sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Numa próxima fanfic ...

"... ali, sozinho com seus pensamentos e sentimentos Leo suspira, um suspiro que vem do fundo do peito. Olha o telefone em cima da cômoda. Pensa se deve ou não ligar, saiu de casa brigado. Logo ele que detestava brigas estava vivendo um tormento em sua vida. Sem pensar muito se sentou na cabeceira da cama, pegou o aparelho e discou para ..."Aguardem!

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Reflexões de um ano que passou

Quem não faz reflexões nessa época do ano? Rever tudo que viveu e aprendeu nesse ano que está terminando? É um exercício que se não todos com certeza a maioria das pessoas fazem.
Sábado, 17 de dezembro de 2011. Não tem como esquecer essa data, um momento único e inesquecível. Já passava da meia-noite então na verdade já era domingo 18 de dezembro. O momento: show de Victor & Leo no Credicard Hall em São Paulo, aliás, fim do show ... Ao som do sucesso Borboletas sinto um nó em minha garganta, os olhos arderem e lágrimas transbordarem em minha face. Não são lágrimas de tristeza, são lágrimas de alivio um alivio bom daqueles que você sente quando finalmente fecha-se um momento importante em sua vida. E esse momento para mim foi o ano de 2011. Um ano incrível e cheio de decisões importantes na minha vida, profissional e pessoal.
A sensação de dever cumprido, de ter feito o meu melhor. De ter passado por momentos difíceis, daqueles em que você só pensa em largar tudo pro alto, desistir mesmo. Mas felizmente a experiência de vida que adquirimos com o passar dos anos, somado a pessoas especiais (verdadeiros anjos de minha vida) que aparecem nestes momentos para me carregarem e/ou empurrarem para frente tornaram estas experiências um grande aprendizado, momentos de amadurecimento que fui forçada pelo destino a encarar.
Como exercício de reflexão eu aconselho a você fazer uma lista, seja por mês do ano, seja por coisas que você fez. Ou as duas coisas juntas, por que não? Para mim funciona, e muito.
Segue então minha lista:

JANEIRO 





Nada como curtir seu niver cercada de amigos. Receber mensagens, e-mails, telefonemas e afins com demonstrações sinceras de carinho são provas que eu estou fazendo o certo. Presentes? Sim, ganhei muitos, materiais também mas têm coisas, sentimentos, gestos, palavras que valem muito mais do que qualquer objeto comercializável.

Resolução para 2012:
Não cometer o mesmo erro de outros anos em que eu simplesmente sumia do convívio social e torne a celebração de mais um ano de vida uma grande festa.

FEVEREIRO



Mês corrido e meio quebrado pelo carnaval, profissionalmente falando, mas como achar ruim um mês em que voltei a receber uma gratificação financeira pelo meu conhecimento profissional? Não tem como né?
Primeira reunião do grupo estadual que faço parte. Não foi o ideal, ainda, mas foi marcante pois serviu como modelo para unir ainda mais esse grupo (Fã Clube Sul Victor & Leo – RJ).

Resolução para 2012:
Não me acomodar e querer sempre mais e mais financeiramente falando, porém jamais pisando ou passando por cima de alguém.
Não desistir de reunir a turma, mas cada vez com um grupo maior e maior até conquistar a vitória máxima, reunir todos daqui do Rio.

MARÇO:
Mês cheio de shows, passeios.
Nesse mês também recebi a gratificante noticia que meu artigo científico estava aceito em um grande e importante periódico específico da minha área. Trabalho reconhecido é ótimo!
Também criei um blog (http://eu-gosto-de-tudo-um-pouco.blogspot.com/) onde tento me familiarizar com as novas tecnologias.

Resolução para 2012:
Definitivamente tenho que aproveitar mais da minha vida social.
Exercitar mais a minha escrita científica.
Deixar a preguiça e cair dentro do aprendizado nas novas tecnologias virtuais.

ABRIL: 

Pequenos momentos com as amigas, fortalecem as amizades. Rodízio de Tapioca na casa da Wanessa.
Mês de Páscoa, que me lembra meu vicio, chocolate. Hehehehe.

Resolução para 2012:
Fazer destes pequenos momentos atos contínuos.
Tenho que diminuir esse vicio, tudo bem que já estou bem mais controlada mas mesmo assim ainda dou umas escorregadelas. (#momentomeaculpa)

MAIO:



Shows fora da minha cidade (fui pro interior). Trabalheira, aborrecimentos e um aprendizado: Paciência e falar menos.
Viajar, decisão mais que acertada. Preparativos para um dos meus maiores prazeres, diversão, aprendizados técnicos e pesquisa foram importantes para esta decisão.

Resolução para 2012:
Contar até 1000 se for necessário.
Não falar o que vier na cabeça, pensar antes afinal nem todos recebem bem comentários sinceros e honestos.
Lembrar que tenho 2 ouvidos e só uma boca. Ouvir mais, falar menos.
Tenho que juntar mais e mais dinheiro para sustentar com tranqüilidade esse meu “hobby”.

JUNHO:


Viagem, linda e inesquecível onde fui muito bem recebida por minhas amigas virtuais e que hoje são mais do que amigas. São a minha família.

Resolução para 2012:
Alimentar estas amizades pois é isso que vai ficar na minha vida.

JULHO:
Trabalho, trabalho, trabalho e mais e mais trabalho.
Resolvi tomar vergonha na cara e fazer uma reeducação alimentar com orientação de uma profissional (#MinhaNutriPreferida). Consegui emagrecer 3 kg em 1 mês!

Resolução para 2012:
Repetir tudo isso. O trabalho enobrece o homem.
Manter e melhorar minha reeducação. Tenho que arrumar melhor meus horários para poder encaixar a atividade física com mais frequência.

AGOSTO:






Inicio da escrita do meu projeto para Doutorado.
Muitos eventos, shows e etc. Tive que rebolar para conseguir participar de tudo.

Resolução para 2012:
Organização da minha agenda, para não deixar tudo para cima da hora nem me enrolar como sempre acabo fazendo.
Que a resolução de Julho também me ajude hehehehe Pois sem dinheiro não dá.

SETEMBRO:


Continuação da agenda de Agosto, definitivamente se eu não me organizar melhor financeiramente numa dessas eu me quebro.
Bienal do Livro, uma das minhas paixões.

Resolução para 2012:
Ler mais ainda, esse ano bati meu recorde com 20 livros lidos. Pretendo comprar pelo menos 1 livro por mês.

OUTUBRO:





E mais shows.
Por falta de organização perdi o prazo de inscrição para seleção de Doutorado onde eu realmente desejo fazer.

Resoluções para 2012:
Organização definitivamente está no topo da minha lista de prioridades para o ano que vem.

NOVEMBRO:
Trabalho e mais trabalho. Com a perda do prazo para a seleção de Doutorado, tive que sumir um pouco do mundo virtual para não me perder nos outros prazos. Mas outra resolução importante, viajar novamente kkkk. Definitivamente sou um caso perdido.

Resolução para 2012:
Organização!

DEZEMBRO:
Com o final de mais um ano de muito trabalho fecho 2011 em grande estilo, finalmente tirando merecidas férias depois de quase 10 anos ininterruptos de muita dedicação profissional (só 15 dias, snif!). E da melhor forma possível, viajando, conhecendo e reencontrando amigos num lindo show.

Resolução para 2012:
Que eu possa repetir tudo que fiz em 2011, erros e acertos. Se o mundo não acabar em 2012 que eu me acabe nele.

Demonstrações de carinho

Fim de ano é sempre uma festa, comemorações a parte é sempre bom receber um mimo, um pequeno carinho dos amigos. Esse ano recebi várias demonstrações de amizade, seja através de uma simples conversa no msn até mesmo um gesto importante como um generoso, forte e sincero abraço em momentos que era justamente o que eu precisava.
Transcrevo aqui textos simples de cartões que recebi este fim de ano.
Da minha MAR (não me perguntem o significado desta sigla, só nós duas sabemos e isto basta) Denise:


" Uma amiga é uma jóia rara, não se encontra em qualquer lugar, é tesouro guardado na alma de quem sabe amar! Na alegria quando é pra sorrir. Na tristeza quando é pra chorar. a amiga é a força que te leva a lutar nos piores momentos de sua vida, no momento que a solidão faz tristeza em seu coração, sempre existe uma amiga trazendo carinho na mão! Então minha linda obrigada por tudo e principalmente pelo seu carinho, atenção, cumplicidade e acima de tudo isso a sua amizade."

De RenataScholles e Juliana Engelmann amigas virtuais no inicio, irmãs de alma na vida real:


 "Querida amiga!
Desejamos a Você um Feliz Natal e Próspero Ano Novo, cheio de novas conquistas e realizações. Agradecemos de coração por fazer parte dessa grande família, o FC Sul V&L.
Com carinho das amigas
Rê e Ju"

domingo, 11 de dezembro de 2011

Fim

Então ...


Espero que tenham gostado dessa deliciosa brincadeira.
As músicas são simplesmente gosto pessoal e as fotos retiradas do google, nada programado para divulgação mas somente para ajudar a sonhar e soltar a imaginação.
Gostaria que você deixasse um comentário da sua impressão neste conto.
Abs,
Monique Neves

Especial e Último capítulo ...

Ao chegar na pensão M estava euforia. Iria me reencontrar, estaria em poucas horas de volta aos braços do seu grande amor. Sabia que com a minha ajuda, tudo voltaria aos eixos. Foi para o seu quarto e pensou. Tenho que estar linda pra reencontrar o meu amor. Mas... não tenho uma roupa descente. Tudo que tenho recebi de doação da ONG na Bolívia. Pensou M abrindo seu armário e conferindo as poucas peças de roupa que tinha. M voltou a sentar na cama, olhou sua bolsa, abriu e conferiu na carteira o quanto tinha de dinheiro. Não era muito, mas era tudo que tinha sobrado do salário que recebeu por seu trabalho na administração da ONG. M não pensou duas vezes. Fechou sua bolsa e saiu, foi ao centro da cidade ver se conseguia comprar pelo menos uma blusa para ir ao show. Andou bastante e encontrou um vestido, simples e discreto, como ela. Pagou pela roupa, pegou seu vestido e voltou para a pensão. Iria se preparar para seu reencontro.

A noite conforme o combinado André apareceu na hora marcada para pegar M na pensão. Assim que a viu não pode deixar de elogia-la.
- Nossa. Cara de sorte ele hein!
M na hora corou. Deu uma pequena ajeitada no cabelo, tentando disfarçar sua timidez. A tempos não ouvia um elogio masculino.
- Deixa disso M. Vamos, seu príncipe já deve tá chegando. Disse André lhe estendendo a mão.
Eles entraram no carro de André e rumaram para o local do show. Assim que chegaram M se espantou com o movimento. Estava desacostumada com multidões. Ficou um pouco apreensiva.
- Calma! Tá tudo no esquema. Garantiu André.
M apenas lhe sorri. Mas seu medo era de imaginar como eu reagiria ao vê-la novamente. Viva! André entrou com M sem nenhum problema. Assim que chegaram aos bastidores André tratou de providenciar uma pulseirinha e um crachá de equipe de produção. Levou M até a frente do palco. M escolheu ficar bem de frente ao meu microfone. 


Chegamos no aeroporto e fomos direto para o local do show. A rotina repetida e cadenciada me anestesiava da minha dor, mas não a aliviava. Ainda no aeroporto, entrevistas, fotos, agradecimentos de ambas as partes. Entramos no carro fornecido pela produção e seguimos para o show. Já estávamos no horário então era chegar, fazer o aquecimento e subir no palco. E assim fomos. Chegamos no local e por alguns instantes sinto algo diferente. Não sei identificar mas um sentimento bom toma conta de mim. Olho para o céu estrelado e mais uma vez volto meus pensamentos para M. Peço, rogo, pra que me dê forças pra continuar minha rotina. Fomos para a parte de trás do palco, todos a postos para o inicio do espetáculo. Sou tomado por uma alegria sem explicações. Aproveito esse estranho momento para tentar retomar meu curso, a minha vida. Sei que não encontrarei mais o amor da minha vida mas... quem sabe não estaria nessa cidade a mulher que faria meu coração parar de sangrar. Pois como dizia o escritor português José Saramago: “Se tens um coração de ferro, bom proveito, o meu fizeram-no de carne, e sangra todo dia”. Terminamos de nos preparar, subi ao palco e me deixei levar pela forte energia que senti me dominar completamente. Olhei para todos, em seus devidos lugares, e comecei a dedilhar meu fiel companheiro. Gritaria do outro lado da cortina então um sorriso surge em meus lábios. Coisa que a muito não acontecia. O show começa.


