quarta-feira, 31 de agosto de 2011


Enquanto isso em Uberlândia ...
Na repartição publica M e Elaine combinam um programa.
- Então M. Vamos mesmo naquela festa a fantasia ou você mudou de idéia?
- Vamos sim Elaine, aqui em Uberlândia não conheço quase nada mesmo. Preciso fazer amizades. Me divertir.
- Então tamos combinadas. Ah! A Carol vai com a gente, tá!
- Ai Elaine, a Carol! Poxa ela é até divertida mas tão vazia. Sem papo.
- Você quer ir na festa pra se divertir ou conversar um papo-cabeça? Além disso o carro é dela. Ou seja, a nossa carona é ela.
- Tá entendi. Mas vamos sair lá de casa certo? Eu não tô a fim de pagar mico no meio da rua vestida daquele jeito.
- Então você decidiu? Vai mesmo de Deusa Grega?
 - Vô. Sei que no final da noite vou morrer de frio com aquela roupa mas eu gostei dela.
- Não se preocupe não amiga. Vai que no final da noite você não arruma um Zeus pra te aquecer. Disse isso rindo.
- É vamos ver, e torcer também. Riu.
No dia seguinte ao show, levanto para mais uma rotina. Agora iremos para outra cidade. Goiânia é a próxima parada. Será? Será que vou encontra-la lá? Ou será que mais uma vez serei iludido pela minha ansiedade? Bom, já não consegui pregar o olho nessa noite mesmo. O jeito é me entregar nos braços da rotina e seguir meu rumo. E a constância se repete. Aeroporto, decolagem e pouso tensos, hotel, entrevistas, shows e visitas ao camarim. Mais um dia se vai e ela não apareceu. Os dias se vão e nada muda, mas também nenhum dia é igual ao outro. Continuamos a viajar pelo Centro-Oeste brasileiro e depois de um dia rotineiro qualquer, volto ao hotel e ao sair do elevador vejo uma confusão está instalada no corredor do andar onde estou hospedado. O nosso empresário, alguns produtores e nosso assessor de imprensa discutem acaloradamente. Paro e olho procurando entender o que está acontecendo. O nosso empresário vem em minha direção com uma folha de papel impressa nas mãos. Falando de forma exaltada.
- Viu! Você não toma cuidado e é isso o que acontece. Falou rispidamente.
Não gosto de ser interpelado dessa forma então começo a reagir agressivamente também.
- Do que você tá falando? Seja mais objetivo.
- Disso aqui ó. Diz quase que esfregando o maldito papel em meu rosto.
Arranco a folha de suas mãos e começo a ler. Vejo que se trata de uma notícia que saiu na internet. Nela está estampada a foto da mulher que conheci em Brasília. Custo a acreditar no que leio. Em letras garrafais a manchete destaca. Soraia – aspirante a atriz é o mais novo amor de Victor Chaves da dupla sertanejo universitário, Victor e Leo. Discorro mais algumas linhas e quanto mais leio com mais ódio fico. Ódio sim caro leitor. Como pode alguém, um ser humano, utilizar-se de outro dessa forma, somente para se destacar. Por que não trabalha duro como eu trabalhei e ainda trabalho. Sucesso nada mais é do que o reconhecimento. Reconhecimento do seu esforço, da sua competência. Além disso o maldito que escreveu esse texto tão tosco não sabe o que é musica sertaneja, que esses nomes: universitário, de raiz, e etc são somente rótulos que a imprensa insiste em nos colocar. Rasgo o papel em picadinhos tomado pela cólera.
- Aqui ó o que faço com isso. Jogando para o alto os resquícios do que era antes uma folha de papel impressa. Ninguém tem nada com a minha vida particular, não devo satisfações dela para ninguém, ninguém. Disse já alterado.
- Você pelo menos se previniu. Pergunta, nosso empresário, ainda exaltado.
- Como é que é? Parto em sua direção sendo então contido pelo Leo que até aquele momento permanecera quieto. Todos se colocam entre nós dois. Tentando acalmar nossos ânimos.
- Eu perguntei se você usou camisinha pelo menos. Só falta essa piranha aparecer grávida dizendo que o filho é seu. Esbravejou.
- Você pensa que eu sou o quê? Algum moleque irresponsável?
- Ótimo. Melhor assim. Teremos que rever esse esquema. Você não pode mais se deixar iludir por um belo par de pernas e olhos brilhantes. De agora em diante, eu tomarei conta disso pessoalmente. Quer você queira ou não. E vou logo te avisando. Mesmo que você queira, acredite piamente que uma mulher seja a sua alma-gêmea. Ela terá que passar pelo meu crivo. E se EU não aprovar. Esqueça. Você não vai te-la. Estamos entendidos?
Tentei argumentar mas o Leo que estava na minha frente, impedindo meu caminho, colocou a mão em meu peito me retendo e olhando nos meus olhos.
- Melhor assim Vitor. Depois vocês combinam as coisas de outra forma. Vamos deixar como está, por enquanto. Quando vocês estiverem mais calmos retomamos essa conversa. Já está tarde e discutir agora não vai nos levar a lugar nenhum. 
Respirei fundo e apenas concordei com ele balançando a cabeça. No fundo eles tinham razão. Essa minha busca estava começando a me causar problemas. Calado, fui em direção ao meu quarto.

