Enquanto isso em Uberlândia ...
M estava triste, cabisbaixa, desde a tempestade não tinha
mais visto o Victor. Apesar da correria dos últimos dias para que o evento não
fosse cancelado não conseguia tira-lo da cabeça. Mesmo com toda pressa e loucura
que foram os últimos dias mas com a colaboração de todos conseguiram manter a
programação. Decidiram não cobrar ingressos e sim fazer uma arrecadação de
alimentos não perecíveis e roupas a serem doados aos desabrigados da
tempestade. No meio da semana Tuca liga para M.
- Oi gata!
- Oi Tuca! Respondeu desanimada. Desde que beijara Victor, M
tinha perdido o interesse por Tuca.
- Nossa mas que oi mais chocho. Tá cansada?
- É. Aqui ainda tamos correndo. São muitas coisas a serem
feitas.
- Mas será que você não tem mais nem um tempinho pra mim,
não? Poxa, tô carente, desde aquela chuva toda não nos falamos. Você aí se
dedicando ao serviço e eu aqui só chupando dedo.
Tuca era um bom rapaz, um pouco pegajoso, mas integro e de
boa família. Tinha gostado de M. Moça alegre, divertida, responsável. Mas
sentia que ela já não era mais a mesma desde que tinha furado com ela no dia da
tempestade. Ah! Mas não iria arriscar a ter seu Cherokee novinho todo sujo de
lama pra ir busca-la no trabalho. Inventou uma desculpa, tudo bem que muito
esfarrapada, mas não foi.
- É o meu trabalho Tuca. Você sempre soube.
- Eu sei gata, eu sei. Mas nem um jantarzinho a dois?
M respirou fundo. Tinha que por um fim naquela estória. Não
dava pra ficar com um e com o pensamento em outro. Pensou por alguns instantes.
- Oiê... você ainda tá ai? Insistiu Tuca.
- Tá certo. Você me pega as 20 hrs?
- Perfeito. As 20 hrs passo no seu apê. Respondeu
alegremente. Beijos gata.
- Outro. Respondeu M secamente.
Assim que desligou o telefone M foi abordada por Elaine, sua
“melhor amiga” , da repartição.
- Almoçamos juntas? Nossa que carinha é essa? Quem era no
celular? Problemas?
- Ai amiga! Era o Tuca.
- Mas vocês estão brigados?
- Não. Quer dizer, mais ou menos. Vamos fazer o seguinte:
almoçamos juntas sim e te conto tudo. Tô no maior dilema.
- Tá certo então.
Na hora do almoço, M e Elaine saem e vão almoçar num
restaurante perto do trabalho. M explica seu problema para Elaine, informando-a
que desde o ocorrido na noite da tempestade não tinha visto mais o Victor.
- É M. Entendo a sua angustia. Mas não querendo ser estraga
prazeres. Você já pensou na possibilidade de ele não estar interessado? Dizem
que ele pega todas mas não assume ninguém.
- Poxa, mas foi tudo tão lindo. Ele foi tão carinhoso
comigo. Será?
- Ai M. Não caia nesse conto não. Eles são verdadeiros
príncipes até conseguirem o que desejam, depois... bom depois esquecem que
existimos. Você sabe muito bem. Eu se fosse você investia no Tuca, ele é um
cara legal.
- Ahh! Mas é muito açucarado pro meu gosto.
- Bota água que dilui. Disse rindo.
- Você é tão sem graça às vezes Elaine.
- Sou, mas você gosta. Riu.
M riu também mas ficou com o que Elaine disse martelando em
sua mente.
O resto do dia transcorreu na mesma correria da manhã.
Faltavam 10 dias para o evento mas ainda tinham muitas coisas para resolverem.
Logo que chegou em casa, M tomou um belo banho, passou seu hidratante e vestiu
uma linda roupa. Passou a tarde toda pensando no que Elaine tinha lhe
aconselhado durante o almoço e decidira deixar tudo como estava. Se realmente
tivesse sido só uma aventura para o Victor iria surpreende-lo tratando como se
nada importante tivesse acontecido. Teria uma conversa séria com Tuca. Estava
em busca de um relacionamento duradouro, não um passatempo qualquer. E se ele
estivesse de acordo, iria assumir esse relacionamento na sua vida. Iria
convida-lo a acompanha-la no Festival, assim todos saberiam que seu coração
tinha dono. Apesar dela mesma duvidar quem era o verdadeiro dono.