Continuamos nossa
viagem de volta entre brincadeiras e palhaçadas. Preferi assim, não gostei de
ver M tão triste ao contar sua estória sobre seus pais. Fiquei chocado, como
duas pessoas conseguem fazer isso com uma criança, coloca-la no mundo e como
não era do jeito que queriam entregam-la a própria sorte. Acho que é por isso
que ainda não me casei. Quero casar, ter filhos, e tal. Mas primeiro quero
encontrar a pessoa certa. Aquela que vai me completar e aí sim poderei dar todo
meu amor a um filho independente de como ele seja. Chegamos a fazenda com as
nuvens já cobrindo todo o céu. D. Mirtes estava na varanda preocupada.
- Graças a Deus
vocês chegaram, tava preocupada com essa chuva que tá se armando.
- É eu vi D. Mirtes.
Por isso que voltamos cedo.
- E aí? Como foi a
pescaria?
Olhei para M que
sorriu para mim.
- O Victor pegou um
peixão tia. Ele é quem vai fazer o jantar hoje. Né? Perguntou sorrindo para
mim.
Eu simplesmente
concordei com a cabeça rindo com gosto. Ela realmente foi generosa comigo.
Retirei tudo da carroça, Ferreira me ajudou enquanto que M entrou com D. Mirtes
e foi tomar seu banho.
Deixei as coisas na cozinha, a caixa com os
peixes e a cesta com o resto do nosso “piquenique” e fui tomar um banho também. Depois do banho fui para a cozinha e
assumi o comando. Tinha brincado com M mas minha estadia tanto em BH como em
São Paulo, morando sozinho, descobri uma outra faceta minha, a cozinha, não sou
fã de cozinhar, mas admito que aprendi algumas coisinhas. Bom para impressionar
namoradas. Primeiro peguei a tilápia e dei uma fritada com alho para que
pudéssemos “beliscar” enquanto o dourado não ficava pronto.
Depois disso peguei
a folha da bananeira, lavei bem lavadinha na pia e coloquei o dourado da M em
cima e fui preparar os temperos. Logo M veio pra cozinha.
- Hum! Cheirinho bom
de peixe. Cadê a tia?
- Foi pra casa dela.
Dispensei seus serviços hoje, o jantar é por minha conta esqueceu?
M riu.
- Tem certeza? Se
quiser posso fazer. Disse já zombando de mim.
- Não senhora. Pode
ficar sentadinha aí onde está e vê se aprende a receita viu. Ah! Toma. Disse
colocando a tilápia frita em cima da mesa.
- Para abrir o
apetite enquanto que o prato principal não fica pronto. Belisquei um pedaço.
M olhou a tilápia
frita e riu com gosto.
- É até que esse
bichinho brabo teve alguma serventia né!
Ficamos ali na
cozinha conversando enquanto que eu preparava o dourado. De repente ouvimos um
estrondo. Era a chuva se anunciando. Logo vieram os raios e mais trovões. Então
água. Chuva forte. Olhei para M.
- Escapamos por
pouco.
- É verdade.
Depois de pronto
coloquei no forno. Para completar fiz um arroz branquinho e uma saladinha
básica.
- Me ajuda com a
mesa? Perguntei a M.
- Claro!
Pegamos talheres,
pratos, copos. Tudo que precisaríamos para comer. E fomos juntos colocar a
mesa.
Ficamos sentados
conversando enquanto o peixe não ficava pronto. Depois de um tempo começamos a
sentir um cheirinho maravilhoso.
- Acho que já tá
bom. Advertiu M.
- É desconfio que
sim. Vou ver. Disse me levantando da mesa. M fez menção de se levantar também.
Então emendei. A senhorita fica quietinha aí. Não vem dar pitaco na minha
cozinha não. Brinquei.
- Sim senhor. Mas se
tiver queimado avisa, tô com fome e faço algo rapidinho pra nós.
Fiz uma careta e
mostrei a língua para ela.
- Ô Victor!
Eu voltei.
- Fala.
- Precisa mostrar a
língua não. Eu sei que você tem. Disse brincando.
Eu só ri e fui ver o
peixe que por sinal estava no ponto. Desmanchando de tão bom. Tirei do forno,
abri com cuidado a folha da bananeira por causa do vapor. Coloquei na travessa
e enfeitei com umas batatas coradas e brócolis. Pequei a travessa do arroz que
já estava separada e a salada e levando para a mesa. Voltei peguei a jarra de
suco da geladeira e levei também.
- Tá pronto?
Perguntou M.
- Tá sim. Já trago.
Quando venho com a
travessa do peixe, M se levanta para ver. Ela é curiosa, como eu.
- Nossa. Que
capricho. Só quero ver se tá tão bom quanto tá de bonito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário