"... ali, sozinho com seus pensamentos e sentimentos Leo suspira, um
suspiro que vem do fundo do peito. Olha o telefone em cima da cômoda. Pensa se deve ou não ligar, saiu de casa brigado. Logo ele que
detestava brigas estava vivendo um tormento em sua vida. Sem pensar muito se sentou na cabeceira da cama, pegou o aparelho e discou para ..."Aguardem!
Vários amigos e amigas me pediam pra fazer um blog, mas como se gosto de tanta coisa? Bom agora tá aí! Aqui nesse cantinho especial você vai encontrar dicas de músicas a livros, receitas culinárias a artesanatos, fotos, frases e de tudo um pouco ...
sexta-feira, 30 de dezembro de 2011
segunda-feira, 19 de dezembro de 2011
Reflexões de um ano que passou
Quem não faz reflexões nessa época do ano? Rever tudo que
viveu e aprendeu nesse ano que está terminando? É um exercício que se não todos
com certeza a maioria das pessoas fazem.
Sábado, 17 de dezembro de 2011. Não tem como esquecer essa
data, um momento único e inesquecível. Já passava da meia-noite então na
verdade já era domingo 18 de dezembro. O momento: show de Victor & Leo no
Credicard Hall em São Paulo, aliás, fim do show ... Ao som do sucesso
Borboletas sinto um nó em minha garganta, os olhos arderem e lágrimas
transbordarem em minha face. Não são lágrimas de tristeza, são lágrimas de
alivio um alivio bom daqueles que você sente quando finalmente fecha-se um
momento importante em sua vida. E esse momento para mim foi o ano de 2011. Um
ano incrível e cheio de decisões importantes na minha vida, profissional e
pessoal.
A sensação de dever cumprido, de ter feito o meu melhor.
De ter passado por momentos difíceis, daqueles em que você só pensa em largar
tudo pro alto, desistir mesmo. Mas felizmente a experiência de vida que
adquirimos com o passar dos anos, somado a pessoas especiais (verdadeiros anjos
de minha vida) que aparecem nestes momentos para me carregarem e/ou empurrarem
para frente tornaram estas experiências um grande aprendizado, momentos de
amadurecimento que fui forçada pelo destino a encarar.
Como exercício de reflexão eu aconselho a você fazer uma
lista, seja por mês do ano, seja por coisas que você fez. Ou as duas coisas
juntas, por que não? Para mim funciona, e muito.
Segue então minha lista:
JANEIRO
Nada como curtir seu niver cercada de amigos. Receber
mensagens, e-mails, telefonemas e afins com demonstrações sinceras de carinho
são provas que eu estou fazendo o certo. Presentes? Sim, ganhei muitos,
materiais também mas têm coisas, sentimentos, gestos, palavras que valem muito
mais do que qualquer objeto comercializável.
Resolução para 2012:
Não cometer o mesmo erro de outros anos em que eu
simplesmente sumia do convívio social e torne a celebração de mais um ano de
vida uma grande festa.
FEVEREIRO
Mês corrido e meio quebrado pelo carnaval,
profissionalmente falando, mas como achar ruim um mês em que voltei a receber
uma gratificação financeira pelo meu conhecimento profissional? Não tem como
né?
Primeira reunião do grupo estadual que faço parte. Não foi
o ideal, ainda, mas foi marcante pois serviu como modelo para unir ainda mais
esse grupo (Fã Clube Sul Victor & Leo – RJ).
Resolução para 2012:
Não me acomodar e querer sempre mais e mais
financeiramente falando, porém jamais pisando ou passando por cima de alguém.
Não desistir de reunir a turma, mas cada vez com um grupo
maior e maior até conquistar a vitória máxima, reunir todos daqui do Rio.
MARÇO:
Mês cheio de shows, passeios.
Nesse mês também recebi a gratificante noticia que meu
artigo científico estava aceito em um grande e importante periódico específico
da minha área. Trabalho reconhecido é ótimo!
Também criei um blog (http://eu-gosto-de-tudo-um-pouco.blogspot.com/)
onde tento me familiarizar com as novas tecnologias.
Resolução para 2012:
Definitivamente tenho que aproveitar mais da minha vida
social.
Exercitar mais a minha escrita científica.
Deixar a preguiça e cair dentro do aprendizado nas novas
tecnologias virtuais.
ABRIL:
Pequenos momentos com as amigas, fortalecem as amizades.
Rodízio de Tapioca na casa da Wanessa.
Mês de Páscoa, que me lembra meu vicio, chocolate.
Hehehehe.
Resolução para 2012:
Fazer destes pequenos momentos atos contínuos.
Tenho que diminuir esse vicio, tudo bem que já estou bem
mais controlada mas mesmo assim ainda dou umas escorregadelas.
(#momentomeaculpa)
MAIO:
Shows fora da minha cidade (fui pro interior).
Trabalheira, aborrecimentos e um aprendizado: Paciência e falar menos.
Viajar, decisão mais que acertada. Preparativos para um
dos meus maiores prazeres, diversão, aprendizados técnicos e pesquisa foram importantes
para esta decisão.
Resolução para 2012:
Contar até 1000 se for necessário.
Não falar o que vier na cabeça, pensar antes afinal nem
todos recebem bem comentários sinceros e honestos.
Lembrar que tenho 2 ouvidos e só uma boca. Ouvir mais,
falar menos.
Tenho que juntar mais e mais dinheiro para sustentar com
tranqüilidade esse meu “hobby”.
JUNHO:
Viagem, linda e inesquecível onde fui muito bem recebida
por minhas amigas virtuais e que hoje são mais do que amigas. São a minha
família.
Resolução para 2012:
Alimentar estas amizades pois é isso que vai ficar na
minha vida.
JULHO:
Trabalho, trabalho, trabalho e mais e mais trabalho.
Resolvi tomar vergonha na cara e fazer uma reeducação
alimentar com orientação de uma profissional (#MinhaNutriPreferida). Consegui
emagrecer 3 kg em 1 mês!
Resolução para 2012:
Repetir tudo isso. O trabalho enobrece o homem.
Manter e melhorar minha reeducação. Tenho que arrumar
melhor meus horários para poder encaixar a atividade física com mais
frequência.
AGOSTO:
Inicio da escrita do meu projeto para Doutorado.
Muitos eventos, shows e etc. Tive que rebolar para
conseguir participar de tudo.
Resolução para 2012:
Organização da minha agenda, para não deixar tudo para
cima da hora nem me enrolar como sempre acabo fazendo.
Que a resolução de Julho também me ajude hehehehe Pois sem
dinheiro não dá.
SETEMBRO:
Continuação da agenda de Agosto, definitivamente se eu não
me organizar melhor financeiramente numa dessas eu me quebro.
Bienal do Livro, uma das minhas paixões.
Resolução para 2012:
Ler mais ainda, esse ano bati meu recorde com 20 livros
lidos. Pretendo comprar pelo menos 1 livro por mês.
OUTUBRO:
E mais shows.
Por falta de organização perdi o prazo de inscrição para
seleção de Doutorado onde eu realmente desejo fazer.
Resoluções para 2012:
Organização definitivamente está no topo da minha lista de
prioridades para o ano que vem.
NOVEMBRO:
Trabalho e mais trabalho. Com a perda do prazo para a
seleção de Doutorado, tive que sumir um pouco do mundo virtual para não me
perder nos outros prazos. Mas outra resolução importante, viajar novamente
kkkk. Definitivamente sou um caso perdido.
Resolução para 2012:
Organização!
DEZEMBRO:
Com o final de mais um ano de muito trabalho fecho 2011 em
grande estilo, finalmente tirando merecidas férias depois de quase 10 anos
ininterruptos de muita dedicação profissional (só 15 dias, snif!). E da melhor
forma possível, viajando, conhecendo e reencontrando amigos num lindo show.
Resolução para 2012:
Que eu possa repetir tudo que fiz em 2011, erros e
acertos. Se o mundo não acabar em 2012 que eu me acabe nele.Demonstrações de carinho
Fim de ano é sempre uma festa, comemorações a parte é sempre bom receber um mimo, um pequeno carinho dos amigos. Esse ano recebi várias demonstrações de amizade, seja através de uma simples conversa no msn até mesmo um gesto importante como um generoso, forte e sincero abraço em momentos que era justamente o que eu precisava.
Transcrevo aqui textos simples de cartões que recebi este fim de ano.
Da minha MAR (não me perguntem o significado desta sigla, só nós duas sabemos e isto basta) Denise:
" Uma amiga é uma jóia rara, não se
encontra em qualquer lugar, é tesouro guardado na alma de quem sabe amar! Na alegria quando é pra sorrir. Na
tristeza quando é pra chorar. a amiga é a força que te leva a lutar nos piores
momentos de sua vida, no momento que a solidão faz tristeza em seu coração,
sempre existe uma amiga trazendo carinho na mão! Então minha linda obrigada por tudo e principalmente
pelo seu carinho, atenção, cumplicidade e acima de tudo isso a sua amizade."
De RenataScholles e Juliana Engelmann amigas virtuais no inicio, irmãs de alma na vida real:
"Querida amiga!
Desejamos a Você um Feliz Natal e Próspero Ano Novo, cheio de novas conquistas e realizações. Agradecemos de coração por fazer parte dessa grande família, o FC Sul V&L.
Com carinho das amigas
Rê e Ju"
segunda-feira, 12 de dezembro de 2011
domingo, 11 de dezembro de 2011
Fim
Então ...
Espero que tenham gostado dessa deliciosa brincadeira.
As músicas são simplesmente gosto pessoal e as fotos retiradas do google, nada programado para divulgação mas somente para ajudar a sonhar e soltar a imaginação.
Gostaria que você deixasse um comentário da sua impressão neste conto.
Abs,
Monique Neves
Especial e Último capítulo ...
Ao chegar na pensão M estava euforia. Iria me
reencontrar, estaria em poucas horas de volta aos braços do seu grande amor.
Sabia que com a minha ajuda, tudo voltaria aos eixos. Foi para o seu quarto e
pensou. Tenho que estar linda pra reencontrar o meu amor. Mas... não tenho uma
roupa descente. Tudo que tenho recebi de doação da ONG na Bolívia. Pensou M
abrindo seu armário e conferindo as poucas peças de roupa que tinha. M voltou a
sentar na cama, olhou sua bolsa, abriu e conferiu na carteira o quanto tinha de
dinheiro. Não era muito, mas era tudo que tinha sobrado do salário que recebeu
por seu trabalho na administração da ONG. M não pensou duas vezes. Fechou sua
bolsa e saiu, foi ao centro da cidade ver se conseguia comprar pelo menos uma
blusa para ir ao show. Andou bastante e encontrou um vestido, simples e
discreto, como ela. Pagou pela roupa, pegou seu vestido e voltou para a pensão.
Iria se preparar para seu reencontro.
A noite conforme o combinado André apareceu na hora marcada
para pegar M na pensão. Assim que a viu não pode deixar de elogia-la.
- Nossa. Cara de sorte ele hein!
M na hora corou. Deu uma pequena ajeitada no cabelo,
tentando disfarçar sua timidez. A tempos não ouvia um elogio masculino.
- Deixa disso M. Vamos, seu príncipe já deve tá chegando.
Disse André lhe estendendo a mão.
Eles entraram no carro de André e rumaram para o local do
show. Assim que chegaram M se espantou com o movimento. Estava desacostumada
com multidões. Ficou um pouco apreensiva.
- Calma! Tá tudo no esquema. Garantiu André.
M apenas lhe sorri. Mas seu medo era de imaginar como
eu reagiria ao vê-la novamente. Viva! André entrou com M sem nenhum problema.
Assim que chegaram aos bastidores André tratou de providenciar uma pulseirinha
e um crachá de equipe de produção. Levou M até a frente do palco. M escolheu
ficar bem de frente ao meu microfone.
Chegamos no aeroporto e fomos direto para o
local do show. A rotina repetida e cadenciada me anestesiava da minha dor, mas
não a aliviava. Ainda no aeroporto, entrevistas, fotos, agradecimentos de ambas
as partes. Entramos no carro fornecido pela produção e seguimos para o show. Já
estávamos no horário então era chegar, fazer o aquecimento e subir no palco. E
assim fomos. Chegamos no local e por alguns instantes sinto algo diferente. Não
sei identificar mas um sentimento bom toma conta de mim. Olho para o céu
estrelado e mais uma vez volto meus pensamentos para M. Peço, rogo, pra que me
dê forças pra continuar minha rotina. Fomos para a parte de trás do palco,
todos a postos para o inicio do espetáculo. Sou tomado por uma alegria sem
explicações. Aproveito esse estranho momento para tentar retomar meu curso, a
minha vida. Sei que não encontrarei mais o amor da minha vida mas... quem sabe
não estaria nessa cidade a mulher que faria meu coração parar de sangrar. Pois
como dizia o escritor português José Saramago: “Se tens um coração de ferro,
bom proveito, o meu fizeram-no de carne, e sangra todo dia”. Terminamos de nos
preparar, subi ao palco e me deixei levar pela forte energia que senti me dominar
completamente. Olhei para todos, em seus devidos lugares, e comecei a dedilhar
meu fiel companheiro. Gritaria do outro lado da cortina então um sorriso surge
em meus lábios. Coisa que a muito não acontecia. O show começa.
