no repertório e decido por ele mesmo é alegre e dá pra
dançar, se for o caso. Falamansa. Não é uma tarantela mas é um forrózinho dos
bons.
Coloco o cd e
aumento o som. Começa então aquele ritmo gostoso e vou para a cozinha. M está
rindo e conversando com D. Mirtes. Entro na cozinha e pergunto.
- Tá bom esse?
- Tá ótimo.
Forrózinho bão. Brinca M.
Tiro M pra dançar e
ficamos brincando de dançar forró no meio da cozinha. Sob os olhares alegres de
D. Mirtes. Assim que a primeira música termina M foge dos meus braços.
- Deixa eu começar
os preparativos do macarrão senão esse almoço não sai hoje.
Fico triste, tava me
divertindo, não sou muito de dançar mas a música é contagiante e M uma ótima
partner. Sento a mesa e ficamos ali conversando enquanto M prepara seu macarrão
sei lá o quê. Ela separa os tomates e coloca na água quente para poder fazer um
molho. Vai separando os ingredientes, e aos poucos vai montando a macarronada.
Ficamos ali naquele clima gostoso, familiar, curtindo a música e nem nos damos
conta da hora que passa voando. Depois que tá tudo na panela parece que o
cheiro toma conta da cozinha.
- Hum! O cheirinho é
bom!
- E o gosto é melhor
ainda. Rebate M. Junto ao fogão.
D. Mirtes fica ali,
mas M dispensa sua ajuda. É impressionante a desenvoltura de M na cozinha. Pelo
visto aprendeu tudo com sua mãe de criação.
- M onde você
aprendeu a fazer esse macarrão... como é mesmo o nome?
- Putanesca.
Respondeu rindo.
- Pu-ta-nes-ca! Quase
que soletrei a palavra. Brincando.
- Isso. Eu fui fazer
um curso de férias em São Paulo, e no albergue que fiquei tinha uns italianos
que me ensinaram a fazer.
Italianos. Não
gostei, confesso que fiquei enciumado. Em pensar que M ficou em uma casa com italianos...
logo italianos que tem fama de conquistadores. Não quero nem pensar.
- Me esclarece uma
coisa, então.
- Diga.
- Porque esse nome
no macarrão? Provoco.
M ri e sinto que D.
Mirtes fica sem graça. Então M começa a explicar.
- Existem duas
versões para esse nome. Uma é que uma mulher que traia o marido todas as tardes
e chegava atrasada para preparar o jantar dele criou esse prato fácil e rápido
para quando ele chegasse do trabalho não desconfiasse de nada.
- Safada!
Argumentei.
M soltou uma sonora gargalhada.
- Esperta isso sim.
Brincou.
D. Mirtes não sabia
onde enfiar a cara tamanha era a sua vergonha.
- A outra é pior.
Riu.
- Pior? Não acredito
que tenha algo pior que isso. Não gosto nem de imaginar. Provoco.
- Dizem que esse
molho foi criado em Nápoles e que o nome é devido às prostitutas da cidade que
criaram esse prato pois por ser rápido de fazer dava tempo de prepara-lo entre
um cliente e outro.
M terminou a
explicação se acabando de rir. D. Mirtes disfarçou e pegou a louça e foi para a
sala colocar a mesa. Muda. Assim que ela nos deixa a sós, falo.
- D. Mirtes ficou
sem graça.
- Ela sempre fica quando alguém pergunta sobre o
nome do macarrão. Mas é gostoso, você vai ver.
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