M para em frente a sua porta com um sorriso largo no rosto. Ela custava a acreditar no que tinha acontecido. Tinha beijado o Victor Chaves. Nossa aquele homem lindo, que cantava e compunha músicas maravilhosas. Suspirou mais uma vez e disse baixinho para si mesma.
- Se estou sonhando por favor não me acordem.
Abriu sua bolsa, pegou a chave de casa, abriu a porta e entrou. Ficou mais alguns minutos ali, junto a porta. Olhou para o aparelho de telefone e lembrou-se do Tuca. Sacudiu a cabeça negativamente. Amanhã. Amanhã ligo pra ele. Já tá tarde e ele já deve estar dormindo. Além disso tinha ligado para ele no meio da tarde e ele tinha prometido me buscar para pegarmos um cinema e quase no final do expediente ele retornou a ligação dizendo que não ia dar pois estava ocupado mas não disse com o quê. Foi em direção ao seu quarto deixando sua bolsa sobre a poltrona. Pegou uma roupa confortável no armário e se encaminhou para o banheiro. Estava exausta mas feliz, muito feliz.
Enquanto subo no elevador, minha mente volta a ferver. Por que será que ela apertou o seu andar e o meu? Será que ela não gostou? Poxa, mas foi tão... tão. Não consigo encontrar a palavra correta. E se ela se arrependeu? Bom, ela tem namorado. Um merda de namorado é verdade mas ainda assim um namorado. E eu? O que será que represento para ela? Vem em minha mente a lembrança daquela tarde, em que ela se sujou de farinha na minha cozinha e eu cheguei e a repreendi. Será que ela pensou que eu só lhe dei carona para me aproveitar dela? Não. Espero que não. O elevador para de repente, noto que cheguei no meu andar. Abro a porta e vou em direção ao meu apartamento, já retirando as chaves do bolso. Entro, dou aquela conferida na sala como de costume. Vou a cozinha e vejo um bilhete da D. Graça preso na porta da geladeira.
“Seu Victor, desculpe ir embora mais cedo mas tava armando um maior temporal. A TV avisou. Depois compenso as horas que faltam.
Abraços,
D. Graça.
P.S.: Tem frango com quiabo no forno é só esquentar.”
Dou um sorriso. Parece até minha mãe sempre se preocupando em deixar algo para que eu possa comer. Saio da cozinha e vou ao meu quarto. Paro no corredor e lembro do celular. Deixei ele desligado. Tiro-o do bolso da camisa e ligo o aparelho. Logo o visor mostra 8 ligações perdidas. Nossa! Será que aconteceu algo? Verifico os números. 2 ligações do Leo, 3 da minha mãe, 2 da Paula e 1 número restrito. Bom, é melhor ligar para eles. Quanto ao número restrito, se não quer que eu saiba quem é, não falo. Vi que a última ligação foi da minha mãe então resolvo ligar primeiro para ela e avisar que cheguei bem. Olho no relógio. Uau! São duas da madrugada. É, a chuva demorou mesmo. Penso um pouco se devo ou não ligar. Bom, mãe é mãe. Sei que ela não vai sossegar enquanto eu não ligar, provavelmente o Leo falou com ela sobre o fato de eu estar preso na rua por causa da chuva. Fui em direção ao meu quarto e liguei.
Depois que conversei com minha mãe e consegui convence-la que estava tudo bem, que não tinha ocorrido nada de mal comigo desliguei o telefone. Olho o relógio digital e penso: melhor não ligar pro Leo não. Vai que tá dormindo, abraçadinho com a Tatiana. É... ele é um cara de sorte. Sempre que estamos em casa ele tem companhia para dormir. Já eu.
Pego no armário um short e uma camiseta de malha. Melhor tomar um banho pra poder descansar. Entro no banheiro, tiro a roupa e me olho no espelho. Reparo que meus cabelos estão mais grisalhos. Algumas mulheres gostam, outras não. Mas não tenho paciência nem tempo pra ficar passando tinta, não. Isso é coisa de mulher. Haja saco. Continuo a me fitar no espelho. É, até que sou bonitinho. Começo a rir de mim mesmo.
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