terça-feira, 15 de novembro de 2011


Na manhã da sexta-feira embarcamos cedo rumo a Cidade Maravilhosa. Linda mas um mercado difícil para nós sertanejos afinal lá é o berço do samba. No aeroporto mesmo pegamos um helicóptero que iria nos levar a Angra dos Reis, litoral sul do estado. Dizem que tem praias lindas e água cristalina, ainda não conheço Angra mas tenho muita curiosidade de ir pra lá. Quem sabe não me inspira a compor belas canções. Chegamos ao hotel e então a desagradável notícia. O filho da Claudinha passou mal durante a noite então ela ficou em São Paulo cuidado do filho, gravação cancelada. O Leo aproveitou e deu meia volta, seu filho ainda não estava totalmente bem, e voltou pra Uberlândia. Como acabamos ficando com o final de semana livre aproveitei e fiquei por lá mesmo. Afinal não era sempre que tinha essas folgas. Levei minhas coisas para o quarto e desci, resolvi dar uma volta pelo hotel, fui até a piscina. Sento em uma das mesas, na sombra, peço um suco e fico por ali olhando o movimento então tenho uma bela visão. Uma mulher linda, de porte elegante, saia da piscina. Seu biquíni branco realça ainda mais seu bronzeado. 


Ela se enxuga e olha para mim, me dá um sorriso, simples e educado. Senta-se na espreguiçadeira, coloca seus óculos escuros e deita para tomar sol. Fico observando-a. Uma morena clara, cabelos lisos na altura dos ombros. Pernas torneadas. Corpo definido, mas não de quem malha, uma mulher elegante até nos gestos. Sem perceber o gerente do hotel chega junto a mim.
- Com licença?
Estava tão absorto na observação da morena que não ouço.
- Com licença senhor? Repete.
- Hã! Sim. Pois não?
- Meu nome é Ricardo e sou o gerente geral do hotel. Poderia dar uma palavrinha com o senhor?
- Claro!
Faço menção para que se sente, indicando a cadeira em frente. Ele puxa a cadeira e se senta.
- Prometo que não vou perturba-lo demais com a minha presença mas gostaria de lhe fazer uma proposta.
- Proposta? Como assim?
- O senhor veio até aqui para fazer uma gravação com a cantora Claudia Leitte correto?
- Sim, mas foi cancelado. Como o senhor mesmo deve estar sabendo.
Ele confirma com a cabeça e continua.
- Exato. É que hoje à noite teremos um pequeno Lual para os hospedes do hotel. Teremos um grupo local muito bom tocando mas eu gostaria de lhe propor uma troca.
- Uma troca? Qual?
- Em troca da sua estadia completa nesse final de semana aqui no hotel será que o senhor poderia dar uma pequena canja no nosso Lual? Umas três musicas apenas tá bom.
- Três músicas pela estadia completa?
- Exatamente. Não mais do que isso.
Não era um mau negócio. Afinal estava sem fazer nada mesmo e estava com o meu violão no quarto.
- Negócio fechado!
Estiquei minha mão pra apertar a sua. Ele agradece e sai discretamente, liberando assim novamente minha bela vista.
Só que quando olho ela já está entrando no hall do hotel, tinha ido embora. Pena! Fico mais um tempo por ali como não tem mais nada de interessante, levanto e vou dar umas voltas. Chego ao pequeno atracadouro, onde alguns iates estão ancorados. Vejo um belo iate, o último, na parte mais externa da pequena baia. Belíssimo e chamava a atenção por sua imponência.