O público ainda estava no escuro, não conseguia
ver os rostos das pessoas a minha frente, mas algo me atraia para bem em frente
ao palco. Era como um imã. Tentei identificar as fisionomias das pessoas que
estavam bem a minha frente. Percebi que tinha uma moça, sentada bem junto à
grade, senti meu coração disparar, de uma forma inexplicável, mas ainda não
tinha conseguido ver seu rosto. Terminada a primeira música e emendamos a segunda.
M assim que ouviu os primeiros acordes se emocionou
profundamente, era eu, ali, tão perto novamente. Não via a hora das cortinas se
abrirem e me ver novamente. Seu coração estava aos pulos tamanha sua
felicidade. Respira fundo pra se manter calma. Não podia acreditar que
finalmente estava retomando sua vida. Agora ao lado do seu grande amor. Assim
que as cortinas se abrem e M me vê, seus olhos se enchem de lágrimas que correm
como um rio por sua face. Ela se sente imensamente feliz. Não só por me ver
novamente mas principalmente por me ver bem, com saúde, e retomando minha vida.
Ela me vê feliz. Sabe a importância que tudo aquilo representa em minha vida.
Percebe que olho em sua direção, sorrindo, mas vê no fundo dos meus olhos uma
tristeza. M se entristece, repara que estou feliz, mas não completamente. Ele
sofre pela minha perda. Pensa.
O show prossegue como de costume, quando finalmente as luzes
de frente do palco se acendem viro minha atenção para o local onde a tal moça
estava e então a minha surpresa. Era ela, ali, na minha frente, linda,
sorrindo, aquele sorriso que tanto me encantava, viva? Não, não pode ser.
Continuo a fita-la tentando acreditar no que meus olhos, meu coração e minha
alma gritavam para minha consciência. Era ela. Era M. Ali, na minha frente. O
Meu Amor estava ali. Era como um sonho. Um sonho bom. Eu custei a acreditar que
aquela visão era real. Por diversas vezes acordei no meio da noite. Tinha
sonhos diários com M, nunca tinha comentado sobre eles, nos meus sonhos M
conversava comigo. Dizia para não desistir da minha promessa e que um dia me
recompensaria pelo meu sacrifício de continuar a viver sem ela ao meu lado.
Em certo momento errei meus acordes, tinha me desligado de
tudo tentando acreditar que o que eu via não era mais um sonho meu. Leo, meu
irmão, parou o show e começou a brincar comigo. Assim que ele encostou a mão no
meu ombro percebi que não estava sonhando, que estava bem acordado. Olhei pra
ele espantado e ele percebendo meu susto brincou tentando disfarçar o ocorrido.
- É Victor, não tem jeito, você pode até pintar seus cabelos
grisalhos mas a idade chega pra qualquer um.
Arrancou risos da platéia. Mas disfarçadamente olhou para
onde eu tinha me distraído. Ao ver M ali. Chorando de felicidade a reconheceu
como sendo a garota do retrato. Nunca a tinha visto antes mas de tanto ver
aquela foto que eu carregava comigo pra onde quer que eu fosse ele não teve
dúvidas de quem se tratava. Então Leo confirmou minhas suspeitas. Mas brincando
para disfarçar o ocorrido de forma que eu percebesse que era tudo a mais bela
realidade.
- Ah! Agora entendi o motivo desse homem errar seus acordes.
Também com mulheres tão lindas aqui babando por você né, Victor. Tem mais é que
errar mesmo. Ó se eu fosse você não perdia tempo não. Olha só essa morena aqui,
vestida de preto. Apontou para M. Será que ela tem uma irmã pra me apresentar?
Perguntou apertando levemente meu ombro pra confirmar que eu
estava realmente vendo quem eu estava. Então fui tomado por uma onda de
felicidade, era ela mesma, e eu não estava sonhando.
- Ô meu irmão! Você é casado. Deixa sua esposa te ouvir
falando isso. Brinquei com meu maior sorriso nos lábios.
- Tô casado mas não tô morto. Retorquiu o Leo.
- Mas será assim que ela souber dessa estória. Emendei.
- É... vamos continuar? Perguntou Leo fingindo ter ficado
sem graça. Era tudo encenação para que eu voltasse a mim.
Voltei a olhar para M que era a mais pura felicidade.
Ela entendeu tudo e sabia que aquela encenação era só pra que eu confirmasse
que a tinha reconhecido. Assim recomeçamos de onde paramos.
O show recomeçou e a minha vida também, a partir daquele
momento era como se eu voltasse a viver. Pisquei o olho para M que me disse
pausadamente. TE A-MO! Passamos o resto do show assim, entre trocas de olhares
e sorrisos de felicidade. No final do show fiz sinal para que ela fosse para o
camarim o que atendeu prontamente mostrando sua pulseira e crachá. Assim que
terminamos voltei para o camarim com meu irmão atrás de mim. Eu estava
eufórico.
- Ela tá viva! Viva! Só sabia repetir.
Assim que entrei no camarim abracei forte meu irmão. Não
cabia em mim de tanta felicidade. Avisei a produção que não receberia ninguém
antes dela. Ela era a primeira e mais importante pessoa que eu queria ver
naquele momento. Fui prontamente atendido, há tempos que as pessoas não me viam
tão empolgado num final de show.
Assim que as cortinas se fecharam definitivamente M se
levantou de seu lugar, não tinha mais lágrimas nem tristeza, seu coração batia
forte e feliz. Logo André, seu colega de faculdade e por que não, seu padrinho
mágico veio ao seu encontro.
- Não falei pra você. Vamos? Reencontrar o seu grande amor?
Perguntou estendendo a mão para uma M mais do que sorridente.
Eles foram para os bastidores do show, graças ao crachá, a
pulseira e principalmente ao André M entrou rapidamente no local em que era o
camarim. Todos sorriam ao vê-la. Era como se já a conhecessem. Foi tratada como
uma pessoa da produção. Alguém mais do que especial. Direcionaram M para o meu
camarim. Eu eufórico e nervoso andava de um lado para o outro sempre de olho na
porta. Não continha nem disfarçava minha ansiedade em reencontrar M. Assim que a porta se abriu a vi ali, na
minha frente, linda e sorridente.
Então ...
sábado, 10 de dezembro de 2011
Cerca de dois meses depois...
