Nisso chega
Sr. João, o dono do bar e meu patrão. Ele também tinha uma quedinha pela Arthe
e não perdia a oportunidade de vir falar com ela sempre que ela aparecia no
bar.
SR. JOÃO:
Boa noite meninas!
ARTHE: Boa
noite Sr. João.
SR. JOÃO:
João! Pra você só João.
Arthe fez
uma careta mas ele não percebeu. Eu me segurei pra não rir. Não tinha jeito ele
sempre tentava se engraçar com ela mas ela não dava espaço pra ele.
SR. JOÃO:
Vão beber alguma coisa? É por conta da casa.
ARTHE: Na
verdade viemos buscar a sua excelente funcionária. Sabe o que é ... João ...
Disse já
segurando a mão dele e acariciando toda dengosa.
ARTHE: É
que hoje é aniversário da irmã da Louise e nós viemos buscar a Analu, pois você
acredita que essa menina ainda não sabe andar nessa cidade direito? Tadinha,
também da faculdade pro trabalho e daqui pra casa. Você tá explorando minha
amiga hein, seu malvado!
Falou
fazendo caras e bocas enquanto Sr. João babava por ela.
SR. JOÃO:
Ahhh. Poxa! Pensei que vocês tinham vindo prestigiar meu bar. Mas é aniversário
da sua irmãzinha é?
Louise fez
carinha de menina desamparada e só confirmou com a cabeça fazendo beicinho.
Duas atrizes natas.
SR. JOÃO:
Então eu libero a Analu mais cedo hoje, por uma boa causa, mas vocês têm que me
prometer de vir mais vezes aqui. Quase não as vejo por esses lados.
LOUISE: Ai
Sr. João o senhor é um anjo!
ARTHE:
Nosso anjo protetor! Emendou toda melosa.
ANALU: Tem
certeza Sr. João? Não vai sobrecarregar os outros?
SR. JOÃO:
Não se preocupe minha filha. O movimento hoje é fraco mesmo. Vá com suas
amigas, vá! Não vejo mais aquele rapaz que vinha aqui. Vocês tem que aproveitar
a juventude de vocês. Além do mais é uma festa de família. E nada é mais
importante do que a família da gente. Enquanto você se arruma vou mandar servir
um refrigerante pras suas amigas aqui.
Eu pedi
licença e sai batido pra área dos funcionários, antes que Sr. João desconfiasse
de alguma coisa. Não tava animada pra ir a bar nenhum mas o teatro da Arthe e
da Louise foi tão descarado que fiquei com receios da sua reação se descobrisse
a verdade.
Me arrumei
rapidinho e fui ao encontro das meninas na mesa. Sr. João ainda estava por lá
tentando “seduzir” a Arthe.
ANALU:
Pronto! Já podemos ir.
Arthe
rapidamente pousou o copo de refrigerante na mesa, pegou sua bolsa e agradeceu
a gentileza do Sr. João, só que sem aquela “atenção” toda que tinha lhe
dispensado. Louise seguiu a sua agilidade e também se colocou de pé, com a
bolsa na mão.
LOUISE:
Vamos então, minha irmãzinha tá lá nos esperando.
Só lancei
um olhar rápido para Louise meio que dizendo: CARA DE PAU!
Nos
despedimos do Sr. João em fomos para o carro da Arthe, ou seja, se ela
realmente se entendesse como o Ricardão eu e a Louise não teríamos outra
alternativa senão rachar um táxi ou pedir uma carona pros pobres cantores que
nem faziam idéia que já estavam visados pelas meninas.
Assim que
entramos no carro a gargalhada foi inevitável.
ANALU:
Vocês são duas caras de pau!
ARTHE: Eu?
Que nada! Eu não tenho culpa se o Seu João, ops! ... João ... é sempre
atencioso comigo. Tenho que manter a classe. (risos)
LOUISE: É!
E que culpa tenho eu se sou filha única? A culpa é dos meus pais (risos).
ANALU: Eu
tô é perdida com duas amigas assim como vocês.
LOUISE: Se
preocupa não, combinamos assim ... eu escolho primeiro e você fica com o outro
tá?
ANALU: Pô!
Ainda mais essa? Quer dizer que vou ficar com a sobra? É isso mesmo? Ahh quero
não. Arthe ... me deixa no primeiro ponto de ônibus que eu vou é pra casa.
ARTHE: Ihh Louise! Ela não
entendeu. Ô Analu! Desde quando seqüestrado tem querer? Tem não filha. Você foi
seqüestrada por nós duas e não está em condições de exigir nada!
LOUISE: É
isso mesmo. Você hoje está aos nossos serviços né Arthe?
Arthe só
concordou com a cabeça, fomos o tempo todo brincando, eu realmente tinha amigas
de ouro. Pois naquele breve momento esqueci completamente a minha tristeza e
pude me dar ao luxo de me divertir um pouco.
Chegamos ao
bar e o amigo da Arthe estava na porta esperando-a. Ela estacionou, saímos do
carro e juntas fomos ao seu encontro. Assim que a viu ele abriu um lindo
sorriso. Ele me lembrava algum artista mas não conseguia me recordar o nome.
RICARDO: Oi
linda! Que bom que você veio.
Disse já a
abraçando pela cintura e lhe beijando o rosto.
ARTHE: Fui
buscar minhas amigas, estamos atrasadas?
RICARDO:
Boa noite meninas! Não, vocês chegaram bem a tempo, o show já deve tá
começando, vem. O Cláudio reservou uma mesa pra nós.
Ele se
volta pra entrada do bar e segurando Arthe pelas mãos se encaminha para frente
do palco.
ANALU: Ele
se parece com um artista, não consigo lembrar qual.
LOUISE: É
aquele do filme P. S. : EU TE AMO! Lembra? Gerard Butler.
Assim que a
Louise citou o nome do filme foi inevitável a lembrança. Foi o filme que vi com
o Leo ... na primeira vez que saímos juntos ... quando nos beijamos pela
primeira vez.
LOUISE:
Será que ele é gay também?
ANALU:
Quem? O Gerard Butler? Sei lá Louise!
LOUISE: Não
... o Ricardão da Arthe. Afinal ela disse que o amigo dele, dono daqui é gay.
ANALU: Já
imaginou?
LOUISE: Não
quero nem imaginar ...
Começamos a
rir dessa possibilidade. Assim que chegamos a frente do palco, tinha uma mesa,
com um bilhete escrito RESERVADO. Nos acomodamos e logo veio o tal Cláudio,
cumprimentou o Ricardo e a nós, ofereceu bebidas então fizemos os nossos
pedidos. Ele foi bastante atencioso, nem parecia ser gay. Acho que a Arthe se
enganou dessa vez até porque ele deu uma secada na Louise que ela até ficou sem
graça diante dele. Não reparei em quem eram os músicos até porque o palco já
estava montado quando chegamos mas qual não foi a minha surpresa ao ver os dois
irmãos se acomodando em seus lugares para começarem o show.
Imediatamente
a Louise disparou.
LOUISE:
Como você não tem direito de escolha eu fico com o branquinho. O morenão é todo
seu!
Ela se vira
para mim mas repara que estou paralisada com aquela surpresa.
LOUISE:
Analu! Você tá se sentindo bem? Você tá pálida menina!
Arthe mais
que depressa se vira me olhando séria.
ARTHE:
Analu, o que você tá sentindo? Quer ir embora?
Meus olhos
se encheram de lágrimas, lágrimas que não consegui até então chorar ... desde o
ocorrido.
O Leo assim
que se acomodou em sua cadeira olhou em nossa direção e me viu ali. Ele tava
sério, não sorria. Ele repara na minha presença e se vira para o Victor e diz
alguma coisa. O Victor parece que tenta argumentar mas acaba concordando com o
que o Leo disse. Parecia ser alguma orientação para o show. Então o Victor
começa os primeiros acordes no violão. O Leo volta seu olhar novamente para mim
e começa a cantar.
Era um
recado claro pois ele não tirou os olhos de mim por nenhum momento durante toda
a música. Eu só sabia chorar e chorar. As meninas começaram a ficar preocupada
então Arthe ligou os fatos.
ARTHE:
Analu! É ele?
Eu só
concordei com a cabeça, não tinha condições de me expressar. Eu só chorava e
chorava. Era uma dor lacerante.
O Victor então reparou que o irmão olhava
insistentemente para uma única direção, coisa que normalmente não fazia e se
virou para o mesmo lado. Ao me ver ali ele só balançou a cabeça negativamente
como se discordasse da minha presença ... ou ... da atitude do irmão.
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