sábado, 3 de dezembro de 2011


Na estrada ...
M sentou no banco do carona, colocou seu cinto e fez seu lanche, igual a Tuca. Durante a viagem M acabou pegando no sono, cansada. Na madrugada M acorda assustada, o carro está parado, mas não é a auto-estrada, é uma estrada paralela, M olha para os lados, nada. Ninguém e nenhum movimento. Tuca está do lado de fora. Então outra cena chocante para M. Tuca está cheirando uma carreira de cocaína. Assim que termina aperta o nariz e sacode a cabeça como que querendo que o efeito da droga se faça de imediato. Ele a olha e volta a entrar no carro.
- Descansou?
M só concorda com a cabeça, está cada vez mais com medo de Tuca. E agora ele tá drogado. M tem medo do que pode vir a acontecer. Amanhece, M não dormiu mais o resto da noite, preocupada com Tuca na direção. Ele parece estar ligado na tomada tamanha sua euforia. Ela olha uma placa e percebe então que já estão em outro estado, Goiás.
No meio da manhã Tuca pára novamente o carro mas agora em um posto de gasolina, dentro de uma cidadezinha. Ele não pega mais a auto-estrada, dirige só por estradas paralelas. Eles tomam um café num bar em frente ao posto, ninguém desconfia que ela foi seqüestrada, muito menos que ele é um assassino. Eles vão ao banheiro do posto mesmo. Na saída M tenta entrar em contato comigo. Disfarça, pois Tuca está conversando com o frentista. M chega até um orelhão e disca o nº do meu celular. Fica ali, um olho no aparelho e outro em Tuca. O telefone toca. Estou dormindo e acordo com o barulho do celular. Dou um pulo da cama. Pego o aparelho e vejo um número estranho, de outro estado. Penso logo em M. Atendo o telefone, chamada a cobrar...
- É ela! Pronto!
- Vitor! Vitor meu amor sou eu M.
- M! Ô meu amor, onde você tá? Você tá bem? Aquele louco te machucou? Diz, diz aonde você tá que vou te buscar.
Então só ouço o sinal de ocupado.
M assim que começa a falar comigo se distrai e Tuca percebe o que ela tá fazendo e vem correndo em sua direção. Ela ia falar que estava bem, que não me preocupasse que o Tuca em breve a libertaria. Mas Tuca baixou a mão no gancho do telefone assim que o alcançou.
- Porra M. O que você pretendia hein? Morrer? Já falei pra você. Eu não quero ser obrigado a fazer nada de mal contigo, mas você...
Antes de terminar a frase M cai num choro sem fim.
- Desculpa! Por favor Tuca, não me mata! Falou aos prantos.
- Vem, vamos pegar a estrada novamente. E não faça mais isso M. Não me obrigue a te machucar. Disse Tuca abraçando M e voltando para o carro. Logo eles estão na estrada novamente.

- M! M meu amor, fala comigo. Gritava ao celular, mas só ouvia o sinal de ocupado. Levantei rapidamente da cama e fui para a sala. Tinha que falar com o delegado. Minha mãe dormiu na minha casa, estava preocupada comigo. Paula, minha irmã, se foi com o Leo, dormiu na casa dele. Era preciso ter todos em segurança, pois não faziam idéia do que Tuca poderia fazer. Mal falei com minha mãe e D. Graça, sentei e peguei o telefone peguei o cartão do delegado que estava junto ao aparelho e liguei assim que consegui falar com o delegado lhe informei o ocorrido.
- Ótimo, meu rapaz! Com esse número poderemos ter uma idéia para onde estão indo. A policia federal já está avisada, ele não conseguirá passar nas fronteiras sem ser interpelado.

Eles seguem calados. Tuca tinha os olhos arregalados. M ficou quieta o resto da viagem. Pelo menos eu sabia que ela estava viva e tentando se comunicar. Mas ... será que fez o certo? Questionava-se. Tuca pára o carro na estrada no meio do dia. Sai mas tranca M dentro do carro. Não queria correr mais riscos. Saiu, comprou comida e voltou ao carro. Entregou a da M que apenas beliscou alguma coisa. Não tinha fome. Então, estrada novamente. M não via a hora desse pesadelo terminar. Já era noite quando eles passaram na fronteira de Mato Grosso do Sul. Na madrugada Tuca parou o carro em um posto de camioneiros, abasteceu o carro mas dormiram dentro do mesmo. Tuca se precavia de deixar M sair das suas vistas o máximo que podia, se ela pedia pra ir ao banheiro ele ficava na porta esperando-a.
Assim que desliguei o delegado pegou o número de telefone e localizou a chamada. Era de uma cidade pequena, no interior de Goiás. Ele se reuniu com os outros policiais e a policia federal que estava ajudando no caso. Então traçaram mais ou menos uma rota e perceberam que o plano de Tuca era fugir para a Bolívia. Fecharam então um plano, não iriam cerca-lo na estrada mas o pegariam na fronteira. Era um plano audacioso, mas não tinha como não dar certo, entraram então em contato com o exército. Toda ajuda era bem vinda para pegar um dos mais procurados traficantes do país.

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