terça-feira, 30 de agosto de 2011


Saímos dos bastidores com tudo esquematizado. Não posso ser visto com ninguém. Pelo menos por enquanto. Preciso ter a certeza que é ela A MULHER DA MINHA VIDA. Só aí assumo pra todos a minha felicidade. Saímos por uma outra porta, não é a mesma por onde vim e onde estão a imprensa e as fãs. Sem ninguém por perto, entramos no carro que nos esperava com os motores ligados. Vidros escuros e levantados nos protegem. Eu e O MEU AMOR. No caminho, conversamos um pouco. Minha ansiedade me faz perguntar demais. Ansioso e curioso. Preciso mesmo voltar a fazer análise. Preciso me controlar mais. Voltamos ao hotel. Entramos pela garagem sem sermos identificados. Recebo as chaves do meu quarto dentro do elevador, pelo mesmo produtor que a levou até mim. Subimos, abro a porta e ligo as luzes.
- Vem. Entra. Convido-a a entrar.
Ela entra. Fecho a porta. Não caibo em mim de felicidade. Finalmente, minha busca acabou. Ela está aqui e comigo. E também me ama. Com ela de costas para mim volto a reparar em seu corpo. Que corpo! Que bunda! Homem não tem jeito mesmo, sempre dá uma conferida no material. Ela se vira e vem em minha direção.
Nos beijamos ardentemente e não me contendo mais de desejos puxo-a de encontro ao meu corpo excitado. Nos entregamos ao desejo que não cabia mais em nossos corpos e nos amamos. Depois de toda a febre vem o ressentimento.
Não. Não era amor. Era desejo. Um desejo incontrolável, o meu coração me enganou, o meu corpo me iludiu. Muitas vezes as mulheres pensam que as usamos. Mas nesse momento eu me sinto usado. Olho para ela, ali nua, deitada ao meu lado, e não reconheço o meu amor. A minha amada não é ela. Meu coração se aquieta não bate forte como a algumas horas atrás. Fecho os olhos, arrependido do que aconteceu. Não gosto de usar ninguém, muito menos me sentir assim. Como um canalha, um aproveitador. Mas ela também não é de toda inocente nessa estória. Não é nenhuma criança e muito menos foi a sua primeira vez. Levanto-me e vou em direção ao banheiro, lavo meu rosto e me olho no espelho. Não me reconheço. Sinto-me o pior dos homens. E só então entendo o que aconteceu. Foi desejo. A minha parte animal que falou mais alto. As mulheres não entendem que sexo para nós homens não tem que vir acompanhado de amor. Basta uma química, uma coisa de pele mesmo. Amor, bom amor se busca, se conquista, se entrega.
Volto ao quarto e ela já está de pé. Pergunta se pode usar o banheiro e eu abro caminho para ela passar confirmando com a cabeça, mudo, completamente mudo. Ela passa por mim, enrolada no lençol e com suas roupas nas mãos. Sinto seu perfume, que perfume delicioso. Ela entra e fecha a porta. Fecho os olhos e sacudo a cabeça. Não Victor, não dá, não é o correto. É melhor ela ir. Não devo seguir adiante com esse engano. Volto a por minhas roupas. Ela sai do banheiro arrumada. Linda! Sorri para mim e diz:
- Foi tudo maravilhoso, espero repetir.
- Quem sabe. Tento me enganar mais uma vez.
Nos despedimos, pergunto se quer dinheiro para um táxi. Ela gentilmente agradece mas recusa. Mulher digna. Gosto de mulheres assim, independentes. Ela se vai. Resolvo tomar um banho e lavar minha alma dessa doce ilusão. Termino meu banho, me visto e volto a me deitar. Tento dormir mas meu coração não se aquieta e minha mente ferve. Onde? Onde será que ela está? E quem será ela? Minha eterna busca volta a me atormentar.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011


O momento de entrega total.  Subo no palco, pego meu fiel escudeiro, meu violão, devidamente afinado por mim. Sou ciumento e possessivo, só eu cuido de meus instrumentos, no máximo permito que os transportem para mim. Mas afiação e limpeza, só eu ponho as mãos. Começo os primeiros acordes, gritos, agitação na platéia. Sorrio. Flashes espocam sem parar. Agora sim, estou onde mais amo estar, no palco. Olho para a platéia, casa cheia. Ótimo! Sinal que estamos no caminho certo, atingindo cada vez mais corações, almas. Emocionando pessoas. Tento reconhecer algum rosto. Principalmente entre as moças que ficam bem próximo ao palco. Minha busca eterna volta a agir. Incessantemente, sem tréguas busco o MEU AMOR!
As luzes de frente do palco se acendem. Excelente. Assim posso ver melhor os rostos que estão ali, sorrindo para mim. Noto uma moça. Linda! Seu rosto, seu corpo. Perfeita! Ela me sorri, seus olhos brilham. Acena, manda beijos e tal. De repente sinto meu coração batendo mais forte, me emociono ao olhar para ela. Será? Será que é ela? Será que finalmente minha infindável busca finalmente se encerrou? Sorrio de volta, mando beijinhos como se fosse uma brincadeira de pega-pega. Ela percebe meu flerte e corresponde. Passamos o show todo assim. Nessa deliciosa troca de carinhos, olhares. Ao final do show aponto para ela, convidando-a para o camarim. Volto aos bastidores e aviso a um dos produtores que ela é especial. Ele entende o que quero dizer afirmando com a cabeça. Aponto-a para que ele saiba exatamente que ela é. Fecham-se as cortinas, o show acabou, extenuado mas feliz. Foi tudo perfeito e agora meu coração está aos pulos. Vou encontra-la pessoalmente, bem de pertinho. Torço para que o meu coração não esteja me pregando peças. Vou para o camarim me aprontar para o nosso reencontro. Mas antes, tenho que cumprir o resto da rotina. Visitas, beijinhos, fotos, agradecimentos e despedidas. Não foi só ela que veio nos encontrar. A cada abertura da porta meu coração para, não ainda não terminou. 
Cansado e nervoso vejo a porta se abrir mais uma vez. Vem o produtor e logo em seguida ela. Linda! Perfeita! O Leo, meu irmão, olha, entende o que está acontecendo. Cumprimenta-a e ela a ele, sem tirar os olhos de mim. Nervoso, não consigo falar nada. Só consigo reparar em seu rosto, seus cabelos e seu corpo. Que corpo! Sinto algo estranho, não consigo definir, esse sentimento que toma conta do meu ser. Meu irmão então se despede e sai do camarim acompanhado do produtor que a trouxe. Ficamos sós. Enfim sós! Ela me sorri. Sorriso encantador, diria mais, envolvente. Não me contenho e puxo-a para mim. Ela me segura pelo pescoço. Ah! Não. Pelo pescoço não. Logo o meu ponto mais fraco. Não resistindo mais, seguro-a pela cintura e a beijo, um beijo ardente, de paixão e cheio de desejos. Sou correspondido. Beijo delicioso. Pergunto se ela gostaria de ir comigo, para o hotel, ela com seus olhos brilhando incandescentes de desejo balança a cabeça positivamente. Pego em sua mão, entrelaço com a minha e me encaminho para sair do camarim. Ela me puxa de volta. Olho-a sem entender. Ela me beija novamente. Que beijo! Sorrio e pergunto: Vamos? E ela responde: vamos, vamos sim.