O público ainda estava no escuro, não conseguia ver os rostos das pessoas a minha frente, mas algo me atraia para bem em frente ao palco. Era como um imã. Tentei identificar as fisionomias das pessoas que estavam bem a minha frente. Percebi que tinha uma moça, sentada bem junto à grade, senti meu coração disparar, de uma forma inexplicável, mas ainda não tinha conseguido ver seu rosto. Terminada a primeira música e emendamos a segunda. 
M assim que ouviu os primeiros acordes se emocionou profundamente, era eu, ali, tão perto novamente. Não via a hora das cortinas se abrirem e me ver novamente. Seu coração estava aos pulos tamanha sua felicidade. Respira fundo pra se manter calma. Não podia acreditar que finalmente estava retomando sua vida. Agora ao lado do seu grande amor. Assim que as cortinas se abrem e M me vê, seus olhos se enchem de lágrimas que correm como um rio por sua face. Ela se sente imensamente feliz. Não só por me ver novamente mas principalmente por me ver bem, com saúde, e retomando minha vida. Ela me vê feliz. Sabe a importância que tudo aquilo representa em minha vida. Percebe que olho em sua direção, sorrindo, mas vê no fundo dos meus olhos uma tristeza. M se entristece, repara que estou feliz, mas não completamente. Ele sofre pela minha perda. Pensa.
O show prossegue como de costume, quando finalmente as luzes de frente do palco se acendem viro minha atenção para o local onde a tal moça estava e então a minha surpresa. Era ela, ali, na minha frente, linda, sorrindo, aquele sorriso que tanto me encantava, viva? Não, não pode ser. Continuo a fita-la tentando acreditar no que meus olhos, meu coração e minha alma gritavam para minha consciência. Era ela. Era M. Ali, na minha frente. O Meu Amor estava ali. Era como um sonho. Um sonho bom. Eu custei a acreditar que aquela visão era real. Por diversas vezes acordei no meio da noite. Tinha sonhos diários com M, nunca tinha comentado sobre eles, nos meus sonhos M conversava comigo. Dizia para não desistir da minha promessa e que um dia me recompensaria pelo meu sacrifício de continuar a viver sem ela ao meu lado. 
Em certo momento errei meus acordes, tinha me desligado de tudo tentando acreditar que o que eu via não era mais um sonho meu. Leo, meu irmão, parou o show e começou a brincar comigo. Assim que ele encostou a mão no meu ombro percebi que não estava sonhando, que estava bem acordado. Olhei pra ele espantado e ele percebendo meu susto brincou tentando disfarçar o ocorrido.
- É Victor, não tem jeito, você pode até pintar seus cabelos grisalhos mas a idade chega pra qualquer um.
Arrancou risos da platéia. Mas disfarçadamente olhou para onde eu tinha me distraído. Ao ver M ali. Chorando de felicidade a reconheceu como sendo a garota do retrato. Nunca a tinha visto antes mas de tanto ver aquela foto que eu carregava comigo pra onde quer que eu fosse ele não teve dúvidas de quem se tratava. Então Leo confirmou minhas suspeitas. Mas brincando para disfarçar o ocorrido de forma que eu percebesse que era tudo a mais bela realidade.
- Ah! Agora entendi o motivo desse homem errar seus acordes. Também com mulheres tão lindas aqui babando por você né, Victor. Tem mais é que errar mesmo. Ó se eu fosse você não perdia tempo não. Olha só essa morena aqui, vestida de preto. Apontou para M. Será que ela tem uma irmã pra me apresentar?
Perguntou apertando levemente meu ombro pra confirmar que eu estava realmente vendo quem eu estava. Então fui tomado por uma onda de felicidade, era ela mesma, e eu não estava sonhando.
- Ô meu irmão! Você é casado. Deixa sua esposa te ouvir falando isso. Brinquei com meu maior sorriso nos lábios.
- Tô casado mas não tô morto. Retorquiu o Leo.
- Mas será assim que ela souber dessa estória. Emendei.
- É... vamos continuar? Perguntou Leo fingindo ter ficado sem graça. Era tudo encenação para que eu voltasse a mim.
Voltei a olhar para M que era a mais pura felicidade. Ela entendeu tudo e sabia que aquela encenação era só pra que eu confirmasse que a tinha reconhecido. Assim recomeçamos de onde paramos. 



O show recomeçou e a minha vida também, a partir daquele momento era como se eu voltasse a viver. Pisquei o olho para M que me disse pausadamente. TE A-MO! Passamos o resto do show assim, entre trocas de olhares e sorrisos de felicidade. No final do show fiz sinal para que ela fosse para o camarim o que atendeu prontamente mostrando sua pulseira e crachá. Assim que terminamos voltei para o camarim com meu irmão atrás de mim. Eu estava eufórico.
- Ela tá viva! Viva! Só sabia repetir.
Assim que entrei no camarim abracei forte meu irmão. Não cabia em mim de tanta felicidade. Avisei a produção que não receberia ninguém antes dela. Ela era a primeira e mais importante pessoa que eu queria ver naquele momento. Fui prontamente atendido, há tempos que as pessoas não me viam tão empolgado num final de show.
Assim que as cortinas se fecharam definitivamente M se levantou de seu lugar, não tinha mais lágrimas nem tristeza, seu coração batia forte e feliz. Logo André, seu colega de faculdade e por que não, seu padrinho mágico veio ao seu encontro.
- Não falei pra você. Vamos? Reencontrar o seu grande amor? Perguntou estendendo a mão para uma M mais do que sorridente.
Eles foram para os bastidores do show, graças ao crachá, a pulseira e principalmente ao André M entrou rapidamente no local em que era o camarim. Todos sorriam ao vê-la. Era como se já a conhecessem. Foi tratada como uma pessoa da produção. Alguém mais do que especial. Direcionaram M para o meu camarim. Eu eufórico e nervoso andava de um lado para o outro sempre de olho na porta. Não continha nem disfarçava minha ansiedade em reencontrar M.  Assim que a porta se abriu a vi ali, na minha frente, linda e sorridente. 
Então ... 



sábado, 10 de dezembro de 2011


Cerca de dois meses depois...
Em uma cidade de fronteira da Bolívia com o Brasil. Num hospital público de parcos recursos dois médicos conversam:
- Então, ela se lembrou de alguma coisa?
- Não nada ainda. Não poderei mantê-la mais aqui. Sabe como é, temos poucos recursos e ela já está recuperada, menos a memória que ainda não voltou. Falei com a assistente social, não sei mas ela me parece ser brasileira. Fala pouco e às vezes não compreende o que falo.
- Lembra-se. Ela chegou aqui trazida por aquele camponeses. No mesmo dia em que tivemos aquele ataque no rio, perto da fronteira. Será que é traficante?
- Não me parece. Mas infelizmente não posso mais ajuda-la. Amanhã ela terá alta.