Em uma cidade de fronteira da Bolívia com o Brasil. Num
hospital público de parcos recursos dois médicos conversam:
- Então, ela se lembrou de alguma coisa?
- Não nada ainda. Não poderei mantê-la mais aqui. Sabe como
é, temos poucos recursos e ela já está recuperada, menos a memória que ainda
não voltou. Falei com a assistente social, não sei mas ela me parece ser
brasileira. Fala pouco e às vezes não compreende o que falo.
- Lembra-se. Ela chegou aqui trazida por aquele camponeses.
No mesmo dia em que tivemos aquele ataque no rio, perto da fronteira. Será que
é traficante?
- Não me parece. Mas infelizmente não posso mais ajuda-la.
Amanhã ela terá alta.
Passaram-se dois meses e aos poucos voltei a minha vida, não
completamente, pelo menos não da mesma forma. Agenda cheia, entrevistas, fotos,
tudo igual e ao mesmo diferente do que tivera sido. Estávamos em Cuiabá,
capital do Mato Grosso para mais um show quando então minha vida novamente deu
uma guinada e voltou aos eixos. Mas ... antes de contar sobre isso é preciso
voltar, voltar pelo menos 2 meses. Mais precisamente a cidade de Corumbá. O
dia? O dia em que achei ter morrido também ...
Dois meses antes, em Corumbá ...
Durante a perseguição no Rio Paraguai Tuca tinha orientado M
a ficar no fundo do barco para que não se machucasse. Ao ser interceptado pelo
exército Tuca acelerou o barco tentando escapar. Então uma rajada de tiros os
fazem se abaixarem tentando se protegerem. M olha para trás e vê uma lancha se
aproximando, olha para Tuca que não percebe que têm companhia. Uma outra rajada
de tiros então M não pensa duas vezes e se joga na água. Mas ao cair M bate com
a cabeça no casco do barco e perde os sentidos quase que se afogando. Seu corpo
inerte passa pela lancha do exército, onde os soldados não percebem sua
presença seguindo em direção ao barco onde Tuca estava. Uma outra rajada de
tiros acontece só que dessa vez certeira, no motor do barco fazendo-o explodir.
M tem seu corpo levado pela correnteza parando junto a
pedras que formavam uma cachoeira. Ficando ali para ser encontrada somente no
final do dia.
No fim de tarde Juan e Carlos estavam passeando pela mata
tentando caçar algum animal para comer. São os filhos dos camponeses bolivianos
Maria e Sebastian. Estão ali escondidos da mãe que sempre os proibia de andar
pela mata, com medo que encontrassem com os traficantes locais, a máfia das
drogas utilizava a mata como esconderijo e como porto de embarque e desembarque
de mercadorias. Em meio a brincadeiras com o irmão Carlos vê o corpo de M preso
nas pedras.
- Veja Juan! Aponta para M.
- Um corpo! Será que é um traficante?
- Não sei, mas já vou descobrir. Disse Carlos já se
encaminhando para a beira do rio.
- Cuidado pode tá vivo! Alertou o irmão.
Carlos se aproximou devagar ao perceber que estava
desacordada gritou para o irmão.
- Juan! É uma mulher, me ajude aqui!
Os irmãos bolivianos retiraram M da água e perceberam que
estava viva, apenas desacordada. Com um pouco de dificuldades arrastaram M para
longe daquele local. Tinham receios de encontrar os traficantes. Juan e Carlos
colocaram M em cima da sua carroça e rumaram para o posto médico da cidade.
Falaram com o enfermeiro local e deixaram M sob cuidados médicos voltando
imediatamente para casa.
M aos poucos foi recuperando os sentidos. Estava confusa,
não se lembrava de nada. acordou em um hospital, os enfermeiros falavam uma
língua estranha. Às vezes compreendia, às vezes não. Como tinha fortes dores de
cabeça achou que era ela que não estava escutando direito. Passou dois meses
internada, se recuperando do trauma, mas a sua memória, não voltava. Certo dia
recebeu alta e foi orientada pra uma assistente social. Essa mulher foi quem
lhe ajudou a retomar sua vida de antes. Através de sua indicação M ficou em um
abrigo sustentado por uma ONG. Em troca de casa e comida M ajudava na administração.
Aos poucos, com ajuda de um analista M recuperou a memória graças a ONG pode
voltar ao Brasil. Entrou novamente no país através de Cuiabá, capital do Mato
Grosso. Tinha que recuperar seus documentos, sua identidade, mas isso não era
assim tão fácil. Descobriu que foi dada como morta. Até um enterro tinha sido
feito em Uberlândia. M então pensou em mim e na minha dor. Pensou também em
quem teria sido enterrado em seu lugar então lembrou. Tuca!
M tinha acabado de sair de um posto da policia federal,
estava tentando retomar sua identidade, andando pelo centro é retida por um
homem que lhe segura pelos braços.
- M! M é você? Nossa como você tá diferente!
Era André, um amigo de faculdade de M. Ele era de Cuiabá e
assim que terminou os estudos em BH tinha voltado para sua cidade e trabalhava
numa produtora de shows. André convidou M para almoçar que aceitou prontamente.
Como era bom ver e conversar com alguém conhecido. Durante o almoço M conversou
com André. Explicou o que tinha lhe acontecido. Inclusive o seu envolvimento
comigo.
- Nossa! Essa estória daria um livro. Ou melhor um filme!
Mas nada nessa vida é por acaso M. Você não vai acreditar. Eu trabalho numa
produtora, como já lhe disse e hoje teremos um show doVictor & Leo aqui na
cidade. E pode ter certeza. Você vai a esse show e vai reencontrar o seu grande
amor. Prometeu André.
- Eles estão aqui? Perguntou M esperançosa.
- Não ainda não. Eles vão chegar só na hora do show
mesmo. Mas não se preocupe. Tenho seu endereço, da pensão em que você está hospedada.
A noite eu passo lá e te apanho. Você vai como minha acompanhante, vou te
colocar na frente do palco. Assim quando ele te ver o resto se faz por si só. E
assim eles se despediram. André voltou para a produtora e M para a pensão em
que estava hospedada.
sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
Na manhã seguinte acordei com a claridade do dia, virei para
o lado e vi a bolsa de M ao meu lado. Como eu preferira que ao invés da bolsa
fosse ela ali. Junto a mim.
- Que saudades! Suspirei acariciando o couro da bolsa.
