domingo, 11 de dezembro de 2011

Especial e Último capítulo ...

Ao chegar na pensão M estava euforia. Iria me reencontrar, estaria em poucas horas de volta aos braços do seu grande amor. Sabia que com a minha ajuda, tudo voltaria aos eixos. Foi para o seu quarto e pensou. Tenho que estar linda pra reencontrar o meu amor. Mas... não tenho uma roupa descente. Tudo que tenho recebi de doação da ONG na Bolívia. Pensou M abrindo seu armário e conferindo as poucas peças de roupa que tinha. M voltou a sentar na cama, olhou sua bolsa, abriu e conferiu na carteira o quanto tinha de dinheiro. Não era muito, mas era tudo que tinha sobrado do salário que recebeu por seu trabalho na administração da ONG. M não pensou duas vezes. Fechou sua bolsa e saiu, foi ao centro da cidade ver se conseguia comprar pelo menos uma blusa para ir ao show. Andou bastante e encontrou um vestido, simples e discreto, como ela. Pagou pela roupa, pegou seu vestido e voltou para a pensão. Iria se preparar para seu reencontro.

A noite conforme o combinado André apareceu na hora marcada para pegar M na pensão. Assim que a viu não pode deixar de elogia-la.
- Nossa. Cara de sorte ele hein!
M na hora corou. Deu uma pequena ajeitada no cabelo, tentando disfarçar sua timidez. A tempos não ouvia um elogio masculino.
- Deixa disso M. Vamos, seu príncipe já deve tá chegando. Disse André lhe estendendo a mão.
Eles entraram no carro de André e rumaram para o local do show. Assim que chegaram M se espantou com o movimento. Estava desacostumada com multidões. Ficou um pouco apreensiva.
- Calma! Tá tudo no esquema. Garantiu André.
M apenas lhe sorri. Mas seu medo era de imaginar como eu reagiria ao vê-la novamente. Viva! André entrou com M sem nenhum problema. Assim que chegaram aos bastidores André tratou de providenciar uma pulseirinha e um crachá de equipe de produção. Levou M até a frente do palco. M escolheu ficar bem de frente ao meu microfone. 


Chegamos no aeroporto e fomos direto para o local do show. A rotina repetida e cadenciada me anestesiava da minha dor, mas não a aliviava. Ainda no aeroporto, entrevistas, fotos, agradecimentos de ambas as partes. Entramos no carro fornecido pela produção e seguimos para o show. Já estávamos no horário então era chegar, fazer o aquecimento e subir no palco. E assim fomos. Chegamos no local e por alguns instantes sinto algo diferente. Não sei identificar mas um sentimento bom toma conta de mim. Olho para o céu estrelado e mais uma vez volto meus pensamentos para M. Peço, rogo, pra que me dê forças pra continuar minha rotina. Fomos para a parte de trás do palco, todos a postos para o inicio do espetáculo. Sou tomado por uma alegria sem explicações. Aproveito esse estranho momento para tentar retomar meu curso, a minha vida. Sei que não encontrarei mais o amor da minha vida mas... quem sabe não estaria nessa cidade a mulher que faria meu coração parar de sangrar. Pois como dizia o escritor português José Saramago: “Se tens um coração de ferro, bom proveito, o meu fizeram-no de carne, e sangra todo dia”. Terminamos de nos preparar, subi ao palco e me deixei levar pela forte energia que senti me dominar completamente. Olhei para todos, em seus devidos lugares, e comecei a dedilhar meu fiel companheiro. Gritaria do outro lado da cortina então um sorriso surge em meus lábios. Coisa que a muito não acontecia. O show começa.


