domingo, 11 de setembro de 2011


Despedi-me de todos e falei com o Leo:
- Melhor nos apressarmos.
Ele concordou comigo, me deu um abraço forte e disse:
- Me liga assim que chegar em casa.
E eu respondi:
- Faça o mesmo.
Entrei no meu carro, respirei fundo. Liguei o GPS para ver se dava pra fugir por algum lugar e chegar logo em casa mas a porcaria não estava funcionado direito. A imagem ia e voltava, devia ser a estática por causa da chuva. Desliguei o GPS, liguei o carro e peguei a rua principal. Teria que fazer o caminho de sempre mesmo. Logo me deparei com um imenso engarrafamento. Buzinas, barulhos infernais, gritarias, braços estendidos para fora dos carros. Caos. Essa era a melhor palavra pra descrever aquele cenário.
Ajeitei-me no banco respirando fundo novamente, tinha que ter paciência pra poder chegar em casa. Liguei o rádio pra ouvir as notícias e o noticiário da tarde anunciava. A cidade estava parada. Chovia forte em alguns pontos e o rio Uberabinha transbordara em algumas localidades. Quando o noticiário acabou desliguei o radio e coloquei um cd. Tinha que me manter distraído caso contrário não sobreviveria a tamanha confusão. O transito naquela região tava difícil mas ainda assim fluía um pouco. Entrei em algumas ruas, saí em outras quando de repente a chuva engrossou e o trânsito ficou mais lento. Estava longe de casa, ainda, paro num sinal e começo a reparar nas pessoas na rua. Umas correndo. Outras paradas nas portas dos prédios, e muitas se aglomeravam nos pontos de ônibus. Olhei ao redor e não vi nenhum por perto. Nossa! Coitados. Agradeci a Deus por ter meu carrinho assim não dependia da condução publica. Quando volto a olhar o ponto do ônibus, mesmo com toda aquela chuva, que não me permitia reparar direito no que via reconheci M no ponto do ônibus.
Tadinha, toda encolhida segurando sua bolsa na frente do corpo. Confesso que fiquei sensibilizado. Realmente, nunca tinha visto ela sair de carro do prédio. Só aquela vez, mas ... foi no carro daquele cara. Uhmm. Não gosto nem de lembrar daquela cena patética. Voltei a olha-la, não sei o que me deu. Mas senti uma vontade incontrolável de protege-la. Liguei a seta do carro e girei o volante indo em direção ao ponto do ônibus. Parei com o carro perto dela. Baixei o vidro e gritei:
Ela me olhou assustada. Nossa ela é bonita até assim assustada.
- Entra, vai. Te dou uma carona.
Ela me sorri e vem em minha direção. Fico ali hipnotizado com seu sorriso. Ela tenta abrir a porta mas tava trancada. Acordo do meu transe imediatamente e destravo a porta, deixando-a entrar.
- Ai Victor, você caiu do céu. Tó aqui no ponto a mais de meia hora e não passa nenhum ônibus. Disse já colocando seu cinto de segurança. Dei a seta novamente e voltei para o meio da pista. Ela então fica calada, como que um pouco arrependida de ter aceitado minha carona. Fica olhando a chuva bater no vidro da frente.
- Voltando do trabalho?
- É. Me respondeu secamente.
- Muita chuva, né! Disse tentando manter algum diálogo.
- É. Parece até chuva de verão.
O reflexo da chuva em seu rosto deixava-a com um ar de mistério. Ah! Como sou curioso.
A chuva engrossa ainda mais, as ruas começam a ficar alagadas. Busco alternativas para fugir daquela armadilha que se apresentava diante de nós. Mas parecia que a natureza queria nos prender em seus braços. Entro e saio em diversas ruas. M começa a ficar apreensiva. Não conhecia os caminhos que estávamos tomando. Ao notar sua preocupação disse:
- Fique tranqüila. Tô tentando desviar dos caminhos para não ficarmos presos.
Ela só consentiu com a cabeça mas mal me olhava nos olhos. De repente seu telefone toca. Ela abre a bolsa, olha no visor e resmunga:
- Agora! Agora não dá mais. Respirando fundo, atende.
- Oi amor!

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