sexta-feira, 4 de novembro de 2011


Continuamos nossa viagem de volta entre brincadeiras e palhaçadas. Preferi assim, não gostei de ver M tão triste ao contar sua estória sobre seus pais. Fiquei chocado, como duas pessoas conseguem fazer isso com uma criança, coloca-la no mundo e como não era do jeito que queriam entregam-la a própria sorte. Acho que é por isso que ainda não me casei. Quero casar, ter filhos, e tal. Mas primeiro quero encontrar a pessoa certa. Aquela que vai me completar e aí sim poderei dar todo meu amor a um filho independente de como ele seja. Chegamos a fazenda com as nuvens já cobrindo todo o céu. D. Mirtes estava na varanda preocupada.
- Graças a Deus vocês chegaram, tava preocupada com essa chuva que tá se armando.
- É eu vi D. Mirtes. Por isso que voltamos cedo.
- E aí? Como foi a pescaria?
Olhei para M que sorriu para mim.
- O Victor pegou um peixão tia. Ele é quem vai fazer o jantar hoje. Né? Perguntou sorrindo para mim.
Eu simplesmente concordei com a cabeça rindo com gosto. Ela realmente foi generosa comigo. Retirei tudo da carroça, Ferreira me ajudou enquanto que M entrou com D. Mirtes e foi tomar seu banho.
Deixei as coisas na cozinha, a caixa com os peixes e a cesta com o resto do nosso “piquenique”  e fui tomar um banho também. Depois do banho fui para a cozinha e assumi o comando. Tinha brincado com M mas minha estadia tanto em BH como em São Paulo, morando sozinho, descobri uma outra faceta minha, a cozinha, não sou fã de cozinhar, mas admito que aprendi algumas coisinhas. Bom para impressionar namoradas. Primeiro peguei a tilápia e dei uma fritada com alho para que pudéssemos “beliscar” enquanto o dourado não ficava pronto. 


 

Depois disso peguei a folha da bananeira, lavei bem lavadinha na pia e coloquei o dourado da M em cima e fui preparar os temperos. Logo M veio pra cozinha.
- Hum! Cheirinho bom de peixe. Cadê a tia?
- Foi pra casa dela. Dispensei seus serviços hoje, o jantar é por minha conta esqueceu?
M riu.
- Tem certeza? Se quiser posso fazer. Disse já zombando de mim.
- Não senhora. Pode ficar sentadinha aí onde está e vê se aprende a receita viu. Ah! Toma. Disse colocando a tilápia frita em cima da mesa.
- Para abrir o apetite enquanto que o prato principal não fica pronto. Belisquei um pedaço.
M olhou a tilápia frita e riu com gosto.
- É até que esse bichinho brabo teve alguma serventia né!
Ficamos ali na cozinha conversando enquanto que eu preparava o dourado. De repente ouvimos um estrondo. Era a chuva se anunciando. Logo vieram os raios e mais trovões. Então água. Chuva forte. Olhei para M.
- Escapamos por pouco.
- É verdade.
Depois de pronto coloquei no forno. Para completar fiz um arroz branquinho e uma saladinha básica.
- Me ajuda com a mesa? Perguntei a M.
- Claro!
Pegamos talheres, pratos, copos. Tudo que precisaríamos para comer. E fomos juntos colocar a mesa.
Ficamos sentados conversando enquanto o peixe não ficava pronto. Depois de um tempo começamos a sentir um cheirinho maravilhoso.
- Acho que já tá bom. Advertiu M.
- É desconfio que sim. Vou ver. Disse me levantando da mesa. M fez menção de se levantar também. Então emendei. A senhorita fica quietinha aí. Não vem dar pitaco na minha cozinha não. Brinquei.
- Sim senhor. Mas se tiver queimado avisa, tô com fome e faço algo rapidinho pra nós.
Fiz uma careta e mostrei a língua para ela.
- Ô Victor!
Eu voltei.
- Fala.
- Precisa mostrar a língua não. Eu sei que você tem. Disse brincando.
Eu só ri e fui ver o peixe que por sinal estava no ponto. Desmanchando de tão bom. Tirei do forno, abri com cuidado a folha da bananeira por causa do vapor. Coloquei na travessa e enfeitei com umas batatas coradas e brócolis. Pequei a travessa do arroz que já estava separada e a salada e levando para a mesa. Voltei peguei a jarra de suco da geladeira e levei também.
- Tá pronto? Perguntou M.
- Tá sim. Já trago.
Quando venho com a travessa do peixe, M se levanta para ver. Ela é curiosa, como eu.
- Nossa. Que capricho. Só quero ver se tá tão bom quanto tá de bonito.

 

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