Levantei e fui me arrumar para o dia mais difícil da minha
vida. Me despedir definitivamente de M. Tomei um breve café. Continuava sem
fome. Sai de casa e passei na produtora, pedi ajuda ao Rodrigo, produtor, sabia
que não teria condições de fazer tudo sozinho. Saímos de lá direto ao IML,
graças ao Marcel não tivemos empecilhos burocráticos. Saímos de lá com M,
caixão fechado, por conta do estado em que seu corpo se encontrava,
carbonizado. Fomos direito para o cemitério. Quanto mais rápido isso se
acabasse, melhor. Mas a dor ... a dor, meu caro leitor, só fazia aumentar. Foi
um enterro breve, simples e singelo como ela. Me despedi de M depositando uma
rosa vermelha em seu túmulo. Sai dali mas uma parte de mim ficou, enterrado com
M.
Pedi para Rodrigo resolver sobre o apartamento de M. Não
tinha coragem nem forças para entrar lá. Lhe entreguei a bolsa e com ela as
chaves de seu apartamento. Voltei pra casa e fui direto para meu quarto. Estava
exausto e no final de semana teria shows novamente. Tinha que voltar logo aos
palcos caso contrário, não voltaria nunca mais. Prometi a mim mesmo e a M, em
seu túmulo, que tentaria a todo custo voltar a viver mesmo que fosse pela
metade. Rodrigo conseguiu resolver tudo, doou as roupas de M a uma casa de
caridade, junto com alguns dos móveis. Entregou o apartamento na imobiliária
que o administrava, M era uma pessoa muito organizada então não foi difícil
resolver as coisas. Dois dias depois estava eu no aeroporto, pronto para voltar
a minha rotina. Encontrei com Rodrigo que me entregou um pequeno embrulho.
- Toma. Consegui resolver tudo mas guardei isso pra você.
Caso queira ficar com alguma lembrança.
Abri o pequeno pacote e vi que era um porta retrato, com uma
foto de M, linda e sorridente. Ela era feliz, mesmo com tanta rejeição e tanta
dificuldade não tinha se deixado vencer e sempre estava sorrindo. Fechei os
olhos e respirei fundo tentando controlar a dor que já me dominava por
completo. Agradeço ao Rodrigo pela ajuda, se não fosse assim, com certeza não
conseguiria seguir adiante. Retirei a foto do porta retrato e a guardei em
minha pasta, junto ao meu caderno de composições. Assim a teria por perto,
sempre. Então voltei a minha rotina que já não era mais a mesma. Eu não era.
No primeiro show, o primeiro sem M. Percebi o quanto
seria difícil para eu continuar, mas eu tinha feito uma promessa e iria tentar
cumpri-la a qualquer custo. Foi a forma que encontrei de continuar o meu
caminho. Todos me apoiaram e me ajudaram. Cantar era uma forma de homenagear M,
não a mulher que amo mas a fã que tantas vezes esteve por perto e longe ao
mesmo tempo.
quinta-feira, 8 de dezembro de 2011
Assim que cheguei em casa percebi que tinha visita, um homem
tomava café na minha sala. Ao ver que tinha chegado, se levantou e se virou
para a porta.
- Marcel! Tudo bem?
- Olá Victor! Como você tá? Vim aqui te ver e pedir sua
ajuda.
- Indo. Fazer o quê? Não temos controle sobre essas coisas
né! Disse tentando me conformar. Mas me diga. O que você tá precisando?
Marcel tinha um pacote em mãos. Ele me entregou. Abri e era
a bolsa de M. Tinham levado para a delegacia e não sabiam de nenhum parente
dela. Pelo menos não encontraram ninguém. Senti um aperto na garganta e meus
olhos marejarem. Respirei fundo e olhei novamente para Marcel.
- Você é a única pessoa que era mais próximo a ela. Não
conseguimos encontrar o paradeiro de parentes. É bastante estranho.
- Ela era sozinha. Respondi.
Pelo menos a dor de rejeição de seus pais iria ser
preservada. Era um segredo de M e que se dependesse de mim tinha morrido com
ela.
- Foi o que imaginei. Não conseguimos extrair o DNA do corpo
encontrado, mas encontramos rastros na mata, perto da fronteira. Algumas
pegadas, pelo menos de duas pessoas e uma terceira, arrastada. Não temos
dúvida, Tuca foi resgatado pelo tráfico boliviano, perdemos mais uma vez. Não
sei o que fazer com isso. Disse apontando para a bolsa. Então pensei em você.
Talvez você soubesse de alguém, algum parente mais próximo.
- Ela não tinha ninguém. Reiterei.
Perguntei pelo corpo e Marcel me informou que já estava
sendo trazido para Uberlândia, na manhã seguinte, se fosse do meu agrado,
poderia requisita-lo no IML sem me preocupar com as burocracias. Marcel havia
orientado para que o liberassem para mim. Agradeci ao Marcel e ele se despediu
logo em seguida. Assim que fechei a porta e voltei a ver aquela bolsa ali
sentei no sofá, a peguei e abracei me deixando vencer pela dor.
Fui arrancado do meu dolorido transe com a voz de D. Graça.
- Seu Victor!
- Hã! Sim D. Graça.
- A janta. O senhor não comeu nada nem ontem nem hoje, o
senhor precisa comer alguma coisa senão vai acabar doente.
Doente, muito doente, mortalmente doente, era assim que me
sentia. Mas a minha cura já não existia mais.
- Não, obrigado. Não tenho fome.
Levantei daquele sofá, o mesmo onde M quase que
inconsolável tinha sentado para se desculpar pelo soco que Tuca havia me dado.
Respirei fundo, tentando controlar uma dor incontrolável. Fui para o meu
quarto, fechei a porta e me sentei na cama abrindo a sua bolsa. Comecei a mexer
em suas coisas, seu batom, sua carteira, ao abrir me deparei com uma foto
minha, uma foto feita comercialmente, senti um aperto muito grande no peito e
logo as lágrimas rolaram em minha face. Vi as chaves do seu apartamento então
parei para pensar. E agora? As suas coisas, como farei? Coloquei tudo na bolsa
novamente. Amanhã penso nisso. Hoje não. A saudade ainda é muito forte pra me
preocupar com coisas práticas. Voltei a me deitar. Adormeci abraçado a bolsa de
M. Podia sentir o cheiro de seu perfume nela.
quarta-feira, 7 de dezembro de 2011
Senti um aperto profundo no peito, logo minha visão
escureceu, não vi mais nada então.
Chegamos ao local da fumaça, acordo desnorteado, estão
todos fora de seus carros, somente eu tinha ficado. Saio meio que anestesiado.
