sexta-feira, 2 de dezembro de 2011


Do lado de fora do sitio...
Depois de algumas horas, chegamos ao tal sitio. A policia faz um certo no local. Sou obrigado a me afastar, para minha própria segurança. Não me preocupo comigo e sim com M. No que Tuca pode fazer com ela. Ficamos ali, esperando por mais de uma hora. De repente, tiros, logo em seguida um cantar de pneus. Vejo ao longe o carro de Tuca, fugindo. Me desespero ainda mais, se isso é possível. Corro para o sítio entro feito um louco, gritando por M mas ela não está lá. Ele a levou. Levou para longe de mim. Me ajoelho no meio da sala sem móveis. Caio num choro sem fim.
- Porque? Levei tanto tempo pra reencontra-la e agora isso. Isso não é justo. Que droga de Deus é esse?
Começo a rogar contra o Criador por tamanha dor que sinto. Meu irmão vem ao meu encontro. Me levanta daquele chão imundo e me abraça forte, como se isso fosse passar a dor que sinto no peito.

M só balança a cabeça concordando. Não parava de pensar em tudo o que aconteceu. Ver Elaine sendo morta no meio da rua, ser levada a força por Tuca, ameaçada e agora seqüestrada. M só se preocupava comigo. Em como eu reagiria com tudo isso tinha medo de que no desespero em vir salva-la Tuca acabasse comigo. Ela não gostava nem de imaginar tal possibilidade. Morreria em meu lugar, se colocaria no caminho da bala se fosse necessário mas não permitiria que isso acontecesse. Não comigo. O único homem que a amou verdadeiramente, plenamente. Tuca então se levanta e volta a sair do quarto, trancando M. Ele volta ao seu posto, junto a janela da sala, então vê vultos. Fica apreensivo. Retira a arma das costas e engatilha-a. Continua a observar então percebe o movimento de alguns vultos. Tuca não pensa duas vezes. Se levanta, silencioso como uma cobra, vai até o quarto em que M está trancada. Abre a porta tentando ser o mais silencioso possível. Ainda bem que não acendeu as luzes. Poderiam perceber o movimento dentro da casa. Ele entra sussurra para M.
- Quietinha. Vem, vamos sair agora! Vem. Disse lhe pegando pelo braço fazendo com que M ficasse de pé.
- Tuca!
Tuca então coloca a arma na bochecha de M.
- Cala a boca! Fala baixo.
Ele então leva M pelo corredor escuro e sai devagar pela porta de serviço da casa. No meio do caminho para o carro ele ouve uma voz:
- Parado! Policia!
Tuca se vira e aponta em direção ao local de onde veio a voz. Tá tudo muito escuro. Sem lua. E atira. Ouvem-se mais dois tiros. Mas eles escapam ilesos. Tuca corre arrastando M com ele. Entra no carro escondido na mata e arranca com tudo. Mais dois tiros que ricocheteiam na lataria do carro que é blindado. Então foge.
Tuca consegue mais uma vez escapar do cerco policial. Ele pega a estrada abandonada. Entra por um atalho e acaba saindo na BR 365. Passam por diversos postos da policia federal mas não são parados, também não são perseguidos. Tuca acredita então que realmente conseguiu escapar e acaba relaxando um pouco. Eles seguem a viagem noite adentro. Tuca só faz uma única parada. Para abastecer. Antes de entrarem no posto ele orienta M.
- Ó precisamos parar um pouco, tô ficando sem combustível e temos que comer alguma coisa. M preciso que você colabore, lembre-se não quero ser obrigado a te machucar então comporte-se.
M só concordou com a cabeça, estava cansada daquela confusão, do dia de trabalho. Não tinha forças para nenhuma reação contrária e resolveu dar um crédito a Tuca. Ele lhe prometera liberdade assim que chegassem a fronteira. Ela decidiu acreditar na sua promessa, assim não se machucaria. Tuca lhe passou algumas instruções e reforçou sua promessa. Eles chegaram ao posto de gasolina. Tuca deixou o carro sendo abastecido e entrou com M na loja de conveniência. Compraram algumas guloseimas, suco e água. Saíram sem ninguém perceber algo diferente. M por medo e precaução fez exatamente o que Tuca queria. Saíram do posto e voltaram para a estrada.

Ainda no sítio...
Sou retirado daquele lugar pelo meu irmão. O delegado vem ao nosso encontro e briga veementemente comigo. Pois poderia sair ferido daquele confronto. Não tenho forças para discutir. Só consigo pensar em M. No quanto deve estar assustada, com medo. Infelizmente o grupo que seguiu o carro de Tuca perde a trilha e volta para o sitio. Agora era voltar para a cidade e entrar em contato com a policia federal. Leo me leva de volta para casa, não quero ir, quero pegar a estrada mas não tenho forças para lutar. Chegamos em casa e vejo na sala minha irmã e minha Mãe. Assim que vejo minha mãe, me bate o desespero começo a chorar e a perguntar.
- Por que Mãe? Porque Deus fez isso comigo? Eu sou bom, trabalhador, honesto. Ela me leva para o meu quarto, me faz deitar na cama com a cabeça em seu colo. Eu só sei chorar. Meu irmão explica tudo direito para elas que assim que souberam do ocorrido tinham ido para o meu apartamento para nos esperar. Com muito custo adormeço enquanto que a policia procura por Tuca e M numa estrada do interior do país.

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