quarta-feira, 7 de dezembro de 2011


Senti um aperto profundo no peito, logo minha visão escureceu, não vi mais nada então.
Chegamos ao local da fumaça, acordo desnorteado, estão todos fora de seus carros, somente eu tinha ficado. Saio meio que anestesiado. De certa forma meu organismo se preparou para o que iria ver. Era uma verdadeira operação de guerra. A lancha do exército dava voltas ao redor de uma bola de fogo, tentava se aproximar mas não conseguia. Os helicópteros iam e vinham para o mesmo local. Aos poucos fui me aproximando da margem do rio. Ao me deparar com aquela cena senti minhas pernas fraquejarem. Sou amparado pelos paramédicos então tudo escuro novamente.


Quando voltei a mim estava deitado no chão sendo atendido pelos paramédicos, minha glicose tava baixa por isso o desmaio. Levanto com ajuda dos que me atendem olho em direção ao rio e só vejo uma carcaça de ferros retorcidos. Pergunto por M, ainda tonto, todos se entreolham mas não me respondem. Levanto e vou em busca de informações. Encontro Marcel então novamente pergunto:
- Marcel! E M?
Marcel me olha com um olhar triste e cansado da ação.
- Não tenho boas notícias pra você meu amigo. Infelizmente só encontramos um único corpo no barco. Parece que alguém pulou do mesmo momentos antes da explosão, estão procurando pelas margens e na mata por aqui. Acreditamos que tenha sido o Tuca que fugiu.
- Mas esse corpo. Era o de M? Tem certeza? Perguntei tentando me enganar.
- O corpo foi carbonizado, não tem como identificar, a não ser por DNA. Mas não quero te dar falsas esperanças Victor. Tuca é um cara muito inteligente, ele já escapou diversas vezes de um cerco policial. Não temos dúvidas que ele conseguiu novamente, só esperamos conseguir captura-lo na mata antes da fronteira. Estamos correndo contra o tempo.
Senti minhas pernas fraquejarem novamente, mas não era a minha glicose. Era o meu coração que acabara de morrer um pouco. Essa notícia era a que eu mais temia. M morta! O meu único e derradeiro amor não estava mais comigo, não voltaria aos meus braços se aconchegando para dormir um sono tranqüilo e acolhedor.
Ficamos ali por mais algumas horas, conseguiram resgatar o corpo mas não tive coragem de ver. Me sentia morto também. Pelo menos uma parte de mim morrera com aquela explosão. Voltei para o hotel e fechei minha conta. Avisei ao piloto do jatinho que iria voltar a Uberlândia naquela manhã ainda, pedindo para que deixasse tudo pronto. Me despedi de todos que tentaram me ajudar a resgatar um pouco da minha própria vida. Era o mínimo que podia fazer. Peguei minhas coisas e rumei para o aeroporto. No vôo uma tristeza sem fim. Olhava o mundo ao meu redor mas nada era como antes. Nada tinha cor. Era como se eu estivesse vendo tudo em preto e branco.


 

Cheguei em Uberlândia e meu irmão me esperava no aeroporto. Dei-lhe um abraço apertado. Agora era seguir meu caminho. Sozinho. Fui para casa, tomei um banho e fui me deitar. Depois dessa agitação toda meu corpo só pedia cama e minha mente... bem minha mente simplesmente se esvaziou. Não pensava em mais nada. Acordei já era noite, não tinha jantado no dia anterior, nem café da manhã, muito menos almoço. Não sentia fome. D. Graça tinha feito um caldo forte para mim. Confesso que com muito custo sorvi algumas poucas colheradas, nem a comida tinha mais gosto. Voltei em seguida para meu quarto. Queria voltar a dormir quem sabe não acabaria acordando desse pesadelo.
No dia seguinte acordei tarde, não tinha fome, não tinha força, não tinha nada. Minha vida se tornou um completo vazio. Tudo não tinha sentido. Não sentia nada. Levantei da cama como que obrigado a viver, quando já não tinha mais motivos pra tal. Tomei um banho tentando me demover daquela inércia. Fui até a cozinha, olhei a mesa posta, linda. Me lembrei de M, do nosso último café da manhã, na sua cozinha. Respirei fundo pra não chorar. Peguei apenas uma xícara de café puro e tomei um pequeno gole. Era como se minha garganta tivesse se fechado, assim como minha alma se fechou para o mundo. Sai e fui para a produtora, tinha que retomar minha rotina. Agora uma triste e melancólica rotina. Consegui que retomassem nossa agenda no final da semana. Tinha ainda pelo menos 3 dias para me recuperar. Pelo menos teria de volta a minha paixão, minha segunda paixão uma vez que a primeira tinha morrido. Cantar e subir em um palco para me apresentar agora não parecia mais ter nenhum significado para mim. Saí da produtora tarde, já tinha escurecido. Peguei meu carro e no meio do transito começa uma chuva fina, não tinha como não me lembrar de M. Pois foi num dia de chuva que nos beijamos a primeira vez.

 


Um comentário:

Sil Castorino PR disse...

Aii emoçãoo aqui... tadinho do Victor... agora q a felicidade havia chegado pra ele!!! mais ainda nao acabou neh? Vai que tenhamos alguma surpresa... eles merecem um FINAL FELIZ!!! Bjusss da SIL