De certa forma meu organismo se preparou para o que iria ver. Era uma
verdadeira operação de guerra. A lancha do exército dava voltas ao redor de uma
bola de fogo, tentava se aproximar mas não conseguia. Os helicópteros iam e
vinham para o mesmo local. Aos poucos fui me aproximando da margem do rio. Ao
me deparar com aquela cena senti minhas pernas fraquejarem. Sou amparado pelos
paramédicos então tudo escuro novamente.
Quando voltei a mim estava deitado no chão sendo atendido
pelos paramédicos, minha glicose tava baixa por isso o desmaio. Levanto com
ajuda dos que me atendem olho em direção ao rio e só vejo uma carcaça de ferros
retorcidos. Pergunto por M, ainda tonto, todos se entreolham mas não me
respondem. Levanto e vou em busca de informações. Encontro Marcel então
novamente pergunto:
- Marcel! E M?
Marcel me olha com um olhar triste e cansado da ação.
- Não tenho boas notícias pra você meu amigo. Infelizmente
só encontramos um único corpo no barco. Parece que alguém pulou do mesmo
momentos antes da explosão, estão procurando pelas margens e na mata por aqui.
Acreditamos que tenha sido o Tuca que fugiu.
- Mas esse corpo. Era o de M? Tem certeza? Perguntei
tentando me enganar.
- O corpo foi carbonizado, não tem como identificar, a não
ser por DNA. Mas não quero te dar falsas esperanças Victor. Tuca é um cara
muito inteligente, ele já escapou diversas vezes de um cerco policial. Não
temos dúvidas que ele conseguiu novamente, só esperamos conseguir captura-lo na
mata antes da fronteira. Estamos correndo contra o tempo.
Senti minhas pernas fraquejarem novamente, mas não era a
minha glicose. Era o meu coração que acabara de morrer um pouco. Essa notícia
era a que eu mais temia. M morta! O meu único e derradeiro amor não estava mais
comigo, não voltaria aos meus braços se aconchegando para dormir um sono
tranqüilo e acolhedor.
Ficamos ali por mais algumas horas, conseguiram
resgatar o corpo mas não tive coragem de ver. Me sentia morto também. Pelo
menos uma parte de mim morrera com aquela explosão. Voltei para o hotel e
fechei minha conta. Avisei ao piloto do jatinho que iria voltar a Uberlândia
naquela manhã ainda, pedindo para que deixasse tudo pronto. Me despedi de todos
que tentaram me ajudar a resgatar um pouco da minha própria vida. Era o mínimo
que podia fazer. Peguei minhas coisas e rumei para o aeroporto. No vôo uma
tristeza sem fim. Olhava o mundo ao meu redor mas nada era como antes. Nada
tinha cor. Era como se eu estivesse vendo tudo em preto e branco.
Cheguei em Uberlândia e meu irmão me esperava no aeroporto.
Dei-lhe um abraço apertado. Agora era seguir meu caminho. Sozinho. Fui para
casa, tomei um banho e fui me deitar. Depois dessa agitação toda meu corpo só
pedia cama e minha mente... bem minha mente simplesmente se esvaziou. Não
pensava em mais nada. Acordei já era noite, não tinha jantado no dia anterior,
nem café da manhã, muito menos almoço. Não sentia fome. D. Graça tinha feito um
caldo forte para mim. Confesso que com muito custo sorvi algumas poucas
colheradas, nem a comida tinha mais gosto. Voltei em seguida para meu quarto.
Queria voltar a dormir quem sabe não acabaria acordando desse pesadelo.
No dia seguinte acordei tarde, não tinha fome, não tinha
força, não tinha nada. Minha vida se tornou um completo vazio. Tudo não tinha
sentido. Não sentia nada. Levantei da cama como que obrigado a viver, quando já
não tinha mais motivos pra tal. Tomei um banho tentando me demover daquela
inércia. Fui até a cozinha, olhei a mesa posta, linda. Me lembrei de M, do
nosso último café da manhã, na sua cozinha. Respirei fundo pra não chorar.
Peguei apenas uma xícara de café puro e tomei um pequeno gole. Era como se
minha garganta tivesse se fechado, assim como minha alma se fechou para o
mundo. Sai e fui para a produtora, tinha que retomar minha rotina. Agora uma
triste e melancólica rotina. Consegui que retomassem nossa agenda no final da
semana. Tinha ainda pelo menos 3 dias para me recuperar. Pelo menos teria de
volta a minha paixão, minha segunda paixão uma vez que a primeira tinha
morrido. Cantar e subir em um palco para me apresentar agora não parecia mais
ter nenhum significado para mim. Saí da produtora tarde, já tinha escurecido.
Peguei meu carro e no meio do transito começa uma chuva fina, não tinha como
não me lembrar de M. Pois foi num dia de chuva que nos beijamos a primeira vez.
terça-feira, 6 de dezembro de 2011
Assim que percebemos que Tuca novamente
conseguiu escapar voltamos para o quartel do exército. O plano A tinha furado,
então nos preparamos para o plano B, muito mais bem equipado e mais perigoso
também. Iríamos pra fronteira com a Bolívia, e lá o confronto seria de guerra
pois era de conhecimento geral que os traficantes bolivianos se escondiam na
mata junto ao Rio Paraguai. Saímos do quartel novamente em comboio só que dessa
vez eram 10 carros e novamente o meu era o último e com os paramédicos como
companhia. Pegamos então a estrada que corre em paralelo ao leito do rio. Num
certo momento um grupo se destaca de nós, tomando outro rumo, era o pessoal que
iria fazer uma busca pela água, inclusive os tais atiradores de elite estavam
nesses três carros. Acompanhei com os olhos eles se afastando enquanto
continuávamos na estrada. Logo diminuímos a velocidade até pararmos. Encontramos então um carro
abandonado na margem da mata, aberto. Era o carro da fuga. Ouço um barulho
forte, passam então sobre as nossas cabeças dois helicópteros do exército levando
os atiradores de elite.
Os militares entram na mata mas não posso seguir com eles,
faz parte das regras. Ficamos ali escutando toda a movimentação tática através
dos radio transmissores. Ficamos aguardando instruções. Logo vemos os
helicópteros voltando, eles estavam fazendo a busca nas margens do rio ou já
tinham deixado os atiradores em seus locais estabelecidos para a ação. Fico
apreensivo com todo esse movimento. E se Tuca resolvesse se livrar de M? Ou
pior, se no desespero ele levasse M com ele para fora do país e desse cabo dela
assim que tivesse a salvo? Esses eram os meus pensamentos naquele momento. Logo
olho para o céu, o dia começa a amanhecer, impressionante como nesses momentos
as horas passam tão rápido.