Paro um dos funcionários e pergunto sobre o barco.
- Pertence à Senhorita Rodrigues. Uma alta executiva de uma multinacional. Ela tá hospedada no hotel. Responde e se vai retomando seus afazeres.
Fico mais um pouco ali. Observando o mar de Angra. Lindo mesmo. Olho novamente o iate e me vem na lembrança a bela morena da piscina. Então rio sozinho. Pensei besteiras.
Resolvo voltar para o meu quarto, descansar um pouco afinal aceitei o convite pra tocar mais tarde então tinha que estar descansado. Passei antes pela recepção do hotel e confirmei o horário do Lual. Almocei no quarto mesmo e o resto da tarde dormi. Por volta das 8 da noite acordei, tomei um belo banho pra espantar a preguiça e desci pra jantar. O restaurante estava relativamente cheio, percebo que algumas pessoas me reconhecem mas não me abordam. Olho buscando uma mesa livre e encontro uma não no centro mas também não era escondida. Sento e pego o menu. O garçom vem e faço meu pedido. Assim que ele se vai vejo a morena elegante entrar no restaurante, sozinha. Bom sinal. Uma mulher linda assim jantando sozinha era sinal que não veio acompanhada de ninguém. Quem sabe podemos nos conhecer. Ela me vê e me reconhece. Sorri para mim. Então o maitre a aborda e a encaminha para uma outra mesa. Acompanho com o olhar, vejo que tem um grupo de pessoas sentadas numa mesa. Pelo jeito como se comportam noto que são executivos. Ela cumprimenta a todos e se senta com eles. São vários homens e somente ela de mulher. Fico curioso mas é melhor manter a discrição nesse caso.
Vem o meu jantar, faço minha refeição de forma calma e tranqüila, vez por outra olho para a mesa da morena em alguns momentos ela está a olhar para mim. Pelo menos na minha direção. Termino meu jantar levanto e saio do restaurante. Ela? Ela continuou lá numa conversa bastante dinâmica com seus conviveres. Penso em dar uma volta, aproveitar o clima gostoso da noite. Ainda no hall do hotel encontro com o gerente. O mesmo que me abordou na piscina. Ele vem sorridente.
- Tá tudo pronto pro Lual gostaria de ver? Me convida.
Concordo com a cabeça então vamos para a piscina do hotel. Toda iluminada, e um pequeno palco num dos lados. Vários colares de flores, algumas tochas acesas, tudo de muito bom gosto.


- Posso pedir uma gentileza? Pergunto.
- Sim senhor.
- Seria possível alguém me chamar quando for a hora? Digo, no meu quarto. Prefiro ficar lá, concentrado.
- Claro! Pode ficar tranqüilo.
Me despeço do gerente e volto para o meu quarto. Achei melhor, no meu canto, assim não seria abordado antes da hora e limitaria minha participação somente as 3 músicas combinadas. No horário previsto o telefone do meu quarto toca. É o gerente me avisando que em no máximo meia hora o Lual teria seu inicio. Olho o relógio digital na mesinha de cabeceira, são 22:00. Pego meu violão e desço pra ver o clima do local. Ao chegar na piscina um dos funcionários do hotel vem até mim e se oferece a guardar meu violão. Melhor assim, mais discrição. Olho em volta a procura de algum rosto conhecido então lá está ela. Acompanhada dos mesmos homens que vi há poucas horas no restaurante. Procuro me sentar próximo a eles. Vejo que conversam sobre negócios. Linda e elegante como jamais vi mulher alguma.
Então o gerente aparece no pequeno palco. Agradece a presença de todos e anuncia a atração da noite. Não cita meu nome. Ele resolveu deixar pra me chamar no momento correto assim não desviava a atenção do grupo que estaria se apresentando. Ótimo, quem sabe teria chances de conversar com a morena. A festa estava bastante animada, algumas pessoas dançavam próximo ao palco enquanto que outras saboreavam drinks coloridos que eram servidos a todo instante. Preferi ficar no suco de abacaxi.
Vejo que a morena não vai sair daquela conversa chata tão cedo então resolvo dar uma volta pelo ambiente. Sentir o público afinal iria me apresentar também, é importante sabermos o que o público quer ouvir. A todo instante volto a olhar na direção da minha morena que também está a me olhar. Às vezes balança a cabeça positivamente, como que concordando com que um dos seus acompanhantes fala, outras, só sorria para mim. Resolvo me sentar novamente, só que dessa vez numa posição em que fico de frente para ela. Quero muito conhecer essa mulher então resolvo ir a luta. Sento em uma mesa próxima a sua só que de costas para o palco e de frente para ela. Encaro-a insistentemente.

 

Ela me olha, sinto que ficou perturbada com minha atitude. Fico assim encarando-a por algum tempo então o gerente vem em minha direção. Está na minha hora. Ele me cumprimenta e me leva até próximo do pequeno palco. A morena vê que eu sou levado para longe, se despede dos seus acompanhantes e vem atrás de mim. Recebo meu violão. Dou uma conferida pra ver se não o machucaram e como está a afinação então ouço uma voz suave.
- Vai tocar?

 

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