sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012


Nisso chega Sr. João, o dono do bar e meu patrão. Ele também tinha uma quedinha pela Arthe e não perdia a oportunidade de vir falar com ela sempre que ela aparecia no bar.
SR. JOÃO: Boa noite meninas!
ARTHE: Boa noite Sr. João.
SR. JOÃO: João! Pra você só João.
Arthe fez uma careta mas ele não percebeu. Eu me segurei pra não rir. Não tinha jeito ele sempre tentava se engraçar com ela mas ela não dava espaço pra ele.
SR. JOÃO: Vão beber alguma coisa? É por conta da casa.
ARTHE: Na verdade viemos buscar a sua excelente funcionária. Sabe o que é ... João ...
Disse já segurando a mão dele e acariciando toda dengosa.
ARTHE: É que hoje é aniversário da irmã da Louise e nós viemos buscar a Analu, pois você acredita que essa menina ainda não sabe andar nessa cidade direito? Tadinha, também da faculdade pro trabalho e daqui pra casa. Você tá explorando minha amiga hein, seu malvado!
Falou fazendo caras e bocas enquanto Sr. João babava por ela.
SR. JOÃO: Ahhh. Poxa! Pensei que vocês tinham vindo prestigiar meu bar. Mas é aniversário da sua irmãzinha é?
Louise fez carinha de menina desamparada e só confirmou com a cabeça fazendo beicinho. Duas atrizes natas.
SR. JOÃO: Então eu libero a Analu mais cedo hoje, por uma boa causa, mas vocês têm que me prometer de vir mais vezes aqui. Quase não as vejo por esses lados.
LOUISE: Ai Sr. João o senhor é um anjo!
ARTHE: Nosso anjo protetor! Emendou toda melosa.
ANALU: Tem certeza Sr. João? Não vai sobrecarregar os outros?
SR. JOÃO: Não se preocupe minha filha. O movimento hoje é fraco mesmo. Vá com suas amigas, vá! Não vejo mais aquele rapaz que vinha aqui. Vocês tem que aproveitar a juventude de vocês. Além do mais é uma festa de família. E nada é mais importante do que a família da gente. Enquanto você se arruma vou mandar servir um refrigerante pras suas amigas aqui.
Eu pedi licença e sai batido pra área dos funcionários, antes que Sr. João desconfiasse de alguma coisa. Não tava animada pra ir a bar nenhum mas o teatro da Arthe e da Louise foi tão descarado que fiquei com receios da sua reação se descobrisse a verdade.
Me arrumei rapidinho e fui ao encontro das meninas na mesa. Sr. João ainda estava por lá tentando “seduzir” a Arthe.
ANALU: Pronto! Já podemos ir.
Arthe rapidamente pousou o copo de refrigerante na mesa, pegou sua bolsa e agradeceu a gentileza do Sr. João, só que sem aquela “atenção” toda que tinha lhe dispensado. Louise seguiu a sua agilidade e também se colocou de pé, com a bolsa na mão.
LOUISE: Vamos então, minha irmãzinha tá lá nos esperando.
Só lancei um olhar rápido para Louise meio que dizendo: CARA DE PAU!
Nos despedimos do Sr. João em fomos para o carro da Arthe, ou seja, se ela realmente se entendesse como o Ricardão eu e a Louise não teríamos outra alternativa senão rachar um táxi ou pedir uma carona pros pobres cantores que nem faziam idéia que já estavam visados pelas meninas.
Assim que entramos no carro a gargalhada foi inevitável.
ANALU: Vocês são duas caras de pau!
ARTHE: Eu? Que nada! Eu não tenho culpa se o Seu João, ops! ... João ... é sempre atencioso comigo. Tenho que manter a classe. (risos)
LOUISE: É! E que culpa tenho eu se sou filha única? A culpa é dos meus pais (risos).
ANALU: Eu tô é perdida com duas amigas assim como vocês.
LOUISE: Se preocupa não, combinamos assim ... eu escolho primeiro e você fica com o outro tá?
ANALU: Pô! Ainda mais essa? Quer dizer que vou ficar com a sobra? É isso mesmo? Ahh quero não. Arthe ... me deixa no primeiro ponto de ônibus que eu vou é pra casa.
ARTHE: Ihh Louise! Ela não entendeu. Ô Analu! Desde quando seqüestrado tem querer? Tem não filha. Você foi seqüestrada por nós duas e não está em condições de exigir nada!
LOUISE: É isso mesmo. Você hoje está aos nossos serviços né Arthe?
Arthe só concordou com a cabeça, fomos o tempo todo brincando, eu realmente tinha amigas de ouro. Pois naquele breve momento esqueci completamente a minha tristeza e pude me dar ao luxo de me divertir um pouco.
Chegamos ao bar e o amigo da Arthe estava na porta esperando-a. Ela estacionou, saímos do carro e juntas fomos ao seu encontro. Assim que a viu ele abriu um lindo sorriso. Ele me lembrava algum artista mas não conseguia me recordar o nome.