domingo, 28 de agosto de 2011


Tudo pronto pra mais uma viagem. Pego minha mala, me despeço da D. Graça. Saio do prédio rumo ao aeroporto. Mais uma rotina em minha vida. Já no aeroporto encontro com Leo e sua família , sua esposa faz questão de trazê-lo para se despedirem fico ali vendo aquela cena, e sempre acho bonito, que felicidade e como os dois são cúmplices desse amor, entro no avião comprimentos a todos e me sento em meu lugar, mais uma semana de shows, entrevistas, programas de TV, o que será que nos aguarda nessa viagem ao Centro Oeste? Nossa primeira parada, Brasília. Chegando no aeroporto, faixas, cartazes, fãs histéricas jurando amor incondicional. Acho Graça nesses amores platônicos, ela nem me conhecem, não sabem como sou exigente , rabugento e detalhista se soubessem aposto que nem olhariam pra mim, mas gosto de ver que também somos reconhecidos pelo trabalho e não só pela suposta beleza física que elas tanto falam.
Saímos do aeroporto numa van, escoltados por policiais. Muitos carros nos seguem, são fãs, esses seres adoráveis que fazem qualquer coisa por um sorriso, um aceno até mesmo um oi. Amo-as. De paixão. Seguimos por uma espécie de via expressa. Brasília é uma cidade diferente, ruas largas e longas. Sua arquitetura, toda desenhada por Oscar Niemeyer, mostra sua importância na política brasileira. Argh! Política. Não a política como estudo mas essa que se utilizam do poder em benefício próprio. Detesto! Mas Brasília, como cidade, é linda. Diferente, misteriosa e por que não: melancólica. Ihhh! Acho que quem está melancólico hoje sou eu. Será? Acho que estou carente. Carente de amor, de afeto. Será que hoje encontro minha amada? Será que ela é uma candanga? Rio de mim mesmo. Acho que preciso voltar a fazer análise. Ando tão melancólico. Carência de amor, carência de amor.
Chegamos ao hotel. Tumulto. Tensão. Temos muito cuidado nessa hora. Sempre pode acontecer algum acidente. E a última coisa que precisamos é de alguém machucado, atropelado. Entramos rapidamente pelo estacionamento do hotel. Cumprimentos, conversas básicas, orientações. Sou novamente informado pela produção que teremos entrevistas em rádios, televisão. O de sempre, a rotina de sempre. Subo ao meu quarto. Procuro descansar para mais tarde sim, a magia acontecer. O dia segue sem nenhuma diferença dos outros em que estamos na estrada. Então chega a hora do show.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011


- Garota! Larga do meu pé! Eu já disse, quem vai fazer o bolo sou eu. Eu faço do jeito que eu quero!
Pausa
- É claro que vai ficar molhadinho. Olha! Eu coloco leite, leite de coco, leite condensado. O segredo tá no leite, tem que ser morninho e assim que tirar do forno. Depois geladeira, você vai ver. Sua dieta vai pro brejo.
Começo a rir. Receita de bolo! Ninguém merece. Ela percebe e sorri de volta levantando os ombros e inclinando a cabeça como se quisesse dizer: Fazer o quê, né!
Chega o 3º andar. A porta se abre e ela sai mas continua ao telefone. Como mulher gosta de um telefone. Eu hein!
- Bom dia! Diz para mim.
- Bom dia! Respondo.
Ela sai, a porta volta a se fechar mas não resisto e falo alto.
- Não esqueça meu pedaço do bolo, viu!
Ela se volta para porta e responde:
- E pra onde eu mando?
- 501. Respondi sorrindo. Comecei o dia bem, me divertindo.
Chego em casa, sou recebido pela D. Graça que abre a porta sorrindo e pegando minha mala.
- Deixa D. Graça, tá pesada.
- Imagina! Seu Victor. Tô acostumada.
Entro, olho tudo ao redor. Era como se eu precisasse reconhecer o lugar, o meu canto. Sorrio.
- Tudo em ordem por aqui.
- Tudo sim senhor. Tudo na mais santa paz! Quer um cafezinho? Acabei de passar.
- Aceito sim. Mas só o café por favor. Preciso descansar.
Tomo meu café. Uhhh! Delicia. Revigorante.
Vou para o meu quarto. Tomo um bom banho. Relaxante. Visto uma roupa confortável. Deito e durmo logo em seguida. Enfim em casa!
O dia se passa e nem sinto. Na manhã seguinte. Saio cedo para a produtora. Reuniões. Decisões. Muito trabalho administrativo para ser feito. Saio da produtora com o Ivan, baixista da banda. Vamos até o meu apê para buscar uma cifra nova. Entramos no prédio e o Rafael vem me abordar.
- Seu Victor!
- Fala Rafael.
- A senhorita M deixou uma encomenda pro senhor.
- Senhorita M?
- É! A nova moradora do 301.
Não entendi. Mas...
- Vou buscar. Ela pediu pra guardar na geladeira. Só um minuto!
Olhei para o Ivan sem continuar a entender. O Rafael veio com um embrulho. Estava gelado. Peguei o embrulho. Agradeci. Chamei o elevador e entramos. Abri o pacote. Sou muito curioso então não resisti. Era um pote de plástico. Abri a tampa e comecei a rir. Era um pedaço de bolo de coco gelado. Não é que ela me enviou um pedado do bolo que pedi!
O Ivan então pergunta:
- O que é isso?
- Bolo de coco. Vai?
- Hum. Mal se mudou e já tá ganhando agradinhos das vizinhas né!
- Ha ha ha. Esse fui eu que pedi.
- Tá com uma cara boa. Com um cafezinho cai bem.
- É verdade. Vem, vamos. Disse abrindo o elevador.
D. Graça abre a porta. Entrego para ela o pacote.
- D. Graça, por favor, passa um cafezinho pra gente e serve com esse bolo.
- Pois não Senhor Victor.
Ela abre o pacote e diz:
- Mas é o bolo da M!
- Como é que é?
- A M, a nova vizinha. Cozinha que é uma beleza. Trocamos receitas. Essa ela já me deu.
- Tá certo então. Faz um café e come o bolo conosco.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011