Passaram-se dois meses e aos poucos voltei a minha vida, não completamente, pelo menos não da mesma forma. Agenda cheia, entrevistas, fotos, tudo igual e ao mesmo diferente do que tivera sido. Estávamos em Cuiabá, capital do Mato Grosso para mais um show quando então minha vida novamente deu uma guinada e voltou aos eixos. Mas ... antes de contar sobre isso é preciso voltar, voltar pelo menos 2 meses. Mais precisamente a cidade de Corumbá. O dia? O dia em que achei ter morrido também ...

Dois meses antes, em Corumbá ...
Durante a perseguição no Rio Paraguai Tuca tinha orientado M a ficar no fundo do barco para que não se machucasse. Ao ser interceptado pelo exército Tuca acelerou o barco tentando escapar. Então uma rajada de tiros os fazem se abaixarem tentando se protegerem. M olha para trás e vê uma lancha se aproximando, olha para Tuca que não percebe que têm companhia. Uma outra rajada de tiros então M não pensa duas vezes e se joga na água. Mas ao cair M bate com a cabeça no casco do barco e perde os sentidos quase que se afogando. Seu corpo inerte passa pela lancha do exército, onde os soldados não percebem sua presença seguindo em direção ao barco onde Tuca estava. Uma outra rajada de tiros acontece só que dessa vez certeira, no motor do barco fazendo-o explodir.
M tem seu corpo levado pela correnteza parando junto a pedras que formavam uma cachoeira. Ficando ali para ser encontrada somente no final do dia.


No fim de tarde Juan e Carlos estavam passeando pela mata tentando caçar algum animal para comer. São os filhos dos camponeses bolivianos Maria e Sebastian. Estão ali escondidos da mãe que sempre os proibia de andar pela mata, com medo que encontrassem com os traficantes locais, a máfia das drogas utilizava a mata como esconderijo e como porto de embarque e desembarque de mercadorias. Em meio a brincadeiras com o irmão Carlos vê o corpo de M preso nas pedras.
- Veja Juan! Aponta para M.
- Um corpo! Será que é um traficante?
- Não sei, mas já vou descobrir. Disse Carlos já se encaminhando para a beira do rio.
- Cuidado pode tá vivo! Alertou o irmão.
Carlos se aproximou devagar ao perceber que estava desacordada gritou para o irmão.
- Juan! É uma mulher, me ajude aqui!
Os irmãos bolivianos retiraram M da água e perceberam que estava viva, apenas desacordada. Com um pouco de dificuldades arrastaram M para longe daquele local. Tinham receios de encontrar os traficantes. Juan e Carlos colocaram M em cima da sua carroça e rumaram para o posto médico da cidade. Falaram com o enfermeiro local e deixaram M sob cuidados médicos voltando imediatamente para casa.
M aos poucos foi recuperando os sentidos. Estava confusa, não se lembrava de nada. acordou em um hospital, os enfermeiros falavam uma língua estranha. Às vezes compreendia, às vezes não. Como tinha fortes dores de cabeça achou que era ela que não estava escutando direito. Passou dois meses internada, se recuperando do trauma, mas a sua memória, não voltava. Certo dia recebeu alta e foi orientada pra uma assistente social. Essa mulher foi quem lhe ajudou a retomar sua vida de antes. Através de sua indicação M ficou em um abrigo sustentado por uma ONG. Em troca de casa e comida M ajudava na administração. Aos poucos, com ajuda de um analista M recuperou a memória graças a ONG pode voltar ao Brasil. Entrou novamente no país através de Cuiabá, capital do Mato Grosso. Tinha que recuperar seus documentos, sua identidade, mas isso não era assim tão fácil. Descobriu que foi dada como morta. Até um enterro tinha sido feito em Uberlândia. M então pensou em mim e na minha dor. Pensou também em quem teria sido enterrado em seu lugar então lembrou. Tuca!
M tinha acabado de sair de um posto da policia federal, estava tentando retomar sua identidade, andando pelo centro é retida por um homem que lhe segura pelos braços.
- M! M é você? Nossa como você tá diferente!
Era André, um amigo de faculdade de M. Ele era de Cuiabá e assim que terminou os estudos em BH tinha voltado para sua cidade e trabalhava numa produtora de shows. André convidou M para almoçar que aceitou prontamente. Como era bom ver e conversar com alguém conhecido. Durante o almoço M conversou com André. Explicou o que tinha lhe acontecido. Inclusive o seu envolvimento comigo.
- Nossa! Essa estória daria um livro. Ou melhor um filme! Mas nada nessa vida é por acaso M. Você não vai acreditar. Eu trabalho numa produtora, como já lhe disse e hoje teremos um show doVictor & Leo aqui na cidade. E pode ter certeza. Você vai a esse show e vai reencontrar o seu grande amor. Prometeu André.
- Eles estão aqui? Perguntou M esperançosa.
- Não ainda não. Eles vão chegar só na hora do show mesmo. Mas não se preocupe. Tenho seu endereço, da pensão em que você está hospedada. A noite eu passo lá e te apanho. Você vai como minha acompanhante, vou te colocar na frente do palco. Assim quando ele te ver o resto se faz por si só. E assim eles se despediram. André voltou para a produtora e M para a pensão em que estava hospedada.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011


Na manhã seguinte acordei com a claridade do dia, virei para o lado e vi a bolsa de M ao meu lado. Como eu preferira que ao invés da bolsa fosse ela ali. Junto a mim.
- Que saudades! Suspirei acariciando o couro da bolsa.
Levantei e fui me arrumar para o dia mais difícil da minha vida. Me despedir definitivamente de M. Tomei um breve café. Continuava sem fome. Sai de casa e passei na produtora, pedi ajuda ao Rodrigo, produtor, sabia que não teria condições de fazer tudo sozinho. Saímos de lá direto ao IML, graças ao Marcel não tivemos empecilhos burocráticos. Saímos de lá com M, caixão fechado, por conta do estado em que seu corpo se encontrava, carbonizado. Fomos direito para o cemitério. Quanto mais rápido isso se acabasse, melhor. Mas a dor ... a dor, meu caro leitor, só fazia aumentar. Foi um enterro breve, simples e singelo como ela. Me despedi de M depositando uma rosa vermelha em seu túmulo. Sai dali mas uma parte de mim ficou, enterrado com M.