RICARDO: Oi linda! Que bom que você veio.
Disse já a abraçando pela cintura e lhe beijando o rosto.
ARTHE: Fui buscar minhas amigas, estamos atrasadas?
RICARDO: Boa noite meninas! Não, vocês chegaram bem a tempo, o show já deve tá começando, vem. O Cláudio reservou uma mesa pra nós.
Ele se volta pra entrada do bar e segurando Arthe pelas mãos se encaminha para frente do palco.
ANALU: Ele se parece com um artista, não consigo lembrar qual.
LOUISE: É aquele do filme P. S. : EU TE AMO! Lembra? Gerard Butler.
Assim que a Louise citou o nome do filme foi inevitável a lembrança. Foi o filme que vi com o Leo ... na primeira vez que saímos juntos ... quando nos beijamos pela primeira vez.
LOUISE: Será que ele é gay também?
ANALU: Quem? O Gerard Butler? Sei lá Louise!
LOUISE: Não ... o Ricardão da Arthe. Afinal ela disse que o amigo dele, dono daqui é gay.
ANALU: Já imaginou?
LOUISE: Não quero nem imaginar ...
Começamos a rir dessa possibilidade. Assim que chegamos a frente do palco, tinha uma mesa, com um bilhete escrito RESERVADO. Nos acomodamos e logo veio o tal Cláudio, cumprimentou o Ricardo e a nós, ofereceu bebidas então fizemos os nossos pedidos. Ele foi bastante atencioso, nem parecia ser gay. Acho que a Arthe se enganou dessa vez até porque ele deu uma secada na Louise que ela até ficou sem graça diante dele. Não reparei em quem eram os músicos até porque o palco já estava montado quando chegamos mas qual não foi a minha surpresa ao ver os dois irmãos se acomodando em seus lugares para começarem o show.
Imediatamente a Louise disparou.
LOUISE: Como você não tem direito de escolha eu fico com o branquinho. O morenão é todo seu!
Ela se vira para mim mas repara que estou paralisada com aquela surpresa.
LOUISE: Analu! Você tá se sentindo bem? Você tá pálida menina!
Arthe mais que depressa se vira me olhando séria.
ARTHE: Analu, o que você tá sentindo? Quer ir embora?
Meus olhos se encheram de lágrimas, lágrimas que não consegui até então chorar ... desde o ocorrido.
O Leo assim que se acomodou em sua cadeira olhou em nossa direção e me viu ali. Ele tava sério, não sorria. Ele repara na minha presença e se vira para o Victor e diz alguma coisa. O Victor parece que tenta argumentar mas acaba concordando com o que o Leo disse. Parecia ser alguma orientação para o show. Então o Victor começa os primeiros acordes no violão. O Leo volta seu olhar novamente para mim e começa a cantar.

 

Era um recado claro pois ele não tirou os olhos de mim por nenhum momento durante toda a música. Eu só sabia chorar e chorar. As meninas começaram a ficar preocupada então Arthe ligou os fatos.
ARTHE: Analu! É ele?
Eu só concordei com a cabeça, não tinha condições de me expressar. Eu só chorava e chorava. Era uma dor lacerante.
O Victor então reparou que o irmão olhava insistentemente para uma única direção, coisa que normalmente não fazia e se virou para o mesmo lado. Ao me ver ali ele só balançou a cabeça negativamente como se discordasse da minha presença ... ou ... da atitude do irmão.

Nenhum comentário: