sexta-feira, 9 de setembro de 2011


Cheguei no meu apê rindo cada vez mais alto com a Paula. Nossa como é divertida a convivência entre irmãos mas só depois de crescidos, pois quando mais novo... nossa como implicava com ela.
No seu andar, ainda bufando e procurando as chaves na bolsa M ouvia as risadas.
- É mole! Não sabem nem ser discretos. D. Matilde é que podia flagra-los. Aí sim. Queria ver ele se abrindo tanto assim. Disse para si mesma.
Entramos no apartamento e fui em direção a estante da sala não sem antes dar aquela conferida no ambiente. Peguei o livro que minha irmã precisava. Entreguei a ela e perguntei:
- Bebe alguma coisa?
- Não Vih. Tenho que ir. Estão me esperando.
- Esperando? Quem?
- Ihh! Para de pegar no meu pé. Já sou maior de idade esqueceu?
- Só na identidade por que...
Ia terminar a frase quando meu telefone tocou. Era da produtora. Havia algumas coisas ainda pendentes. Fiz sinal para que a Paula me esperasse. Ela fechou a cara. Geniosa. Não sei a quem ela puxou. A mim que não foi. Resolvi tudo que estava pendente pelo celular mesmo. Desliguei e logo me virando para Paula falei:
- Pronto. Doeu?
Ela só fez uma careta.
- Vamos, te deixo lá embaixo. Disse abrindo a porta para ela.
Descemos sem mais surpresas. Despedi-me da minha irmãzinha com um beijo na testa e um abraço apertado.
- Juízo, viu!
- De jeito nenhum Vih, de jeito nenhum. Disse rindo e entrando em seu carro.
Eu só balancei a cabeça negativamente. O resto da noite transcorreu na mais deliciosa rotina.
A semana começou com um tempo esquisito. A noite ventou muito e o dia amanheceu nublado. Os noticiários anunciavam um temporal no final do dia. Alerta de tempestade era a chamada dos telejornais. Fui para o escritório. Mais uma rotina administrativa para mim. Passei o dia inteiro trancado lá, nem vi a cara da rua. Na hora do almoço. Jaqueline, nossa secretária, encomendou nossa refeição num restaurante perto. Estávamos preparando o repertório do próximo cd e ainda não tínhamos nem decidido quais músicas iríamos gravar. Já passava das 18 hrs quando me irritei com tantos papéis, tanta burocracia e disse pra mim mesmo.
- Chega! Já deu! Não agüento mais tanta papelada. Cansei.
Todos me olharam sem entender. Às vezes eu não consigo ficar calado e acabo por desabafar em voz alta. Pedi desculpas e com uma voz mais pausada falei.
- Vamos parar? Por hoje, pelo menos?
O Leo balançou a cabeça e riu com aquela cara: Não muda mesmo. Não mudo, se quiserem gostar de mim, terão que gostar do jeito que eu sou. Não mudo, não mudo e não mudo. Sou teimoso mesmo.
Mas quando saímos do escritório. Foi a decisão mais sábia que tomamos. A rua estava um caos. Mesmo sendo uma cidade pequena como Uberlândia, o trânsito tava confuso. Todos estavam se apressando pra chegar em suas casas antes que o temporal anunciado caísse. E com todos saindo ao mesmo tempo ficou uma loucura andar nas ruas. Olhei para o céu e confesso que fiquei com medo. Tudo bem que já estava noite mas dava pra ver as nuvens carregadas quando os raios iluminavam o céu. Ventava forte e logo alguns pingos começaram a cair. Raios e trovões completavam o cenário apocalíptico.

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