A rotina se segue. Vôos, aeroportos, conversas, fotos, entrevistas, hotéis, shows, visitas ao camarim e etc. Mas ela não apareceu. Não essa semana. Volto pra casa. Ah! Casa. Não existe lugar melhor do que o nosso cantinho, as nossas coisa, nossa cama. Ah! Minha cama. Saudades de dormir pelo menos oito horas seguidas. Ainda no aeroporto me despeço de todos. Abraço meu irmão. Abraço apertado. Não podemos perder o carinho pelos que amamos. Mesmo que estejamos juntos diariamente. Pego meu carro no estacionamento e sigo para minha casa.
Não são nem oito da manhã mas finalmente chego em casa, casa não, melhor explicando, prédio. Deixei novamente a casa da minha mãe. Afinal, sou um homem solteiro, necessito do meu espaço e ela também. Precisa do dela. Comprei esse apartamento a pouco tempo. Ainda falta muita coisa pra arrumar, muita coisa pra fazer e pouco tempo pra me dedicar. O prédio é bom, habitado por famílias. O único solteiro sou eu. Se bem que... tem a D. Matilde. Minha vizinha. Figuraça. Viúva de um militar, foi amante do homem por mais de 30 anos, segundo ela, ela sim era sua esposa de fato. A que lhe dava carinho, amor. Mas não quero me intrometer nessa estória não. Isso ainda vai dar confusão. Ela é até simpática mas tenho que ter cuidado. Ela adora uma fofoca.
Chego ao prédio. Ainda na garagem dou uma leve buzinada. Lá vem o Rafael, nosso porteiro, como sempre muito solícito. Ele abre a garagem. Aceno para ele e entro. Saio do carro, abro o porta-malas e retiro a minha mala. Fecho tudo e vou em direção ao elevador. Aperto o botão então ouço vozes. Não consigo reconhecer, se bem que, como quase não paro lá não conheço todos os moradores. O elevador chega. D. Matilde vem junto. Abro a porta e sou recebido com o mais alegre dos sorrisos.
- Oi! Já chegou? E aí como foram os shows? Pra onde você foi dessa vez?
Nossa como fala! Mas coitada, sozinha e com esse jeito de que ser sua amiga de infância. Não me espanta ninguém lhe dar papo. Sorrio.
- Foi tudo bem mas agora só quero saber de dormir. Corto a conversa.
- Tá certo! Faz bem pra cutis.
Seguro a porta para ela sair. Entro no elevador aperto o 5. Num prédio que tem 10 andares até que morar no meio não é tão mal assim. Ouço a voz da D. Matilde:
- Victor! Segura aí!
Seguro então a porta do elevador. Ah! Não. Rogo para que ela não volte a entrar. Estou cansado e a única coisa que preciso agora e de um bom banho e a minha cama. Ouço a mesma voz de quando cheguei mas não consigo identificar. Ela abre a porta, mal olha pra mim, entra com um carrinho de feira, compras de supermercado. Está ao celular falando com alguém. Me olha, agradece e abaixa a cabeça. Aperta o botão 3. Deve ser a nova moradora. Não sei. Mas fiquei curioso e começo a prestar atenção ao que ela fala no telefone:
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