terça-feira, 29 de novembro de 2011

Na hora do almoço Elaine saiu batida, passou em casa e pegou os originais que guardava em um cofre em seu quarto e seguiu direto para a Delegacia de Tráfico e Entorpecentes. Pediu para falar com o delegado. Queria fazer uma denuncia. Demorou mais de uma hora para entregar completamente o trabalho de Tuca. No seu dossiê tinham nomes, endereços e uma série de informações que faziam parte do esquema de tráfico da Grande Uberlândia. Nomes de compradores, vendedores, traficantes e subornados (policiais e políticos). O delegado se espantou quando viu o conteúdo. Estavam no encalço do Tuca a mais de 2 anos mas ainda faltavam informações que eram sempre travadas por um poder superior. Ele sabia que tinha peixe graúdo nesse negócio e agora tinha todas as provas que faltavam. Agradeceu a Elaine que pediu para não se identificada, afinal não podia correr riscos. Na verdade Elaine “roubou” esse dossiê de um deputado estadual da cidade e com quem tivera um envolvimento amoroso. Queria se vingar do deputado que só a usou para se divertir, nada mais do que um passatempo, pois nunca abandonou a esposa como sempre prometera. Elaine voltou para o trabalho e deu uma desculpa esfarrapada para seu atraso. Seu chefe já estava de olho em Elaine, pois a mesma estava sempre aprontando, mas como funcionária pública não era assim tão fácil adverti-la. Assim passou o dia na repartição.
Quando Elaine saiu da delegacia o delegado titular rapidamente aprontou uma batida policial. Falou com o Juiz da comarca e conseguiu diversos alvarás de prisão para os então suspeitos. Conseguiu reforços em diversas delegacias. Todos estavam ansiosos para pegar o grupo de traficantes que comandavam a região e não houve recusas em ceder equipamentos e homens das outras delegacias. Porém, em uma delas um agente duplo ao ficar sabendo do que estava para estourar, disfarçou e foi para o pátio de sua delegacia  ligando imediatamente para Tuca.
- Fala Andrade! A essa hora? Tá precisando de quanto, camarada? Pergunta Tuca todo solicito.
- Cara! Ferrou tudo, entregaram todo o esquema. Se manda! Tão indo agora a tarde atrás de você. Caiu geral! A casa caiu. Vaza! Alertou o X9.
Assim que desligou o telefone Tuca entendeu quem o havia denunciado. Elaine. Aquela piranha iria pagar. Com a vida! Tuca sai correndo pela casa. Destruindo todas as possíveis provas, pega uma mochila, enche de dinheiro, algumas mudas de roupa e fecha a porta. Afasta-se batido da sua casa. Pega seu carrão e sai cantando pneu.
- Elaine! Sua Puta! Você vai ver, quem mandou bancar a espertinha. Você vai ver quem é o Tuca do pó! Esbravejou assim que saiu de casa.
Já era fim do dia, a policia bateu na casa de Tuca mas não o encontrou. Viu diversos papéis espalhados pela casa. O delegado titular tinha ido pessoalmente pegar o cabeça do grupo mas foi em vão. Ele havia escapado, mais uma vez. Era a 5a vez que Tuca do pó conseguia fugir de um cerco policial. Enquanto isso M se prepara para sair do trabalho. Ligo para ela, sem ao menos imaginar o turbilhão que iríamos ter em nossas vidas.
- Oi meu amor!
- Oi querido. Já tô saindo.
- Vou me atrasar só um pouquinho. Você me espera?
- Claro! Quanto tempo?
- Uns 15 minutinhos somente. Tô saindo agora da produtora. Tudo bem?
- Tá então vou te esperar lá embaixo. Assim você não precisa estacionar ok?
- Ok. Um beijo e muita saudade já.
- Eu também meu amor. Eu também. Te amo!
- Também te amo. Desligo o telefone e dou partida no carro indo de encontro ao caos que se tornaria nossas vidas.
M desliga o celular e sai da repartição se despedindo de todos. Como de costume. Não sabia que essa seria uma dos seus últimos momentos de paz.
Assim que chega na rua M fica em frente a banca de jornais, enrolando para minha chegada. Elaine desce e logo em seguida escuta-se um carro freando fortemente. Era Tuca. Ele desce do carro em cólera. Empunhando uma arma e gritando indo em direção a Elaine.
- Você pensou que iria sair ilesa é sua piranha!
M então reconhece a voz de Tuca e se volta para ver o que estava acontecendo e a cena é aterrorizante. Tuca segura Elaine pelos cabelos arrastando-a para o meio fio. Então um estampido e Elaine cai no chão. Ao ver a cena, todos começam a correr e M grita:
- Tuca!
Ele se vira e vê que M está ali, vendo tudo. Escuta-se então a sirene da policia e mais alguns tiros tornando a rua um caos de pessoas correndo. Tuca olha em direção ao trânsito e vê ao longe o carro da polícia. Pega M pelos braços e a arrasta para dentro do seu carro empurrando-a para dentro mesmo sobre seus protestos arrancando em seguida.

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