Do lado de fora do sitio...
Depois de algumas horas, chegamos ao tal sitio. A policia
faz um certo no local. Sou obrigado a me afastar, para minha própria segurança.
Não me preocupo comigo e sim com M. No que Tuca pode fazer com ela. Ficamos
ali, esperando por mais de uma hora. De repente, tiros, logo em seguida um
cantar de pneus. Vejo ao longe o carro de Tuca, fugindo. Me desespero ainda
mais, se isso é possível. Corro para o sítio entro feito um louco, gritando por
M mas ela não está lá. Ele a levou. Levou para longe de mim. Me ajoelho no meio
da sala sem móveis. Caio num choro sem fim.
- Porque? Levei tanto tempo pra reencontra-la e agora isso.
Isso não é justo. Que droga de Deus é esse?
Começo a rogar contra o Criador por tamanha dor que sinto.
Meu irmão vem ao meu encontro. Me levanta daquele chão imundo e me abraça
forte, como se isso fosse passar a dor que sinto no peito.
M só balança a cabeça concordando. Não parava de pensar em
tudo o que aconteceu. Ver Elaine sendo morta no meio da rua, ser levada a força
por Tuca, ameaçada e agora seqüestrada. M só se preocupava comigo. Em como eu
reagiria com tudo isso tinha medo de que no desespero em vir salva-la Tuca
acabasse comigo. Ela não gostava nem de imaginar tal possibilidade. Morreria em
meu lugar, se colocaria no caminho da bala se fosse necessário mas não
permitiria que isso acontecesse. Não comigo. O único homem que a amou
verdadeiramente, plenamente. Tuca então se levanta e volta a sair do quarto,
trancando M. Ele volta ao seu posto, junto a janela da sala, então vê vultos.
Fica apreensivo. Retira a arma das costas e engatilha-a. Continua a observar
então percebe o movimento de alguns vultos. Tuca não pensa duas vezes. Se
levanta, silencioso como uma cobra, vai até o quarto em que M está trancada.
Abre a porta tentando ser o mais silencioso possível. Ainda bem que não acendeu
as luzes. Poderiam perceber o movimento dentro da casa. Ele entra sussurra para
M.
- Quietinha. Vem, vamos sair agora! Vem. Disse lhe pegando
pelo braço fazendo com que M ficasse de pé.
- Tuca!
Tuca então coloca a arma na bochecha de M.
- Cala a boca! Fala baixo.
Ele então leva M pelo corredor escuro e sai devagar pela
porta de serviço da casa. No meio do caminho para o carro ele ouve uma voz:
- Parado! Policia!
Tuca se vira e aponta em direção ao local de onde veio
a voz. Tá tudo muito escuro. Sem lua. E atira. Ouvem-se mais dois tiros. Mas
eles escapam ilesos. Tuca corre arrastando M com ele. Entra no carro escondido
na mata e arranca com tudo. Mais dois tiros que ricocheteiam na lataria do
carro que é blindado. Então foge.
Tuca consegue mais uma vez escapar do cerco policial. Ele
pega a estrada abandonada. Entra por um atalho e acaba saindo na BR 365. Passam
por diversos postos da policia federal mas não são parados, também não são
perseguidos. Tuca acredita então que realmente conseguiu escapar e acaba
relaxando um pouco. Eles seguem a viagem noite adentro. Tuca só faz uma única
parada. Para abastecer. Antes de entrarem no posto ele orienta M.
- Ó precisamos parar um pouco, tô ficando sem combustível e
temos que comer alguma coisa. M preciso que você colabore, lembre-se não quero
ser obrigado a te machucar então comporte-se.
M só concordou com a cabeça, estava cansada daquela
confusão, do dia de trabalho. Não tinha forças para nenhuma reação contrária e
resolveu dar um crédito a Tuca. Ele lhe prometera liberdade assim que chegassem
a fronteira. Ela decidiu acreditar na sua promessa, assim não se machucaria.
Tuca lhe passou algumas instruções e reforçou sua promessa. Eles chegaram ao
posto de gasolina. Tuca deixou o carro sendo abastecido e entrou com M na loja
de conveniência. Compraram algumas guloseimas, suco e água. Saíram sem ninguém
perceber algo diferente. M por medo e precaução fez exatamente o que Tuca
queria. Saíram do posto e voltaram para a estrada.
Ainda no sítio...
Sou retirado daquele lugar pelo meu irmão. O delegado vem ao
nosso encontro e briga veementemente comigo. Pois poderia sair ferido daquele
confronto. Não tenho forças para discutir. Só consigo pensar em M. No quanto
deve estar assustada, com medo. Infelizmente o grupo que seguiu o carro de Tuca
perde a trilha e volta para o sitio. Agora era voltar para a cidade e entrar em
contato com a policia federal. Leo me leva de volta para casa, não quero ir,
quero pegar a estrada mas não tenho forças para lutar. Chegamos em casa e vejo
na sala minha irmã e minha Mãe. Assim que vejo minha mãe, me bate o desespero
começo a chorar e a perguntar.
- Por que Mãe? Porque Deus fez isso comigo? Eu sou
bom, trabalhador, honesto. Ela me leva para o meu quarto, me faz deitar na cama
com a cabeça em seu colo. Eu só sei chorar. Meu irmão explica tudo direito para
elas que assim que souberam do ocorrido tinham ido para o meu apartamento para
nos esperar. Com muito custo adormeço enquanto que a policia procura por Tuca e
M numa estrada do interior do país.
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