Senti um aperto profundo no peito, logo minha visão
escureceu, não vi mais nada então.
Chegamos ao local da fumaça, acordo desnorteado, estão
todos fora de seus carros, somente eu tinha ficado. Saio meio que anestesiado.
De certa forma meu organismo se preparou para o que iria ver. Era uma
verdadeira operação de guerra. A lancha do exército dava voltas ao redor de uma
bola de fogo, tentava se aproximar mas não conseguia. Os helicópteros iam e
vinham para o mesmo local. Aos poucos fui me aproximando da margem do rio. Ao
me deparar com aquela cena senti minhas pernas fraquejarem. Sou amparado pelos
paramédicos então tudo escuro novamente.
Quando voltei a mim estava deitado no chão sendo atendido
pelos paramédicos, minha glicose tava baixa por isso o desmaio. Levanto com
ajuda dos que me atendem olho em direção ao rio e só vejo uma carcaça de ferros
retorcidos. Pergunto por M, ainda tonto, todos se entreolham mas não me
respondem. Levanto e vou em busca de informações. Encontro Marcel então
novamente pergunto:
- Marcel! E M?
Marcel me olha com um olhar triste e cansado da ação.
- Não tenho boas notícias pra você meu amigo. Infelizmente
só encontramos um único corpo no barco. Parece que alguém pulou do mesmo
momentos antes da explosão, estão procurando pelas margens e na mata por aqui.
Acreditamos que tenha sido o Tuca que fugiu.
- Mas esse corpo. Era o de M? Tem certeza? Perguntei
tentando me enganar.
- O corpo foi carbonizado, não tem como identificar, a não
ser por DNA. Mas não quero te dar falsas esperanças Victor. Tuca é um cara
muito inteligente, ele já escapou diversas vezes de um cerco policial. Não
temos dúvidas que ele conseguiu novamente, só esperamos conseguir captura-lo na
mata antes da fronteira. Estamos correndo contra o tempo.
Senti minhas pernas fraquejarem novamente, mas não era a
minha glicose. Era o meu coração que acabara de morrer um pouco. Essa notícia
era a que eu mais temia. M morta! O meu único e derradeiro amor não estava mais
comigo, não voltaria aos meus braços se aconchegando para dormir um sono
tranqüilo e acolhedor.
Ficamos ali por mais algumas horas, conseguiram
resgatar o corpo mas não tive coragem de ver. Me sentia morto também. Pelo
menos uma parte de mim morrera com aquela explosão. Voltei para o hotel e
fechei minha conta. Avisei ao piloto do jatinho que iria voltar a Uberlândia
naquela manhã ainda, pedindo para que deixasse tudo pronto. Me despedi de todos
que tentaram me ajudar a resgatar um pouco da minha própria vida. Era o mínimo
que podia fazer. Peguei minhas coisas e rumei para o aeroporto. No vôo uma
tristeza sem fim. Olhava o mundo ao meu redor mas nada era como antes. Nada
tinha cor. Era como se eu estivesse vendo tudo em preto e branco.
Cheguei em Uberlândia e meu irmão me esperava no aeroporto.
Dei-lhe um abraço apertado. Agora era seguir meu caminho. Sozinho. Fui para
casa, tomei um banho e fui me deitar. Depois dessa agitação toda meu corpo só
pedia cama e minha mente... bem minha mente simplesmente se esvaziou. Não
pensava em mais nada. Acordei já era noite, não tinha jantado no dia anterior,
nem café da manhã, muito menos almoço. Não sentia fome. D. Graça tinha feito um
caldo forte para mim. Confesso que com muito custo sorvi algumas poucas
colheradas, nem a comida tinha mais gosto. Voltei em seguida para meu quarto.
Queria voltar a dormir quem sabe não acabaria acordando desse pesadelo.
No dia seguinte acordei tarde, não tinha fome, não tinha
força, não tinha nada. Minha vida se tornou um completo vazio. Tudo não tinha
sentido. Não sentia nada. Levantei da cama como que obrigado a viver, quando já
não tinha mais motivos pra tal. Tomei um banho tentando me demover daquela
inércia. Fui até a cozinha, olhei a mesa posta, linda. Me lembrei de M, do
nosso último café da manhã, na sua cozinha. Respirei fundo pra não chorar.
Peguei apenas uma xícara de café puro e tomei um pequeno gole. Era como se
minha garganta tivesse se fechado, assim como minha alma se fechou para o
mundo. Sai e fui para a produtora, tinha que retomar minha rotina. Agora uma
triste e melancólica rotina. Consegui que retomassem nossa agenda no final da
semana. Tinha ainda pelo menos 3 dias para me recuperar. Pelo menos teria de
volta a minha paixão, minha segunda paixão uma vez que a primeira tinha
morrido. Cantar e subir em um palco para me apresentar agora não parecia mais
ter nenhum significado para mim. Saí da produtora tarde, já tinha escurecido.
Peguei meu carro e no meio do transito começa uma chuva fina, não tinha como
não me lembrar de M. Pois foi num dia de chuva que nos beijamos a primeira vez.
Um comentário:
Aii emoçãoo aqui... tadinho do Victor... agora q a felicidade havia chegado pra ele!!! mais ainda nao acabou neh? Vai que tenhamos alguma surpresa... eles merecem um FINAL FELIZ!!! Bjusss da SIL
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