A rotina se segue. Vôos, aeroportos, conversas, fotos, entrevistas, hotéis, shows, visitas ao camarim e etc. Mas ela não apareceu. Não essa semana. Volto pra casa. Ah! Casa. Não existe lugar melhor do que o nosso cantinho, as nossas coisa, nossa cama. Ah! Minha cama. Saudades de dormir pelo menos oito horas seguidas. Ainda no aeroporto me despeço de todos. Abraço meu irmão. Abraço apertado. Não podemos perder o carinho pelos que amamos. Mesmo que estejamos juntos diariamente. Pego meu carro no estacionamento e sigo para minha casa.
Não são nem oito da manhã mas finalmente chego em casa, casa não, melhor explicando, prédio. Deixei novamente a casa da minha mãe. Afinal, sou um homem solteiro, necessito do meu espaço e ela também. Precisa do dela. Comprei esse apartamento a pouco tempo. Ainda falta muita coisa pra arrumar, muita coisa pra fazer e pouco tempo pra me dedicar. O prédio é bom, habitado por famílias. O único solteiro sou eu. Se bem que... tem a D. Matilde. Minha vizinha. Figuraça. Viúva de um militar, foi amante do homem por mais de 30 anos, segundo ela, ela sim era sua esposa de fato. A que lhe dava carinho, amor. Mas não quero me intrometer nessa estória não. Isso ainda vai dar confusão. Ela é até simpática mas tenho que ter cuidado. Ela adora uma fofoca.
Chego ao prédio. Ainda na garagem dou uma leve buzinada. Lá vem o Rafael, nosso porteiro, como sempre muito solícito. Ele abre a garagem. Aceno para ele e entro. Saio do carro, abro o porta-malas e retiro a minha mala. Fecho tudo e vou em direção ao elevador. Aperto o botão então ouço vozes. Não consigo reconhecer, se bem que, como quase não paro lá não conheço todos os moradores. O elevador chega. D. Matilde vem junto. Abro a porta e sou recebido com o mais alegre dos sorrisos.
- Oi! Já chegou? E aí como foram os shows? Pra onde você foi dessa vez?
Nossa como fala! Mas coitada, sozinha e com esse jeito de que ser sua amiga de infância. Não me espanta ninguém lhe dar papo. Sorrio.
- Foi tudo bem mas agora só quero saber de dormir. Corto a conversa.
- Tá certo! Faz bem pra cutis.
Seguro a porta para ela sair. Entro no elevador aperto o 5. Num prédio que tem 10 andares até que morar no meio não é tão mal assim. Ouço a voz da D. Matilde:
- Victor! Segura aí!
Seguro então a porta do elevador. Ah! Não. Rogo para que ela não volte a entrar. Estou cansado e a única coisa que preciso agora e de um bom banho e a minha cama. Ouço a mesma voz de quando cheguei mas não consigo identificar. Ela abre a porta, mal olha pra mim, entra com um carrinho de feira, compras de supermercado. Está ao celular falando com alguém. Me olha, agradece e abaixa a cabeça. Aperta o botão 3. Deve ser a nova moradora. Não sei. Mas fiquei curioso e começo a prestar atenção ao que ela fala no telefone:

