Sirvo minha
convidada e espero ela provar. M me olha, sinto que é um olhar sapeca. Me
preparo para a brincadeira. Ela se benze e pega um pedaço do peixe e corta. Ela
olha novamente para mim e diz:
- Vou provar
primeiro o arroz. Para ver se salva.
Faço uma careta e
começo a me servir.
- Hum. Pelo menos o
arroz tá com gosto de arroz. Zomba.
Ela então pega um
pedaço do peixe. Cheira. Prova com a ponta da língua e balança a cabeça como se
estivesse em dúvida. Não me agüento e começo a rir. Ela então come. Mastiga,
engole e faz uma careta.
- Nossa! Victor!
- Que foi? Tá ruim?
Fala sério. Eu fiz tudo certinho, nem vem que não tem.
- Tá horrível!
- Horrível? Como
horrível? Provo então o peixe, que está perfeito e ela imediatamente emenda.
- Tá horrível de
bom. Diz rindo de forma maravilhosa. Já pode casar. Pelo menos peixe você sabe
fazer. Tudo bem que nem só de peixe vive o homem. Brinca.
Caio na gargalhada e
passamos mais uma noite incrível, esse feriadão sem viagens tá cada vez melhor.
Terminamos o jantar, juntamos toda a louça suja e levamos para a cozinha. M se
prontifica a lavar, mas novamente não deixo.
- Já disse que não
quero você dando pitaco na minha cozinha. Pode sair daí.
Disse puxando-a pela
cintura. E fazendo com que ela se sentasse a mesa. Lavei e sequei tudo
guardando o que usamos e deixando a cozinha arrumada.
Voltei com M para a
sala. Ficamos ali conversando. Resolvo colocar uma música para ouvir, relaxar.
Sento no chão, perto do aparelho de som. Temos várias almofadas espalhadas por
ali pois meu sobrinho adora ficar deitado ouvindo música. Escolho alguns cds.
- M. Senta aqui, me
ajuda a escolher algo para ouvirmos.
M vem e senta ao meu
lado e fica olhando os cds que separei.
- Ah! Coloca esse
aqui. Adoro Bethânia.
Coloco o cd no aparelho e começamos a ouvir
deitamos nas almofadas e M se aconchega ao meu lado. Ficamos ali curtindo a
música, calados e relaxados.
Ficamos tão a
vontade que fecho meus olhos pra curtir aquele momento. O barulho fraco da
chuva que já estava mais calma começa a embalar nossa noite. Cansados do dia de
pescaria e banho de rio. Relaxo completamente. Começo então a acariciar os
cabelos de M que se aconchega em meus braços. Acabamos adormecendo no chão da
sala, embalados pela bela voz de Bethânia. Acordo no meio da noite. O cd já
tinha acabado. Olho para o lado e vejo M num sono tranqüilo. Sinto pena de me
mexer mas se ficarmos ali com certeza não conseguiríamos levantar no dia
seguinte. Levanto meu braço com cuidado. M se mexe deixando-o livre mas não
acorda. Olho para ela. O sono nos torna tão expostos, tão livres de armaduras,
sem proteção, completamente entregues. Respiro fundo. Me viro e fico ali
admirando-a por mais algum tempo. tomo coragem e começo a acariciar seu rosto.
Sinto um forte desejo de beija-la. Chego bem perto de seus lábios, ofegante.
Começo a roçar meus lábios nos seus então ela se mexe. Me afasto
automaticamente. Aos poucos M abre os olhos, preguiçosamente. Olha para mim e
sorri então vira o rosto para a almofada escondendo-o, encabulada.
- Não me olha assim.
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