Enquanto isso em Uberlândia ...
Na repartição publica M e Elaine combinam um programa.
- Então M. Vamos mesmo naquela festa a fantasia ou você mudou de idéia?
- Vamos sim Elaine, aqui em Uberlândia não conheço quase nada mesmo. Preciso fazer amizades. Me divertir.
- Então tamos combinadas. Ah! A Carol vai com a gente, tá!
- Ai Elaine, a Carol! Poxa ela é até divertida mas tão vazia. Sem papo.
- Você quer ir na festa pra se divertir ou conversar um papo-cabeça? Além disso o carro é dela. Ou seja, a nossa carona é ela.
- Tá entendi. Mas vamos sair lá de casa certo? Eu não tô a fim de pagar mico no meio da rua vestida daquele jeito.
- Então você decidiu? Vai mesmo de Deusa Grega?
- Vô. Sei que no final da noite vou morrer de frio com aquela roupa mas eu gostei dela.
- Não se preocupe não amiga. Vai que no final da noite você não arruma um Zeus pra te aquecer. Disse isso rindo.
- É vamos ver, e torcer também. Riu.
No dia seguinte ao show, levanto para mais uma rotina. Agora iremos para outra cidade. Goiânia é a próxima parada. Será? Será que vou encontra-la lá? Ou será que mais uma vez serei iludido pela minha ansiedade? Bom, já não consegui pregar o olho nessa noite mesmo. O jeito é me entregar nos braços da rotina e seguir meu rumo. E a constância se repete. Aeroporto, decolagem e pouso tensos, hotel, entrevistas, shows e visitas ao camarim. Mais um dia se vai e ela não apareceu. Os dias se vão e nada muda, mas também nenhum dia é igual ao outro. Continuamos a viajar pelo Centro-Oeste brasileiro e depois de um dia rotineiro qualquer, volto ao hotel e ao sair do elevador vejo uma confusão está instalada no corredor do andar onde estou hospedado. O nosso empresário, alguns produtores e nosso assessor de imprensa discutem acaloradamente. Paro e olho procurando entender o que está acontecendo. O nosso empresário vem em minha direção com uma folha de papel impressa nas mãos. Falando de forma exaltada.
- Viu! Você não toma cuidado e é isso o que acontece. Falou rispidamente.
Não gosto de ser interpelado dessa forma então começo a reagir agressivamente também.
- Do que você tá falando? Seja mais objetivo.
- Disso aqui ó. Diz quase que esfregando o maldito papel em meu rosto.
Arranco a folha de suas mãos e começo a ler. Vejo que se trata de uma notícia que saiu na internet. Nela está estampada a foto da mulher que conheci em Brasília. Custo a acreditar no que leio. Em letras garrafais a manchete destaca. Soraia – aspirante a atriz é o mais novo amor de Victor Chaves da dupla sertanejo universitário, Victor e Leo. Discorro mais algumas linhas e quanto mais leio com mais ódio fico. Ódio sim caro leitor. Como pode alguém, um ser humano, utilizar-se de outro dessa forma, somente para se destacar. Por que não trabalha duro como eu trabalhei e ainda trabalho. Sucesso nada mais é do que o reconhecimento. Reconhecimento do seu esforço, da sua competência. Além disso o maldito que escreveu esse texto tão tosco não sabe o que é musica sertaneja, que esses nomes: universitário, de raiz, e etc são somente rótulos que a imprensa insiste em nos colocar. Rasgo o papel em picadinhos tomado pela cólera.
- Aqui ó o que faço com isso. Jogando para o alto os resquícios do que era antes uma folha de papel impressa. Ninguém tem nada com a minha vida particular, não devo satisfações dela para ninguém, ninguém. Disse já alterado.
- Você pelo menos se previniu. Pergunta, nosso empresário, ainda exaltado.
- Como é que é? Parto em sua direção sendo então contido pelo Leo que até aquele momento permanecera quieto. Todos se colocam entre nós dois. Tentando acalmar nossos ânimos.
- Eu perguntei se você usou camisinha pelo menos. Só falta essa piranha aparecer grávida dizendo que o filho é seu. Esbravejou.
- Você pensa que eu sou o quê? Algum moleque irresponsável?
- Ótimo. Melhor assim. Teremos que rever esse esquema. Você não pode mais se deixar iludir por um belo par de pernas e olhos brilhantes. De agora em diante, eu tomarei conta disso pessoalmente. Quer você queira ou não. E vou logo te avisando. Mesmo que você queira, acredite piamente que uma mulher seja a sua alma-gêmea. Ela terá que passar pelo meu crivo. E se EU não aprovar. Esqueça. Você não vai te-la. Estamos entendidos?
Tentei argumentar mas o Leo que estava na minha frente, impedindo meu caminho, colocou a mão em meu peito me retendo e olhando nos meus olhos.
- Melhor assim Vitor. Depois vocês combinam as coisas de outra forma. Vamos deixar como está, por enquanto. Quando vocês estiverem mais calmos retomamos essa conversa. Já está tarde e discutir agora não vai nos levar a lugar nenhum.
Respirei fundo e apenas concordei com ele balançando a cabeça. No fundo eles tinham razão. Essa minha busca estava começando a me causar problemas. Calado, fui em direção ao meu quarto.
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