segunda-feira, 5 de setembro de 2011


Com roupa de ginástica. Que corpo é esse? Como não tinha reparado antes. Que pernas, que coxas, que bunda! É, ela realmente é linda. E eu não tinha reparado. Como? Saio da garagem mas ela está de costas para mim. Não me vê passar de carro. Paro no sinal fechado e fico vendo ela vir na mesma direção, só que a pé. Passos rápidos, firmes. Já tá se aquecendo. Ela dá uma corridinha e atravessa no sinal. Reparo no seu andar, elegante, imponente. Nossa! Tô realmente precisando de uma mulher. Até a vizinha eu tô filmando! O sinal se abre e sigo meu caminho. Mas ela não me sai do pensamento. Por que será?
Chego ao barbeiro. Estaciono o carro. E entro no salão. Sinto algumas pessoas me olhando como que me reconhecessem. Vou até o Edson, meu barbeiro a algum tempo. Cumprimento-o e pergunto se dá pra fazer um corte.
- Dá sim Victor. Senta aí, assim que terminar aqui te chamo. Disse me apontando uma cadeira. Olho para porta e vejo um jornaleiro em frente.
- Vou comprar um jornal então. Já volto.
- Ok. Respondeu-me ele.
Compro o jornal e volto ao salão. Sento e começo a folhear o jornal. Logo Edson me chama. Sento na poltrona e ele me pergunta.
- O de sempre?
- Sim. O de sempre.
Termina o meu corte. Agradeço, passo no caixa e pago pelo serviço. Despeço-me dele. E vou até o meu carro. Entro, olho a hora e ainda é cedo para o almoço. Resolvo voltar para casa. Não vou ver nada para o apê hoje, não tô a fim.
Quando chego ao prédio o Rafael prontamente vem abrir o portão. Sorrio e aceno para ele. Entro na garagem e saio do meu carro. Vou em direção ao elevador. Entro e aperto meu andar. Quando chego, abro a porta indo em direção ao meu apê. De repente uma porta se abre. D. Matilde aparece toda produzida.
- Bom dia Victor!
- Bom dia D. Matilde.
Tento ser rápido mas ela consegue me prender em mais uma de suas conversas perigosas.
- E ai! Divertiram-se muito ontem?
- Divertiram?
- É você e as meninas. M e as amiguinhas dela.
- Não D. Matilde. Imagina. Nós só nos encontramos no elevador. Não saí com elas não.
- Ahhh! Mas devia viu. Você, um rapagão lindo do jeito que você é! Nunca te vejo com mulher nenhuma. Nem nas revistas. Tem que arrumar uma namorada. Sozinho você pode acabar que nem eu.
Cruzes! Como ela não. Seria muito castigo! Dou um sorriso amarelo tentando encerrar essa conversa. Mas ela continua. Ô mulherzinha pra falar! Tá pior que eu em matéria de carência.
- Se bem que a M...
Foi só citar o nome da M e meu alarme de curioso disparou.
- O que tem a M D. Matilde?
- Ué! Você não viu? Ela ontem voltou da tal festinha acompanhada. Já era tarde mas como eu tinha acabado de chegar de um carteado...
Pronto! Vai começar a ladainha...ela continuou a desfiar seu rosário. Lembrou do falecido e eu ali louco pra entrar em casa e me livrar daquela figura. Tinha dias que ela era legal, engraçada, mas quando resolvia falar do falecido. Meu Deus! Aja paciência e bota paciência nisso.
- Mas voltando a M...
Meu alarme soou novamente.
- Pensei que você tinha visto. Vi seu carro entrando na garagem um pouco depois dela chegar?
- Foi? Não reparei não. Tentei disfarçar.
- Pois é, como tava te dizendo... ela chegou acompanhada. Um rapagão lindo, que nem você. Ficou um pouquinho no carro dele. Sabe como é né! Ah! Nos tempos do falecido. Suspirou.
- Depois ele abriu a porta do carro pra ela. Coisa fina. Difícil os rapazes hoje em dia fazer isso. Pareceu ser muito bem educado. Berço, sabe como é. Eles ficaram mais um tempinho. Era cada beijo. Nossa. Só de lembrar me da um calor. E soltou uma sonora gargalhada.
Enfezei-me. Chega! Essa estória toda me irritou profundamente.
- Tá certo D. Matilde. Tá certo cortei bruscamente a conversa. A senhora agora me dá licença. Tenho que resolver algumas coisas no computador. Disfarcei.
- Tá certo querido. Tenha um bom dia! Disse sorrindo para mim.
Abri a porta e fui entrado.
- Pra senhora também. Tenha um bom dia!
Droga! Essa conversa me estragou o dia.

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