quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Na cidade...
Concordo com a cabeça, meio que automaticamente. Como em fração de segundos a vida de uma pessoa pode se transformar. A da Elaine... se foi. A de M está nas mãos daquele louco e a minha também. O meu celular toca, vejo no visor, era o Leo. Atendo o telefone. Ele ouviu no rádio do carro o ocorrido e como sabia que eu estava indo para aqueles lados ficou preocupado. Não consigo falar nada e caio num choro desesperador. Ele também se desespera, pensando o pior. Sou então encaminhado para o carro da policia. Não tinha a mínima condição de dirigir. Um outro policial pega as chaves do meu carro. Ele iria dirigindo atrás de nós. Vamos então para a delegacia de policia. No caminho meu celular toca novamente, era o Leo. Desesperado não sabia onde eu estava, expliquei mais ou menos o ocorrido e que estava indo para a delegacia. O Leo perguntou para qual e lhe informei. Tudo no automático. Não conseguia raciocinar direito diante de tudo. Ele disse algo sobre advogados e que me encontraria lá.

No carro de Tuca ...
M se cala diante do que Tuca lhe havia dito. Logo chegam em um local isolado. Um sitio. Tuca diminui a velocidade e estaciona o carro ao lado da casa abandonada. Ele abre a porta do motorista e pega M pelo braço, retirando-a do carro.
- Vem. E por favor sem gracinhas. Alerta-a.
Tuca tinha guardado a arma na parte de trás da cintura, escondendo-a com a camisa.
- Tuca! Por favor. Implora M aos prantos. Me deixa ir embora. Por favor!
- Não dá M. Não dá. Esse é um caminho sem volta. Agora fica quietinha aqui. Por favor eu não quero te machucar então colabora tá.
Seu tom era mais calmo do que quando saíram da cidade.

Enquanto isso...
Chegamos na delegacia. Imprensa, vários curiosos e um tumulto danado, entramos rapidamente e me acomodam em uma sala junto com aquele senhor que testemunhou tudo. Logo em seguida chegam, o meu irmão e o advogado da produtora. Conversamos rapidamente e então sou chamado para depor. Muitas perguntas que não sei as respostas. Não pude ajudar muito mas no final do meu depoimento o delegado é informado que acharam o esconderijo de Tuca. Ele estava num sitio, na região rural da cidade. Ele arranja tudo e peço, imploro para acompanha-lo o que é veementemente negado, aumentando ainda mais o meu desespero. Rapidamente arrumam tudo e partem no encalço de Tuca. Eu mesmo proibido, sigo em meu carro. Atrás do comboio. Meu irmão ainda tenta me demover da idéia mas não ouço seus apelos então ele vai comigo, no meu carro.
No sitio...
Tuca tranca M em um dos quartos. Só um colchão surrado faz parte da mobília. Assim que tranca M Tuca sai da casa, dá uma volta e esconde o carro na mata perto dali. Cerca de 10 metros tem um acesso a uma estrada velha e inativa que dá pra BR 365 depois é só pegar a 153 e estará fora do alcance. Ele volta para o sitio. Um local que ele mantinha para casos em que tinha que dar uma dura nos devedores. Usava também como cativeiro. Mas não era muito fã de seqüestros não. Seu negócio era mesmo entorpecentes. Cocaína em especial. Sua branquinha, como costumava chamar, era seu encanto especial. Tuca volta para o interior da casa. Não tava preparado para aquela surpresa então a cozinha estava desabastecida. Não tinha nada para comer. Anoitece. Tuca fica de tocaia na sala, olhando a escuridão da noite, vendo se não foi seguido, se não aparece ninguém suspeito. Ele tem um plano. No meio da noite, na madrugada, sairia dali. Pegaria a estrada e iria para Goiás, de lá Mato Grosso do Sul e então Bolívia. Iria se abrigar junto com seus “hermanos” bolivianos, pelo menos até que as coisas se acalmassem.

Tuca volta ao quarto em que prendeu M. Abre a porta. M está sentada em um dos cantos do quarto, chorando. Ele entra e se senta no chão sujo junto a porta.
- M. Para de chorar, fica calma. Eu não vou te machucar, mas você precisa me ajudar.
- Tuca. Por favor me deixa ir. Por favor, eu tô com medo.
- Fica não gata!
Se levanta indo em sua direção, sentando ao seu lado. Tuca tenta abraçar M, reconforta-la mas ela repudia seus carinhos se encolhendo mais ainda.
- Eu não quero e não vou te machucar.
- Então por que você não me deixa ir embora? Por favor. Implora M.
Tuca respira fundo tentando ser paciente.
- Infelizmente, você cruzou o meu caminho. Não era para ser assim sabe.
Então ele desabafa.
- Quando Elaine me disse que iria me apresentar uma garota. Não pensei, nem de longe que seria uma pessoa assim como você.
- Assim como?
- Uma pessoa legal, uma pessoa boa. Sabe, eu conheci Elaine a mais ou menos uns 5 anos atrás. Ela era amante de um dos meus clientes.
- Clientes?
- Você é tão inocente M. E isso me encanta em você. Tuca tenta fazer um afago em M que se afasta.
-Você não sabe de nada mesmo né? Melhor assim. Esquece. Eu só preciso de você pra poder chegar na fronteira. Eu te prometo M. Prometo. Diz segurando seu queixo para que lhe olhe no fundo dos olhos. Assim que chegarmos a fronteira te deixo ir. Ilesa. Eu te prometo, tá! Mas você tem que me prometer que não vai tentar nada pra fugir. M não quero ter que atirar em você. Não em você. Isso seria muito difícil para mim. Você foi a única pessoa que conheci que me deu carinho, amor de verdade. Por favor não me obrigue a fazer o que não quero. Promete M?

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