Na mata, Tuca corre entre as árvores, arrastando
M com ele. Logo chegam a margem do rio. Tem um barco escondido ali, Tuca tira o
pano que o camufla, empurra o barco para a água e coloca M dentro, liga o motor
e segue em direção a foz.
Ele orienta M a ficar sentada no fundo do barco, para sua
própria segurança. Logo os helicópteros avistam a embarcação e através de um
auto-falante dão ordem para parar.
- Atenção. Aqui é o Exército brasileiro. Desligue o motor e
coloque as mãos na cabeça.
Tuca olha para o alto mas não se intimida e acelera ainda
mais, o barco começa a quicar na água tamanha a velocidade que alcança. Ele
segue contra a correnteza tentando alcançar um posto avançado dos traficantes
bolivianos, depois da fronteira com o Brasil. Se alcançasse estaria livre.
Logo recebemos ordens de voltar, iríamos acompanhar a
perseguição de carro, as margens do rio. Um grupo entrou na mata, iria tentar
uma perseguição por terra. Voltamos a estrada. Logo nos afastamos da cidade e
podíamos ver o curso do rio. Ao longe podia ver os helicópteros então ouvimos a
mensagem no radio transmissor que tinham interceptado um barco suspeito e que o
mesmo se recusou a parar. Olhei para o rio e vi uma lancha passar por nós em
alta velocidade. Era uma lancha do exército de fronteira. Fico apreensivo pois
agora é um confronto aberto. Temo por M.
Na lancha Tuca acelera ao máximo, o barco se sacode inteiro
a cada contado com a água. Ele grita pra M se segurar e se volta pra frente
guiando o barco em direção ao seu objetivo. Mais uma vez o alto-falante do
helicóptero dá ordem para parar só que dessa vez ameaça.
- Pare! Pare senão atiro!
Tuca mais uma vez ignorou então uma rajada de tiros cortou a
água do Rio Paraguai. M se encolhe toda na parte de trás do barco enquanto que
Tuca abaixa a cabeça mas se mantém firme em seu curso.
Ao ouvir os tiros fico desesperado, mas não posso fazer
nada. Só me resta acompanhar apreensivo a comunicação através do rádio. Uma
confusão de informações, não consigo acompanhar direito os acontecimentos,
muitos gritos, ordens e mais tiros. De repente um estrondo. Olho para frente e
um cogumelo de nuvens pretas surge ao longe. Então mais gritos.
- Explodiu! O barco explodiu! Gritavam no rádio.
segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
Assim que entra no hotel o agente federal se
identifica para o dono do local que se assusta com a sua presença. Normalmente
o local é freqüentado por casais, prostitutas e seus clientes, ele pergunta
sobre Tuca e M, o dono confirma a presença deles mas não quer confusão no seu
“estabelecimento”. O agente então intervem de forma mais firme e convence o
homem a levá-lo até o quarto em que estão. Ele concorda muito a contra gosto. O
agente lhe passa então instruções de como proceder. Ele irá bater na porta do
quarto, dizer que tem uma ligação pra Tuca na recepção. Sair da linha de tiro
assim que Tuca aparecer na porta. Eles chegam ao 9º andar, se encaminham pelo
corredor e param em frente ao quarto onde estão Tuca e M. Tuca ouve os passos e
fica em alerta, silenciosamente ele pega a sua arma que estava ao seu lado no
chão e engatilha. M levanta assustada e Tuca só faz sinal de silêncio com a
mão. Ele se levanta bem devagar. Batem na porta.
- Quem é? Pergunta Tuca já a postos e colocando M num canto
do quarto, longe de qualquer possibilidade de se ferir.
- Sou eu! Responde o homem, sob o olhar do agente que também
já estava com a arma em punhos.
- O que você quer? Tá tarde, tamos dormindo! Despistou Tuca,
já indo para a janela e vendo os carros da policia federal e do exercito no
lado de fora do prédio.
- Telefone para o senhor! Responde apreensivo o homem que
começava a suar em bicas.
Tuca fica nervoso, não disse a ninguém onde estava
hospedado. Tinha conversado com um comparsa boliviano, o mesmo que sempre lhe
ajudava em casos de “carregamento extra”. Eles tinham por hábito não dizer onde
estavam nem como serem encontrados, tinham todo um esquema para não serem
descobertos. Tuca se aproximou de M e sussurrou:
- Eu vou abrir, tem policial aí que eu sei. Vai ter tiros.
Você fica aqui. Não sai daqui entendeu? Disse levando-a para o banheiro e
encostando a porta. Quietinha!
M entrou em pânico, tremia toda e assim que Tuca fechou a
porta do banheiro, correu e se escondeu atrás do box, tentando se proteger.
Assim que fechou a porta do banheiro, colocando M em
segurança Tuca voltou para a porta e olhou no olho mágico. Respondendo:
- Já tô indo. Obrigado! E ficou vigiando. O homem então se
denunciou, Tuca viu através do olho mágico que ele falava com alguém pois
reparou que ele gesticulava e olhava para o lado direito do corredor. Tuca
respirou fundo. Destrancou a porta lentamente e a abriu devagar. Assim que
abriu a porta. Num pulo se virou para o lado direito do corredor e deu 3 tiros
acertando o agente em cheio, matando-o. olhou para o dono do hotel e não pensou
duas vezes. Mais 3 tiros todos na cabeça e no peito. M ao ouvir o barulho de
tiros se encolheu mais ainda. Tuca vem então rapidamente, abre a porta do
banheiro, puxa M pelo braço e a arrasta prédio acima. Quando tinha saído logo
que chegou Tuca percebeu que poderia fugir pelo telhado do prédio e pra lá se
encaminhou.
Assim que ouvimos tiros entrei em pânico tentei ir em
direção ao hotel mas me seguraram. Imediatamente os homens que estavam no lado
de fora invadiram o hotel, logo mais tiros foram ouvidos. Me desesperei e
gritei por M. Tuca rapidamente alcançou o telhado, arrastando M com ele. Eles
pegaram uma escada de incêndio e saíram em outro prédio, abandonado. Tuca
corria feito um alucinado, M estranhara sua energia mas logo pensou. Cocaína.
Ele deve tá drogado. Passaram por outras duas saídas de emergência. Todos os
prédios eram abandonados. Tuca sabia perfeitamente o que estava fazendo,
conhecia muito bem sua rota de fuga, pois já a tinha traçado. M tentava
acompanha-lo e muitas vezes caiu, machucando seus joelhos.