O público ainda estava no escuro, não conseguia ver os rostos das pessoas a minha frente, mas algo me atraia para bem em frente ao palco. Era como um imã. Tentei identificar as fisionomias das pessoas que estavam bem a minha frente. Percebi que tinha uma moça, sentada bem junto à grade, senti meu coração disparar, de uma forma inexplicável, mas ainda não tinha conseguido ver seu rosto. Terminada a primeira música e emendamos a segunda. 
M assim que ouviu os primeiros acordes se emocionou profundamente, era eu, ali, tão perto novamente. Não via a hora das cortinas se abrirem e me ver novamente. Seu coração estava aos pulos tamanha sua felicidade. Respira fundo pra se manter calma. Não podia acreditar que finalmente estava retomando sua vida. Agora ao lado do seu grande amor. Assim que as cortinas se abrem e M me vê, seus olhos se enchem de lágrimas que correm como um rio por sua face. Ela se sente imensamente feliz. Não só por me ver novamente mas principalmente por me ver bem, com saúde, e retomando minha vida. Ela me vê feliz. Sabe a importância que tudo aquilo representa em minha vida. Percebe que olho em sua direção, sorrindo, mas vê no fundo dos meus olhos uma tristeza. M se entristece, repara que estou feliz, mas não completamente. Ele sofre pela minha perda. Pensa.
O show prossegue como de costume, quando finalmente as luzes de frente do palco se acendem viro minha atenção para o local onde a tal moça estava e então a minha surpresa. Era ela, ali, na minha frente, linda, sorrindo, aquele sorriso que tanto me encantava, viva? Não, não pode ser. Continuo a fita-la tentando acreditar no que meus olhos, meu coração e minha alma gritavam para minha consciência. Era ela. Era M. Ali, na minha frente. O Meu Amor estava ali. Era como um sonho. Um sonho bom. Eu custei a acreditar que aquela visão era real. Por diversas vezes acordei no meio da noite. Tinha sonhos diários com M, nunca tinha comentado sobre eles, nos meus sonhos M conversava comigo. Dizia para não desistir da minha promessa e que um dia me recompensaria pelo meu sacrifício de continuar a viver sem ela ao meu lado. 
Em certo momento errei meus acordes, tinha me desligado de tudo tentando acreditar que o que eu via não era mais um sonho meu. Leo, meu irmão, parou o show e começou a brincar comigo. Assim que ele encostou a mão no meu ombro percebi que não estava sonhando, que estava bem acordado. Olhei pra ele espantado e ele percebendo meu susto brincou tentando disfarçar o ocorrido.
- É Victor, não tem jeito, você pode até pintar seus cabelos grisalhos mas a idade chega pra qualquer um.
Arrancou risos da platéia. Mas disfarçadamente olhou para onde eu tinha me distraído. Ao ver M ali. Chorando de felicidade a reconheceu como sendo a garota do retrato. Nunca a tinha visto antes mas de tanto ver aquela foto que eu carregava comigo pra onde quer que eu fosse ele não teve dúvidas de quem se tratava. Então Leo confirmou minhas suspeitas. Mas brincando para disfarçar o ocorrido de forma que eu percebesse que era tudo a mais bela realidade.
- Ah! Agora entendi o motivo desse homem errar seus acordes. Também com mulheres tão lindas aqui babando por você né, Victor. Tem mais é que errar mesmo. Ó se eu fosse você não perdia tempo não. Olha só essa morena aqui, vestida de preto. Apontou para M. Será que ela tem uma irmã pra me apresentar?
Perguntou apertando levemente meu ombro pra confirmar que eu estava realmente vendo quem eu estava. Então fui tomado por uma onda de felicidade, era ela mesma, e eu não estava sonhando.
- Ô meu irmão! Você é casado. Deixa sua esposa te ouvir falando isso. Brinquei com meu maior sorriso nos lábios.
- Tô casado mas não tô morto. Retorquiu o Leo.
- Mas será assim que ela souber dessa estória. Emendei.
- É... vamos continuar? Perguntou Leo fingindo ter ficado sem graça. Era tudo encenação para que eu voltasse a mim.
Voltei a olhar para M que era a mais pura felicidade. Ela entendeu tudo e sabia que aquela encenação era só pra que eu confirmasse que a tinha reconhecido. Assim recomeçamos de onde paramos. 



O show recomeçou e a minha vida também, a partir daquele momento era como se eu voltasse a viver. Pisquei o olho para M que me disse pausadamente. TE A-MO! Passamos o resto do show assim, entre trocas de olhares e sorrisos de felicidade. No final do show fiz sinal para que ela fosse para o camarim o que atendeu prontamente mostrando sua pulseira e crachá. Assim que terminamos voltei para o camarim com meu irmão atrás de mim. Eu estava eufórico.
- Ela tá viva! Viva! Só sabia repetir.
Assim que entrei no camarim abracei forte meu irmão. Não cabia em mim de tanta felicidade. Avisei a produção que não receberia ninguém antes dela. Ela era a primeira e mais importante pessoa que eu queria ver naquele momento. Fui prontamente atendido, há tempos que as pessoas não me viam tão empolgado num final de show.
Assim que as cortinas se fecharam definitivamente M se levantou de seu lugar, não tinha mais lágrimas nem tristeza, seu coração batia forte e feliz. Logo André, seu colega de faculdade e por que não, seu padrinho mágico veio ao seu encontro.
- Não falei pra você. Vamos? Reencontrar o seu grande amor? Perguntou estendendo a mão para uma M mais do que sorridente.
Eles foram para os bastidores do show, graças ao crachá, a pulseira e principalmente ao André M entrou rapidamente no local em que era o camarim. Todos sorriam ao vê-la. Era como se já a conhecessem. Foi tratada como uma pessoa da produção. Alguém mais do que especial. Direcionaram M para o meu camarim. Eu eufórico e nervoso andava de um lado para o outro sempre de olho na porta. Não continha nem disfarçava minha ansiedade em reencontrar M.  Assim que a porta se abriu a vi ali, na minha frente, linda e sorridente. 
Então ... 



Um comentário:

Sil Castorino PR disse...

Entãoo????? hajaa coraçãoo.. #ansiedadedefine hehehe