Pedi para Rodrigo resolver sobre o apartamento de M. Não tinha coragem nem forças para entrar lá. Lhe entreguei a bolsa e com ela as chaves de seu apartamento. Voltei pra casa e fui direto para meu quarto. Estava exausto e no final de semana teria shows novamente. Tinha que voltar logo aos palcos caso contrário, não voltaria nunca mais. Prometi a mim mesmo e a M, em seu túmulo, que tentaria a todo custo voltar a viver mesmo que fosse pela metade. Rodrigo conseguiu resolver tudo, doou as roupas de M a uma casa de caridade, junto com alguns dos móveis. Entregou o apartamento na imobiliária que o administrava, M era uma pessoa muito organizada então não foi difícil resolver as coisas. Dois dias depois estava eu no aeroporto, pronto para voltar a minha rotina. Encontrei com Rodrigo que me entregou um pequeno embrulho.
- Toma. Consegui resolver tudo mas guardei isso pra você. Caso queira ficar com alguma lembrança.
Abri o pequeno pacote e vi que era um porta retrato, com uma foto de M, linda e sorridente. Ela era feliz, mesmo com tanta rejeição e tanta dificuldade não tinha se deixado vencer e sempre estava sorrindo. Fechei os olhos e respirei fundo tentando controlar a dor que já me dominava por completo. Agradeço ao Rodrigo pela ajuda, se não fosse assim, com certeza não conseguiria seguir adiante. Retirei a foto do porta retrato e a guardei em minha pasta, junto ao meu caderno de composições. Assim a teria por perto, sempre. Então voltei a minha rotina que já não era mais a mesma. Eu não era.
No primeiro show, o primeiro sem M. Percebi o quanto seria difícil para eu continuar, mas eu tinha feito uma promessa e iria tentar cumpri-la a qualquer custo. Foi a forma que encontrei de continuar o meu caminho. Todos me apoiaram e me ajudaram. Cantar era uma forma de homenagear M, não a mulher que amo mas a fã que tantas vezes esteve por perto e longe ao mesmo tempo.


 


quinta-feira, 8 de dezembro de 2011


Assim que cheguei em casa percebi que tinha visita, um homem tomava café na minha sala. Ao ver que tinha chegado, se levantou e se virou para a porta.
- Marcel! Tudo bem?
- Olá Victor! Como você tá? Vim aqui te ver e pedir sua ajuda.
- Indo. Fazer o quê? Não temos controle sobre essas coisas né! Disse tentando me conformar. Mas me diga. O que você tá precisando?
Marcel tinha um pacote em mãos. Ele me entregou. Abri e era a bolsa de M. Tinham levado para a delegacia e não sabiam de nenhum parente dela. Pelo menos não encontraram ninguém. Senti um aperto na garganta e meus olhos marejarem. Respirei fundo e olhei novamente para Marcel.
- Você é a única pessoa que era mais próximo a ela. Não conseguimos encontrar o paradeiro de parentes. É bastante estranho.
- Ela era sozinha. Respondi.
Pelo menos a dor de rejeição de seus pais iria ser preservada. Era um segredo de M e que se dependesse de mim tinha morrido com ela.
- Foi o que imaginei. Não conseguimos extrair o DNA do corpo encontrado, mas encontramos rastros na mata, perto da fronteira. Algumas pegadas, pelo menos de duas pessoas e uma terceira, arrastada. Não temos dúvida, Tuca foi resgatado pelo tráfico boliviano, perdemos mais uma vez. Não sei o que fazer com isso. Disse apontando para a bolsa. Então pensei em você. Talvez você soubesse de alguém, algum parente mais próximo.
- Ela não tinha ninguém. Reiterei.
Perguntei pelo corpo e Marcel me informou que já estava sendo trazido para Uberlândia, na manhã seguinte, se fosse do meu agrado, poderia requisita-lo no IML sem me preocupar com as burocracias. Marcel havia orientado para que o liberassem para mim. Agradeci ao Marcel e ele se despediu logo em seguida. Assim que fechei a porta e voltei a ver aquela bolsa ali sentei no sofá, a peguei e abracei me deixando vencer pela dor.

 

Fui arrancado do meu dolorido transe com a voz de D. Graça.
- Seu Victor!
- Hã! Sim D. Graça.
- A janta. O senhor não comeu nada nem ontem nem hoje, o senhor precisa comer alguma coisa senão vai acabar doente.
Doente, muito doente, mortalmente doente, era assim que me sentia. Mas a minha cura já não existia mais.
- Não, obrigado. Não tenho fome.
Levantei daquele sofá, o mesmo onde M quase que inconsolável tinha sentado para se desculpar pelo soco que Tuca havia me dado. Respirei fundo, tentando controlar uma dor incontrolável. Fui para o meu quarto, fechei a porta e me sentei na cama abrindo a sua bolsa. Comecei a mexer em suas coisas, seu batom, sua carteira, ao abrir me deparei com uma foto minha, uma foto feita comercialmente, senti um aperto muito grande no peito e logo as lágrimas rolaram em minha face. Vi as chaves do seu apartamento então parei para pensar. E agora? As suas coisas, como farei? Coloquei tudo na bolsa novamente. Amanhã penso nisso. Hoje não. A saudade ainda é muito forte pra me preocupar com coisas práticas. Voltei a me deitar. Adormeci abraçado a bolsa de M. Podia sentir o cheiro de seu perfume nela.




quarta-feira, 7 de dezembro de 2011


Senti um aperto profundo no peito, logo minha visão escureceu, não vi mais nada então.
Chegamos ao local da fumaça, acordo desnorteado, estão todos fora de seus carros, somente eu tinha ficado. Saio meio que anestesiado. De certa forma meu organismo se preparou para o que iria ver. Era uma verdadeira operação de guerra. A lancha do exército dava voltas ao redor de uma bola de fogo, tentava se aproximar mas não conseguia. Os helicópteros iam e vinham para o mesmo local. Aos poucos fui me aproximando da margem do rio. Ao me deparar com aquela cena senti minhas pernas fraquejarem. Sou amparado pelos paramédicos então tudo escuro novamente.


