quarta-feira, 7 de setembro de 2011


Fecho a porta em seguida e vejo o rostinho da D. Graça me olhando da cozinha.
- Tudo bem Seu Victor?
- É a D. Matilde D. Graça. Acabei de encontrar com ela aqui na porta.
- Ihh! O que ela inventou agora? O senhor não caiu na boca de D. Matilde não né!
- Não D. Graça, não cai não. Era as bobagens de sempre. Seus lamentos pelo falecido. Disfarcei minha irritação.
- Quer almoçar? Já tá tudo pronto.
- Não D. Graça, tô sem fome. Tinha perdido até a fome com essa conversa. Se a senhora quiser pode ir. Não vou precisar mais dos seus serviços hoje. Obrigado. Disse isso indo em direção ao meu quarto.
- Hum! Sei. Caiu na boca da D. Matilde. Falou baixinho e para si D. Graça.
Enquanto isso no corredor D. Matilde pensa com seus lenços...
Esse rapaz pensa que me engana. Eu bem vi no computador... uma sirigaita de Brasília. Ele pegou, eu sei. E a M? Hum. Essa aí nunca me enganou. Se fazendo de moça de família. Eu vi, ninguém me contou. Tava no maior esfrega com aquele rapaz. Será que ele é de “família” também. Sei... sei muito bem. D. Matilde pega o elevador e desce. Quando chega na portaria vai logo falando com o Rafael.
- Ô Rafael!
- Pois não D. Matilde.
- Você presta atenção nessa portaria hein!
- Poxa D. Matilde. Eu não saio daqui não. Só quando tenho que abrir a garagem.
- É, mas fica de olho em quem entra no prédio, meu filho! Ontem a M tava com um rapaz aí na frente. Não sabemos quem é muito menos o que faz da vida. Ladrão não vem com crachá não meu filho.
Nisso Sr. Calixto chega da rua e vê D. Matilde interrogando o Rafael e vai logo perguntado:
- Algum problema aqui D. Matilde?
Ela se vira toda sorridente para o síndico.
- Bom dia Sr. Calixto. Tudo bem? E D. Ruth? Não tenho a visto ultimamente. Ela tá doente?
- Ela tá ótima. Ocupada com a própria vida. Já a senhora... O que tá pegando por aqui?
- Nada! Estava só falando com o Rafael pra tomar cuidado com a portaria. Não deixar estranhos entrarem no prédio. Sabe como é. Esse mundo anda tão violento.
- O Rafael sabe perfeitamente bem fazer o serviço dele. Tá faltando água? Tem alguma lâmpada do prédio queimada? O elevador quebrou?
- Não... não, nada disso. Tá tudo direitinho.
- Então não atrapalhe o rapaz e vá cuidar da sua vida. Disse isso já se encaminhando para o elevador.
D. Matilde se cala e espera ele entrar no elevador, só então resmunga.
- Grosso. Aposto como não dá mais no couro. D. Ruth deveria largar desse velho ranzinza e arrumar um garotão, isso sim.
Despediu-se do Rafael e foi pra rua.

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