quarta-feira, 24 de agosto de 2011


O show termina. Fecham-se as cortinas. Suado, cansado, porém feliz. Posso até mesmo dizer, realizado. Mas não completamente é nesse momento que me sinto só. E aí que começa minha incansável busca.  A do MEU AMOR PERFEITO. Sei que pode parecer errado. Mas não tenho outro momento em que procurar. Afinal, não se encontra o amor da sua vida, esbarrando numa esquina qualquer, é necessário uma ocasião especial.
Sou romântico? Sim. Um pouco tímido? Não. MUITO tímido! Mas estou sempre atento aos sinais. um olhar, um sorriso ou quem sabe, um bater mais forte e descompassado do meu coração. Ah! O coração. Inexplicável órgão. Um músculo. Mas que bate independente de nossas vontades. EU QUERO ME APAIXONAR!
Viver aquilo que só os apaixonados sentem. Rir a toa, chorar de saudades, ficar bobo, sentir aquele calor que desce pelo corpo, se contrapondo ao frio na espinha. Voltar a ser criança. Enfim, SER FELIZ!
Saio do palco, extenuado. Vou para o camarim, recompor-me desse momento mágico e me preparar para outro. Quem sabe? Pode ser hoje que encontro minha amada. MINHA AMADA. Sim, e por que não? Eu a amo. Independente de conhece-la.
Pronto. Tudo pronto para o momento mais esperado. Por elas e por mim também. Quem sabe será hoje que minha busca incessante acaba. Talvez! Quem sabe?
A porta do camarim se abre e entra a primeira mulher. Sozinha. Será que é ela? Será? Fixo meus olhos nos seus. Mas não vejo nada, não sinto nada. Seus olhos brilham, um brilho intenso. O amor. Ah! Novamente o amor. Mas infelizmente não correspondido por mim. Ainda não é dessa vez. Abraços, beijinhos, agradecimentos de ambas as partes. Fotos, mais agradecimentos e beijinhos. Despedida. Ela se vai. Respiro fundo, quem sabe na próxima.
Novamente a porta se abre, dessa vez um casal. Putz, homem não! E acompanhado! Pena. Mas uma surpresa. Uma criança junto a eles. Adoro crianças. Sonho com filhos. Mas ainda é cedo. Preciso me sentir completo para só então passar meus conhecimentos, o que a vida me ensinou e continua a me ensinar. Dar amor. Muito amor. Voltamos a rotina. Abraços, beijinhos, fotos, agradecimentos de ambas as partes. Despedidas. A rotina cadenciada continua. Portas se abrem e se fecham. Terminam-se as visitas. Fim de festa. Hora de voltar ao hotel. E ELA não veio. Não foi dessa vez. Quem sabe amanhã? Talvez.

Livros de Agosto

Esse mês rendeu. São dois livros, um já lido e um já iniciado.
As dicas são:
Para Sempre de Alyson Noël. 
Estória que de inicio pensei que era mais uma estórinha adocicada de vampiros adolescentes que se apaixonam etc e tal. Mas do meio pro final temos uma reviravolta e descubro que a estória não é bem assim. Esse é o primeiro de 5 livros da série consagrada nos EUA. O 5º e último livro será lançado na Bienal do Livro aqui do Rio de Janeiro com direito a tarde de autógrafos com a escritora. Vale a pena. Uma estória leve e dinâmica.

A segunda dica é:
Fallen de Lauren Kate. O livro tem uma forma diferente de abordar o assunto anjos, vampiros, romances juvenis. Ainda não cheguei a metade do livro, mas tô devorando.

O mais legal de tudo foi que ao terminar de ler Para Sempre fiz uma busca no meu SKOOB e descobri que ultrapassei a minha meta de leitura para esse ano. De 13 livros programados para ler o ano todo, já estou no 16º livro. E ainda faltam 4 meses pra 2011 acabar. Que venha a Bienal do Livro!

