terça-feira, 30 de agosto de 2011


Saímos dos bastidores com tudo esquematizado. Não posso ser visto com ninguém. Pelo menos por enquanto. Preciso ter a certeza que é ela A MULHER DA MINHA VIDA. Só aí assumo pra todos a minha felicidade. Saímos por uma outra porta, não é a mesma por onde vim e onde estão a imprensa e as fãs. Sem ninguém por perto, entramos no carro que nos esperava com os motores ligados. Vidros escuros e levantados nos protegem. Eu e O MEU AMOR. No caminho, conversamos um pouco. Minha ansiedade me faz perguntar demais. Ansioso e curioso. Preciso mesmo voltar a fazer análise. Preciso me controlar mais. Voltamos ao hotel. Entramos pela garagem sem sermos identificados. Recebo as chaves do meu quarto dentro do elevador, pelo mesmo produtor que a levou até mim. Subimos, abro a porta e ligo as luzes.
- Vem. Entra. Convido-a a entrar.
Ela entra. Fecho a porta. Não caibo em mim de felicidade. Finalmente, minha busca acabou. Ela está aqui e comigo. E também me ama. Com ela de costas para mim volto a reparar em seu corpo. Que corpo! Que bunda! Homem não tem jeito mesmo, sempre dá uma conferida no material. Ela se vira e vem em minha direção.
Nos beijamos ardentemente e não me contendo mais de desejos puxo-a de encontro ao meu corpo excitado. Nos entregamos ao desejo que não cabia mais em nossos corpos e nos amamos. Depois de toda a febre vem o ressentimento.
Não. Não era amor. Era desejo. Um desejo incontrolável, o meu coração me enganou, o meu corpo me iludiu. Muitas vezes as mulheres pensam que as usamos. Mas nesse momento eu me sinto usado. Olho para ela, ali nua, deitada ao meu lado, e não reconheço o meu amor. A minha amada não é ela. Meu coração se aquieta não bate forte como a algumas horas atrás. Fecho os olhos, arrependido do que aconteceu. Não gosto de usar ninguém, muito menos me sentir assim. Como um canalha, um aproveitador. Mas ela também não é de toda inocente nessa estória. Não é nenhuma criança e muito menos foi a sua primeira vez. Levanto-me e vou em direção ao banheiro, lavo meu rosto e me olho no espelho. Não me reconheço. Sinto-me o pior dos homens. E só então entendo o que aconteceu. Foi desejo. A minha parte animal que falou mais alto. As mulheres não entendem que sexo para nós homens não tem que vir acompanhado de amor. Basta uma química, uma coisa de pele mesmo. Amor, bom amor se busca, se conquista, se entrega.
Volto ao quarto e ela já está de pé. Pergunta se pode usar o banheiro e eu abro caminho para ela passar confirmando com a cabeça, mudo, completamente mudo. Ela passa por mim, enrolada no lençol e com suas roupas nas mãos. Sinto seu perfume, que perfume delicioso. Ela entra e fecha a porta. Fecho os olhos e sacudo a cabeça. Não Victor, não dá, não é o correto. É melhor ela ir. Não devo seguir adiante com esse engano. Volto a por minhas roupas. Ela sai do banheiro arrumada. Linda! Sorri para mim e diz:
- Foi tudo maravilhoso, espero repetir.
- Quem sabe. Tento me enganar mais uma vez.
Nos despedimos, pergunto se quer dinheiro para um táxi. Ela gentilmente agradece mas recusa. Mulher digna. Gosto de mulheres assim, independentes. Ela se vai. Resolvo tomar um banho e lavar minha alma dessa doce ilusão. Termino meu banho, me visto e volto a me deitar. Tento dormir mas meu coração não se aquieta e minha mente ferve. Onde? Onde será que ela está? E quem será ela? Minha eterna busca volta a me atormentar.

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