Quando voltei a mim estava deitado no chão sendo atendido pelos paramédicos, minha glicose tava baixa por isso o desmaio. Levanto com ajuda dos que me atendem olho em direção ao rio e só vejo uma carcaça de ferros retorcidos. Pergunto por M, ainda tonto, todos se entreolham mas não me respondem. Levanto e vou em busca de informações. Encontro Marcel então novamente pergunto:
- Marcel! E M?
Marcel me olha com um olhar triste e cansado da ação.
- Não tenho boas notícias pra você meu amigo. Infelizmente só encontramos um único corpo no barco. Parece que alguém pulou do mesmo momentos antes da explosão, estão procurando pelas margens e na mata por aqui. Acreditamos que tenha sido o Tuca que fugiu.
- Mas esse corpo. Era o de M? Tem certeza? Perguntei tentando me enganar.
- O corpo foi carbonizado, não tem como identificar, a não ser por DNA. Mas não quero te dar falsas esperanças Victor. Tuca é um cara muito inteligente, ele já escapou diversas vezes de um cerco policial. Não temos dúvidas que ele conseguiu novamente, só esperamos conseguir captura-lo na mata antes da fronteira. Estamos correndo contra o tempo.
Senti minhas pernas fraquejarem novamente, mas não era a minha glicose. Era o meu coração que acabara de morrer um pouco. Essa notícia era a que eu mais temia. M morta! O meu único e derradeiro amor não estava mais comigo, não voltaria aos meus braços se aconchegando para dormir um sono tranqüilo e acolhedor.
Ficamos ali por mais algumas horas, conseguiram resgatar o corpo mas não tive coragem de ver. Me sentia morto também. Pelo menos uma parte de mim morrera com aquela explosão. Voltei para o hotel e fechei minha conta. Avisei ao piloto do jatinho que iria voltar a Uberlândia naquela manhã ainda, pedindo para que deixasse tudo pronto. Me despedi de todos que tentaram me ajudar a resgatar um pouco da minha própria vida. Era o mínimo que podia fazer. Peguei minhas coisas e rumei para o aeroporto. No vôo uma tristeza sem fim. Olhava o mundo ao meu redor mas nada era como antes. Nada tinha cor. Era como se eu estivesse vendo tudo em preto e branco.


 

Cheguei em Uberlândia e meu irmão me esperava no aeroporto. Dei-lhe um abraço apertado. Agora era seguir meu caminho. Sozinho. Fui para casa, tomei um banho e fui me deitar. Depois dessa agitação toda meu corpo só pedia cama e minha mente... bem minha mente simplesmente se esvaziou. Não pensava em mais nada. Acordei já era noite, não tinha jantado no dia anterior, nem café da manhã, muito menos almoço. Não sentia fome. D. Graça tinha feito um caldo forte para mim. Confesso que com muito custo sorvi algumas poucas colheradas, nem a comida tinha mais gosto. Voltei em seguida para meu quarto. Queria voltar a dormir quem sabe não acabaria acordando desse pesadelo.
No dia seguinte acordei tarde, não tinha fome, não tinha força, não tinha nada. Minha vida se tornou um completo vazio. Tudo não tinha sentido. Não sentia nada. Levantei da cama como que obrigado a viver, quando já não tinha mais motivos pra tal. Tomei um banho tentando me demover daquela inércia. Fui até a cozinha, olhei a mesa posta, linda. Me lembrei de M, do nosso último café da manhã, na sua cozinha. Respirei fundo pra não chorar. Peguei apenas uma xícara de café puro e tomei um pequeno gole. Era como se minha garganta tivesse se fechado, assim como minha alma se fechou para o mundo. Sai e fui para a produtora, tinha que retomar minha rotina. Agora uma triste e melancólica rotina. Consegui que retomassem nossa agenda no final da semana. Tinha ainda pelo menos 3 dias para me recuperar. Pelo menos teria de volta a minha paixão, minha segunda paixão uma vez que a primeira tinha morrido. Cantar e subir em um palco para me apresentar agora não parecia mais ter nenhum significado para mim. Saí da produtora tarde, já tinha escurecido. Peguei meu carro e no meio do transito começa uma chuva fina, não tinha como não me lembrar de M. Pois foi num dia de chuva que nos beijamos a primeira vez.

 


terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Assim que percebemos que Tuca novamente conseguiu escapar voltamos para o quartel do exército. O plano A tinha furado, então nos preparamos para o plano B, muito mais bem equipado e mais perigoso também. Iríamos pra fronteira com a Bolívia, e lá o confronto seria de guerra pois era de conhecimento geral que os traficantes bolivianos se escondiam na mata junto ao Rio Paraguai. Saímos do quartel novamente em comboio só que dessa vez eram 10 carros e novamente o meu era o último e com os paramédicos como companhia. Pegamos então a estrada que corre em paralelo ao leito do rio. Num certo momento um grupo se destaca de nós, tomando outro rumo, era o pessoal que iria fazer uma busca pela água, inclusive os tais atiradores de elite estavam nesses três carros. Acompanhei com os olhos eles se afastando enquanto continuávamos na estrada. Logo diminuímos a velocidade  até pararmos. Encontramos então um carro abandonado na margem da mata, aberto. Era o carro da fuga. Ouço um barulho forte, passam então sobre as nossas cabeças dois helicópteros do exército levando os atiradores de elite.


Os militares entram na mata mas não posso seguir com eles, faz parte das regras. Ficamos ali escutando toda a movimentação tática através dos radio transmissores. Ficamos aguardando instruções. Logo vemos os helicópteros voltando, eles estavam fazendo a busca nas margens do rio ou já tinham deixado os atiradores em seus locais estabelecidos para a ação. Fico apreensivo com todo esse movimento. E se Tuca resolvesse se livrar de M? Ou pior, se no desespero ele levasse M com ele para fora do país e desse cabo dela assim que tivesse a salvo? Esses eram os meus pensamentos naquele momento. Logo olho para o céu, o dia começa a amanhecer, impressionante como nesses momentos as horas passam tão rápido.


 

Na mata, Tuca corre entre as árvores, arrastando M com ele. Logo chegam a margem do rio. Tem um barco escondido ali, Tuca tira o pano que o camufla, empurra o barco para a água e coloca M dentro, liga o motor e segue em direção a foz.
Ele orienta M a ficar sentada no fundo do barco, para sua própria segurança. Logo os helicópteros avistam a embarcação e através de um auto-falante dão ordem para parar.
- Atenção. Aqui é o Exército brasileiro. Desligue o motor e coloque as mãos na cabeça.
Tuca olha para o alto mas não se intimida e acelera ainda mais, o barco começa a quicar na água tamanha a velocidade que alcança. Ele segue contra a correnteza tentando alcançar um posto avançado dos traficantes bolivianos, depois da fronteira com o Brasil. Se alcançasse estaria livre.
Logo recebemos ordens de voltar, iríamos acompanhar a perseguição de carro, as margens do rio. Um grupo entrou na mata, iria tentar uma perseguição por terra. Voltamos a estrada. Logo nos afastamos da cidade e podíamos ver o curso do rio. Ao longe podia ver os helicópteros então ouvimos a mensagem no radio transmissor que tinham interceptado um barco suspeito e que o mesmo se recusou a parar. Olhei para o rio e vi uma lancha passar por nós em alta velocidade. Era uma lancha do exército de fronteira. Fico apreensivo pois agora é um confronto aberto. Temo por M.
Na lancha Tuca acelera ao máximo, o barco se sacode inteiro a cada contado com a água. Ele grita pra M se segurar e se volta pra frente guiando o barco em direção ao seu objetivo. Mais uma vez o alto-falante do helicóptero dá ordem para parar só que dessa vez ameaça.
- Pare! Pare senão atiro!
Tuca mais uma vez ignorou então uma rajada de tiros cortou a água do Rio Paraguai. M se encolhe toda na parte de trás do barco enquanto que Tuca abaixa a cabeça mas se mantém firme em seu curso.
Ao ouvir os tiros fico desesperado, mas não posso fazer nada. Só me resta acompanhar apreensivo a comunicação através do rádio. Uma confusão de informações, não consigo acompanhar direito os acontecimentos, muitos gritos, ordens e mais tiros. De repente um estrondo. Olho para frente e um cogumelo de nuvens pretas surge ao longe. Então mais gritos.
- Explodiu! O barco explodiu! Gritavam no rádio.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Assim que entra no hotel o agente federal se identifica para o dono do local que se assusta com a sua presença. Normalmente o local é freqüentado por casais, prostitutas e seus clientes, ele pergunta sobre Tuca e M, o dono confirma a presença deles mas não quer confusão no seu “estabelecimento”. O agente então intervem de forma mais firme e convence o homem a levá-lo até o quarto em que estão. Ele concorda muito a contra gosto. O agente lhe passa então instruções de como proceder. Ele irá bater na porta do quarto, dizer que tem uma ligação pra Tuca na recepção. Sair da linha de tiro assim que Tuca aparecer na porta. Eles chegam ao 9º andar, se encaminham pelo corredor e param em frente ao quarto onde estão Tuca e M. Tuca ouve os passos e fica em alerta, silenciosamente ele pega a sua arma que estava ao seu lado no chão e engatilha. M levanta assustada e Tuca só faz sinal de silêncio com a mão. Ele se levanta bem devagar. Batem na porta.
- Quem é? Pergunta Tuca já a postos e colocando M num canto do quarto, longe de qualquer possibilidade de se ferir.
- Sou eu! Responde o homem, sob o olhar do agente que também já estava com a arma em punhos.
- O que você quer? Tá tarde, tamos dormindo! Despistou Tuca, já indo para a janela e vendo os carros da policia federal e do exercito no lado de fora do prédio.
- Telefone para o senhor! Responde apreensivo o homem que começava a suar em bicas.
Tuca fica nervoso, não disse a ninguém onde estava hospedado. Tinha conversado com um comparsa boliviano, o mesmo que sempre lhe ajudava em casos de “carregamento extra”. Eles tinham por hábito não dizer onde estavam nem como serem encontrados, tinham todo um esquema para não serem descobertos. Tuca se aproximou de M e sussurrou:
- Eu vou abrir, tem policial aí que eu sei. Vai ter tiros. Você fica aqui. Não sai daqui entendeu? Disse levando-a para o banheiro e encostando a porta. Quietinha!
M entrou em pânico, tremia toda e assim que Tuca fechou a porta do banheiro, correu e se escondeu atrás do box, tentando se proteger.
Assim que fechou a porta do banheiro, colocando M em segurança Tuca voltou para a porta e olhou no olho mágico. Respondendo:
- Já tô indo. Obrigado! E ficou vigiando. O homem então se denunciou, Tuca viu através do olho mágico que ele falava com alguém pois reparou que ele gesticulava e olhava para o lado direito do corredor. Tuca respirou fundo. Destrancou a porta lentamente e a abriu devagar. Assim que abriu a porta. Num pulo se virou para o lado direito do corredor e deu 3 tiros acertando o agente em cheio, matando-o. olhou para o dono do hotel e não pensou duas vezes. Mais 3 tiros todos na cabeça e no peito. M ao ouvir o barulho de tiros se encolheu mais ainda. Tuca vem então rapidamente, abre a porta do banheiro, puxa M pelo braço e a arrasta prédio acima. Quando tinha saído logo que chegou Tuca percebeu que poderia fugir pelo telhado do prédio e pra lá se encaminhou.
Assim que ouvimos tiros entrei em pânico tentei ir em direção ao hotel mas me seguraram. Imediatamente os homens que estavam no lado de fora invadiram o hotel, logo mais tiros foram ouvidos. Me desesperei e gritei por M. Tuca rapidamente alcançou o telhado, arrastando M com ele. Eles pegaram uma escada de incêndio e saíram em outro prédio, abandonado. Tuca corria feito um alucinado, M estranhara sua energia mas logo pensou. Cocaína. Ele deve tá drogado. Passaram por outras duas saídas de emergência. Todos os prédios eram abandonados. Tuca sabia perfeitamente o que estava fazendo, conhecia muito bem sua rota de fuga, pois já a tinha traçado. M tentava acompanha-lo e muitas vezes caiu, machucando seus joelhos.
Depois de uma corrida alucinante alcançaram uma rua próxima ao hotel em que estavam hospedados. Era uma rua muito movimentada, Tuca com a arma em punho foi para o meio do transito com M, parou um carro ameaçando o motorista que foi arrancado do veículo por Tuca que entrou em seguida com M ao seu lado, arrancando no meio daquele caos. Logo a policia e o exercito os alcançaram. Foi uma perseguição digna de um filme de ação americano. Mas era a realidade acontecendo. E M e Eu éramos personagens dessa estória alucinante. Tuca consegue mais uma vez despistar a policia. Entra em outras ruas, saem do carro, abandonando-o e pegam outro, da mesma forma. Chegam perto do Rio Paraguai e Tuca mais uma vez abandona o carro, só que dessa vez, na estrada paralela ao rio e arrasta M para o meio da mata, sempre correndo, sempre insano.

domingo, 4 de dezembro de 2011

No mesmo dia recebi a visita de um detetive da delegacia onde o caso foi registrado. Ele me informou todo o plano, me prontifiquei a ir, ele concordou desde que eu não atrapalhasse a ação. Liguei para a produtora e avisei para cancelarem os shows marcados e tudo mais que tivesse sido agendado. Não iria fazer nada enquanto não conseguisse resgatar M das mãos de Tuca. Tentaram em vão me demover do meu propósito mas não conseguiram eu estava irredutível. De repente uma força imensa tomou conta de mim. Decidi que iria atrás deles e resgataria M de qualquer forma, a qualquer custo. Através dessa força que me movia tomei as rédeas da situação e fui a luta. Mandei preparar no nosso jatinho e rumei para Corumbá, cidade fronteira com a Bolívia.

 
Tuca fez toda a viagem até Corumbá da mesma forma, pegando estradas paralelas, parando para abastecer e se alimentarem somente em postos de cidades pequenas, mas não sabia ele que já estavam em seu encalço. Ao chegarem em Corumbá Tuca se hospedou num muquifo com M. Ficaram no mesmo quarto. M se preocupou com o que Tuca iria fazer. Ele entrou com ela no quarto verificou as possíveis rotas de fuga então orientou-a.
- Toma um banho e descansa. Vou sair mas não demoro, falta pouco M. Por favor, colabore e não tente fugir nem se comunicar com ninguém. Se tudo der certo amanhã você e eu estaremos livres.
M concordou com a cabeça, estava cansada da viagem pois não conseguiu mais pregar o olho na estrada. Tuca saiu do quarto trancando-a por dentro. M esperou um pouco e foi verificar se tinha como escapar dali. Olhou a janela mas era um andar alto e não tinha por onde se apoiar pra fugir. Olhou pelo quarto, mas também não tinha telefone. Ficou ali por mais um tempo então desistiu. Resolveu tomar um banho e assim que o fez voltou ao quarto e se deitou dormindo logo em seguida.
Eu cheguei a Corumbá, o delegado de Uberlândia e um detetive da polícia federal foram comigo no avião. Nos hospedamos em um hotel no centro da cidade e logo que nos acomodamos fomos para um quartel do exército para fechar todo o plano de captura do Tuca. Vi que estavam se preparando para uma guerra. Assim que definiram tudo puxei o detetive que convidou pra estar nessa empreitada e perguntei:
- Marcel! Isso tudo não é um risco para M? Estou preocupado com a sua segurança.
- Você tá falando isso por causa dos atiradores de elite que estarão nas margens do Rio Paraguai, né?
Eu concordei com a cabeça.
- Calma Victor! Sei que pra você que não tá acostumado pode parecer perigoso, mas nós estamos só nos precavendo, esses traficantes são cheios de recursos temos que nos cercar por todos os lados. Os atiradores de elite que você ouviu falar são especialistas nesse tipo de confronto. Não se preocupe, estamos trabalhando só com os melhores.

M acordou assim que ouviu o barulho na porta. Era Tuca chegando, olhou ao redor e viu que já tinha anoitecido. Tuca trazia uma marmita para M que apenas beliscou um pouco da comida. Não tinha fome e não parava de pensar em quando é que aquele pesadelo iria terminar.
- Você tem que comer M. Senão vai ficar doente. Disse Tuca preocupado.
- Não tenho fome. Quanto é que você vai me deixar ir embora?
- Amanhã. Eu prometi, não prometi? Então, amanhã você vai comigo até a fronteira e de lá deixo você ir, em paz. Garantiu Tuca.
M concordou com a cabeça, não tinha mais força nem condições de pensar em nada, sentia-se fraca em todos os sentidos.
- Vem, agora vamos dormir, amanhã o dia será longo.
Disse Tuca se recostando na cama. M ficou olhando-o, não iria dormir com ele, de jeito nenhum. Tuca, percebendo sua reticência se levantou da cama. Pegou o lençol e um dos travesseiros e disse:
- Você fica com a cama M. Eu vou ficar no chão mesmo. Pode ficar tranqüila, não vou encostar em você. Disse já se direcionando para o chão junto a porta do aposento.
M voltou a se deitar na cama mas não pregou o olho a noite toda. Tuca também não.
Depois de diversas reuniões que apenas assisti voltamos ao hotel em que estávamos hospedados, eu, o delegado da civil e o detetive federal. Subi ao meu quarto, tomei uma ducha pra me refrescar e desci pra jantar. Não tinha fome, mas precisava me manter bem disposto, pois o dia seguinte prometia ser tenso. Assim que cheguei no hall do hotel fui parado pelo Marcel.
- Acharam o esconderijo dele. Disse eufórico.
- Eles estão aqui?
- Estão, não disse, o nosso grupo de inteligência tava rastreando eles. Eu sei que ela tá bem, viva e sem machucados. Estão num hotel aqui perto, estamos nos preparando para invadir, você vem?
- Claro! Agora?
Marcel só concordou com a cabeça, saímos imediatamente do hotel e voltamos para o quartel do exército.
Quando chegamos no quartel estavam todos agitados, mil e um preparativos, um verdadeiro arsenal de guerra, ver tudo aquilo me deixava feliz mas também apreensivo. Estava preocupado com M. Como será que ela tava? Será que ele a machucara? Rezava para que não e que tudo terminasse logo e nós dois pudéssemos voltar pra casa, sãos e salvos. Marcel vem até mim e me dá instruções, não posso ficar perto do confronto, uma questão de segurança, ele me orienta a ficar com o grupo de resgate que sairá depois. Eu concordo, ele me explica como será realizada a ação e que assim que tudo acabar eles me levam até M. Concordo com tudo. Ansioso.
Saímos do quartel indo em direção ao centro da cidade. Vamos em 4 carros, o meu é o último estou acompanhado de paramédicos o que me deixa bastante apreensivo. Chegamos em frente ao hotel, se aquilo se pode ser chamado de hotel, parece mais um pardieiro. Como o Tuca pode levar M pra um lugar desses? Fico me questionado. Nosso carro pára uma esquina antes do hotel, ficamos ali aguardando o sinal para nos aproximarmos. Saltam dois atiradores que se posicionam em lugares distintos da rua. Meu coração começa a bater mais forte. Tensão e medo são os sentimentos que me dominam. Um outro homem, a paisana, entra no tal hotel então ficamos esperando. Silêncio e tensão pairam no ambiente