terça-feira, 23 de agosto de 2011


“A vida é uma senhora sarcástica e voluntariosa. Não adianta nada em tudo que decidirmos fazer com a nossa, ela tem vontade própria. Dizem que ela é um palco. Bom e quando é que o show acaba? Eu mesmo respondo: Nunca!”
Meu nome é Victor Chaves. Homem, filho, irmão, amigo, mineiro, cantor, compositor, poeta, ídolo e fã e vou expor aqui um pouco do que penso e faço. Das minhas experiências e meus planos para com a minha própria trajetória nesse caminho.
Hoje é quarta-feira, um dia qualquer, num mês qualquer, num ano qualquer, isso já não faz mais diferença. Os dias são todos iguais, a mesma rotina cadenciada e automática. Estou saindo da casa da minha mãe. Ah! Mãe. Palavra pequenina mas com uma força tão grande.
Somente uma mulher para carregar tamanho fardo. Gerar um ser, carrega-lo em seu ventre, sentir a dor do parto, amamenta-lo e acima de tudo e de todos Ama-lo sem ser necessário explicações. Bom, mas voltando a minha realidade, essa dura realidade da vida que não me pertence mais...
Hoje volto a minha rotina, triste mas com suas pequenas alegrias. Alegrias sim caro leitor,
pois nem tudo é espinho nessa caminhada. Termino de almoçar, almoço em família. Ato corriqueiro na vida de muitos mas um momento precioso na minha e na de meu irmão...
acredito Eu. Saímos da casa da minha mãe. Beijos, abraços, pedidos de cuidados, juízos e coisa e tal. Ah! Mãe. Tudo igual, só muda mesmo de endereço. Eu, um homem feito, ajuizado, com uma carreira profissional definida ainda tem que garantir a ela que vou me cuidar como se caso eu resolvesse contraria-la não seria Eu o maior prejudicado. Sofreria as conseqüências dos meus atos e a faria sofrer também.
Chego ao aeroporto, agenda de 5 dias de shows por um país de dimensões continentais,
malas, documentos, informações de hospedagens, equipamento. Tudo checado. Boa hora em que compramos um jato particular. Para muitos um luxo, para nós que vivemos essa rotina louca de cada dia num lugar diferente, um bem muito bem adquirido. Entro no avião,
pequeno, só cabem seis passageiros e dois tripulantes (piloto e co-piloto), fecha-se a porta,
ligam-se as turbinas. Barulho infernal! Não dá nem pra tirar um cochilo, se bem que, quando o cansaço bate não escuto nada e durmo feito uma pedra. Agora estamos somente Eu, meu irmão Leo, nosso empresário e mais três pessoas que trabalham conosco na produção do Vida Boa.
Leo, meu irmão. Não falei dele. Grande no tamanho e também no coração. Sinto inveja dele, inveja branca, como dizem por aí. Um cara incrível que consegue levar essa loucura que se tornou a nossa vida de uma forma tão leve e tranqüila. Casado, pai. Um ótimo pai.
Irmão, amigo e companheiro de jornada. Sou grato por ele fazer parte da minha vida. Dessa vida e por que não, de outras.
O avião decola, rumo a mais uma cidade, retornando a nossa rotina. Muitos reclamam da rotina, coisa previsível em sem emoções. Quem disse que a rotina não pode ser diferente?
Um dia diferente do outro, sem as mesmices do cotidiano não conhece a minha. Shows,
fotos, entrevistas, mais fotos e o encontro com as fãs. Ah! Fãs. Como descrever essas pessoas, que são capazes das maiores loucuras para se chegar perto de um ídolo? Eu sei,
apesar de muitas pessoas não acreditarem, sei como é. Também sou fã e as entendo perfeitamente bem.
Passam-se as horas, céu azul, também conhecido como céu de brigadeiro, as nuvens abaixo formam um tapete de algodão. Bela paisagem, posso mesmo até dizer, inspiradora. Respiro fundo. Abro minha pasta, retiro meu caderno e começo a escrever. A vista que tenho da janela do avião me faz escrever mais uma canção. Perguntam-me como vem a inspiração para compor as minhas músicas. Explico que vem de dentro. É nessa hora que quem fala não é o homem e sim a sua alma. Volto a olhar através da janela, começo a rir sozinho.
Vem a minha cabeça uma frase feita. Não gosto de frases feitas a menos que elas sejam perfeitamente colocadas, senão, soa falso. Mas que frase é essa você deve estar se perguntado. Pois eu digo: “Lembre-se que por mais nuvens que estejam em sua cabeça acima delas existe um sol brilhando para você”. Volto a escrever, agora não sou eu quem comanda minha mão e sim a minha alma que toma conta de mim. A caneta corre o papel,
é como se eu não tivesse vontade própria mas que a minha alma quisesse gritar o que sente e o que vê. Pronto. Acabou. A inspiração se foi. Olho novamente para o caderno, leio o que escrevi. Volto a sorrir, perfeito! Levanto a cabeça e percebo meu irmão me observando.
Ele sorri para mim, sabe que ali está mais uma canção feita e que esses momentos em que estou fora do meu controle são momentos únicos e especiais. Ele já me disse uma vez:
“Sinto-me privilegiado de estar ao seu lado em momentos como esses”. Privilégio meu ...
privilégio meu.
O piloto avisa que estamos chegando, guardo tudo e respiro fundo. Tensão. Decolagem e aterrissagem são momentos tensos para mim. Detesto ter a minha vida dependendo de uma máquina, tudo bem que existe um homem no comando. Mas como já disse a vida é uma senhora voluntariosa e não depende de nós traçar seu rumo podemos no máximo sonhar com o que queremos dela.
Pousamos. Ufa! Agora é sair daqui e respirar o ar lá de fora. E começa nossa rotina. Somos recebidos pela produção do local. Conversas simples, agradecimentos, orientações, apertos de mãos e mais fotos. Carro, hotel. Ah! O Hotel, impessoal é verdade porém um refúgio no final de mais um dia de trabalho. Procuro descansar, me preparar para o show que iremos fazer logo mais à noite. A banda já se encontra no hotel e toda a equipe de produção está a mil com os preparativos finais. Antes de ir para o meu quarto sou avisado, temos entrevistas, apresentações em rádios locais e etc. Rotina ... incansável rotina. Irão me chamar quando for a hora.
O dia passa, tudo rotineiro como sempre, diferente como sempre também. Hora do show.
Subo no palco. Ah! Aí sim. O palco. Meu recanto, onde me entrego de corpo e alma. Local sagrado e profano para mim. É nos shows que me ofereço por inteiro. Sem me preocupar com o que digo ou o que faço por que digo e faço o que amo e quando se tem amor
não se deve ter vergonha de nada. Pois só o amor justifica tudo. Amor. Palavrinha pequenina que nem mãe e forte como ela. Amo. Amo minha vida, o que faço. Amo minha família e meus amigos. Mas me falta uma coisa. Falta um amor. Um amor para me completar, uma companheira, que esteja ao meu lado mesmo que não seja de corpo presente. E essa é a minha busca. Minha eterna busca. A do amor verdadeiro. Procuro em todos os lugares, não sei como ela é, como pensa, o que faz. Mas sei que também está a minha procura. Mas quem? Quem será essa mulher, esse ser que irá me fazer sentir pleno e completo?
Eu sou Victor Chaves é essa é a minha busca.