Depois de uma corrida alucinante alcançaram uma rua
próxima ao hotel em que estavam hospedados. Era uma rua muito movimentada, Tuca
com a arma em punho foi para o meio do transito com M, parou um carro ameaçando
o motorista que foi arrancado do veículo por Tuca que entrou em seguida com M
ao seu lado, arrancando no meio daquele caos. Logo a policia e o exercito os
alcançaram. Foi uma perseguição digna de um filme de ação americano. Mas era a
realidade acontecendo. E M e Eu éramos personagens dessa estória alucinante.
Tuca consegue mais uma vez despistar a policia. Entra em outras ruas, saem do
carro, abandonando-o e pegam outro, da mesma forma. Chegam perto do Rio
Paraguai e Tuca mais uma vez abandona o carro, só que dessa vez, na estrada
paralela ao rio e arrasta M para o meio da mata, sempre correndo, sempre
insano.domingo, 4 de dezembro de 2011
No mesmo dia recebi a visita de um detetive da
delegacia onde o caso foi registrado. Ele me informou todo o plano, me
prontifiquei a ir, ele concordou desde que eu não atrapalhasse a ação. Liguei
para a produtora e avisei para cancelarem os shows marcados e tudo mais que
tivesse sido agendado. Não iria fazer nada enquanto não conseguisse resgatar M
das mãos de Tuca. Tentaram em vão me demover do meu propósito mas não
conseguiram eu estava irredutível. De repente uma força imensa tomou conta de
mim. Decidi que iria atrás deles e resgataria M de qualquer forma, a qualquer
custo. Através dessa força que me movia tomei as rédeas da situação e fui a
luta. Mandei preparar no nosso jatinho e rumei para Corumbá, cidade fronteira
com a Bolívia.
Tuca fez toda a viagem até Corumbá da mesma forma, pegando
estradas paralelas, parando para abastecer e se alimentarem somente em postos
de cidades pequenas, mas não sabia ele que já estavam em seu encalço. Ao
chegarem em Corumbá Tuca se hospedou num muquifo com M. Ficaram no mesmo
quarto. M se preocupou com o que Tuca iria fazer. Ele entrou com ela no quarto
verificou as possíveis rotas de fuga então orientou-a.
- Toma um banho e descansa. Vou sair mas não demoro, falta
pouco M. Por favor, colabore e não tente fugir nem se comunicar com ninguém. Se
tudo der certo amanhã você e eu estaremos livres.
M concordou com a cabeça, estava cansada da viagem
pois não conseguiu mais pregar o olho na estrada. Tuca saiu do quarto
trancando-a por dentro. M esperou um pouco e foi verificar se tinha como
escapar dali. Olhou a janela mas era um andar alto e não tinha por onde se
apoiar pra fugir. Olhou pelo quarto, mas também não tinha telefone. Ficou ali
por mais um tempo então desistiu. Resolveu tomar um banho e assim que o fez
voltou ao quarto e se deitou dormindo logo em seguida.
Eu cheguei a Corumbá, o delegado de Uberlândia e um detetive
da polícia federal foram comigo no avião. Nos hospedamos em um hotel no centro
da cidade e logo que nos acomodamos fomos para um quartel do exército para
fechar todo o plano de captura do Tuca. Vi que estavam se preparando para uma
guerra. Assim que definiram tudo puxei o detetive que convidou pra estar nessa
empreitada e perguntei:
- Marcel! Isso tudo não é um risco para M? Estou preocupado
com a sua segurança.
- Você tá falando isso por causa dos atiradores de elite que
estarão nas margens do Rio Paraguai, né?
Eu concordei com a cabeça.
- Calma Victor! Sei que pra você que não tá acostumado
pode parecer perigoso, mas nós estamos só nos precavendo, esses traficantes são
cheios de recursos temos que nos cercar por todos os lados. Os atiradores de
elite que você ouviu falar são especialistas nesse tipo de confronto. Não se
preocupe, estamos trabalhando só com os melhores.
M acordou assim que ouviu o barulho na porta. Era Tuca
chegando, olhou ao redor e viu que já tinha anoitecido. Tuca trazia uma marmita
para M que apenas beliscou um pouco da comida. Não tinha fome e não parava de
pensar em quando é que aquele pesadelo iria terminar.
- Você tem que comer M. Senão vai ficar doente. Disse Tuca
preocupado.
- Não tenho fome. Quanto é que você vai me deixar ir embora?
- Amanhã. Eu prometi, não prometi? Então, amanhã você vai
comigo até a fronteira e de lá deixo você ir, em paz. Garantiu Tuca.
M concordou com a cabeça, não tinha mais força nem condições
de pensar em nada, sentia-se fraca em todos os sentidos.
- Vem, agora vamos dormir, amanhã o dia será longo.
Disse Tuca se recostando na cama. M ficou olhando-o, não
iria dormir com ele, de jeito nenhum. Tuca, percebendo sua reticência se
levantou da cama. Pegou o lençol e um dos travesseiros e disse:
- Você fica com a cama M. Eu vou ficar no chão mesmo. Pode
ficar tranqüila, não vou encostar em você. Disse já se direcionando para o chão
junto a porta do aposento.
M voltou a se deitar na cama mas não pregou o olho a
noite toda. Tuca também não.
Depois de diversas reuniões que apenas assisti voltamos ao
hotel em que estávamos hospedados, eu, o delegado da civil e o detetive
federal. Subi ao meu quarto, tomei uma ducha pra me refrescar e desci pra
jantar. Não tinha fome, mas precisava me manter bem disposto, pois o dia
seguinte prometia ser tenso. Assim que cheguei no hall do hotel fui parado pelo
Marcel.
- Acharam o esconderijo dele. Disse eufórico.
- Eles estão aqui?
- Estão, não disse, o nosso grupo de inteligência tava rastreando
eles. Eu sei que ela tá bem, viva e sem machucados. Estão num hotel aqui perto,
estamos nos preparando para invadir, você vem?
- Claro! Agora?
Marcel só concordou com a cabeça, saímos imediatamente do
hotel e voltamos para o quartel do exército.
Quando chegamos no quartel estavam todos agitados, mil e um
preparativos, um verdadeiro arsenal de guerra, ver tudo aquilo me deixava feliz
mas também apreensivo. Estava preocupado com M. Como será que ela tava? Será
que ele a machucara? Rezava para que não e que tudo terminasse logo e nós dois
pudéssemos voltar pra casa, sãos e salvos. Marcel vem até mim e me dá
instruções, não posso ficar perto do confronto, uma questão de segurança, ele
me orienta a ficar com o grupo de resgate que sairá depois. Eu concordo, ele me
explica como será realizada a ação e que assim que tudo acabar eles me levam
até M. Concordo com tudo. Ansioso.
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