Minha Versão

Essa foi a minha primeira estória. Postada numa comunidade do orkut que eu administrava. Estou agora disponibilizando-a aqui pra todos. Fiquem a vontade pra comentar.



PERSONAGENS:

PRINCIPAIS:
VICTOR CHAVES – não preciso falar, né!
M – M de MULHER, de MINHA AMADA, não pensem que foi de propósito (até porque foi! kkkkkk) mas pra ficar mais fácil para algumas. Jovem na casa dos 30 anos, formada, acaba de se mudar para Uberlândia pois passou num concurso público. Aluga um apartamento no prédio do nosso herói (ô sorte!). Mora sozinha. O resto vamos criando. Mas por favor, sem romancismos, vamos criar nossa heroína como uma mulher real, com defeitos e qualidades.

PRÉDIO DO VICTOR EM UBERLÂNDIA:

RAFAEL – Porteiro no prédio onde moram Victor, M e mais alguns vizinhos enxeridos. Rapaz novo. Pai recentemente. Alegre, falante, trabalhador. Será um pouco o cupido dessa estória.
D. GRAÇA -  Senhora beirando os 60 anos. Governanta, cozinheira, mãe de 2 filhos (casal), já encaminhados na vida. Avó coruja de 3 netos (Huguinho, Zezinho e Luiza). Trabalha há pouco tempo na casa do Victor. Indicada pela mãe dele. Não dorme em serviço. S. RAIMUNDO (marido) não gosta dessa “saliência”. Será um pouco conselheira e mãe nas horas vagas do nosso herói.
D. MATILDE – Vizinha de porta do nosso herói. Viúva de militar, mulher não, amante por mais de 30 anos, mas a família oficial não sabe da sua existência até o dia da morte dele. Está na justiça tentando ganhar uma parte da pensão. Vive de biscates enquanto o processo não se conclui. Alegre, fuxiqueira. Conhecida no prédio pelo jargão: NÃO CAIA NA BOCA DE MATILDE!
SR. CALIXTO – Síndico do prédio. Casado com D. RUTH a mais de 50 anos. Aposentado. Pai de 4 filhos. Todos profissionais exemplares e estáveis financeiramente. Sua maior tristeza? Não tem netos. Os filhos não pensam em casar. Detesta D. MATILDE, vive a turra com a viúva. Sempre comenta: MULHER SEM COMPOSTURA. Rígido na administração do prédio. Prédio de famílias não é cortiço! Repete sem pestanejar.

AMIGAS DE M:
CAROL – Jovem mimada pela família rica, tem cerca de 25 anos mas ainda não decidiu o que quer da vida. Vive brincando que busca um velho fazendeiro para se dar bem e nunca ter que trabalhar.
ELAINE -  Trabalhadora, começou cedo a  correr atrás do prejuízo. Mora sozinha e tem 29 anos, já comprou até o próprio apartamento. Funcionária pública, colega de repartição da nossa heroína M. Alegre, adora samba e toca violão mas não é fã de sertanejo. Gosta de MPB e samba de raiz.
RAQUEL – Conhece nossa heroína na noite de Uberlândia e voltam a se encontrar na academia de ginástica. Marombeira e estudante universitária. Adora festas pensa em se formar em relações exteriores só pra poder viajar bastante. Fútil e vazia mas muito divertida e amiga pra todas as horas.