Respirou fundo então continuou.
- Eles saíram as pressas da
cidade. Sem dar paradeiro. Depois de muito custo descobri que eles tinham vindo
pro Rio. Eu juntei todas as minhas economias, eu estava juntando pra me casar
com Virgínia. E peguei minha malinha de roupas e vim para o Rio de Janeiro. Sem
conhecer nada nem ninguém, mas decidido a ficar com Virgínia e com o nosso
filho. Nada nem ninguém iria nos afastar.
Sua voz agora era grave e
imponente, seu sentimento de raiva era evidente em suas palavras.
- Mas ... você a encontrou?
Eu estava cada vez mais envolvida
com esse relato, mal sabia a importância e o impacto que essa estória iria
causar em minha vida.
- Sim, aquela prima que lhe
falei, a Suzana, me deu o endereço de onde eles estavam, era uma casa no Alto
da Boa Vista.
- Foi um problema e uma confusão
enorme. Dr. Raul chamou até a polícia. Não me deixaram vê-la. A Virginia ficou
nervosa e começou a entrar em trabalho de parto. Ela tava de 7 meses. Foi
levada às pressas pra maternidade aí começou o meu pior pesadelo.
Eu simplesmente não conseguia
sequer respirar direito diante de tanta coisa pela qual ele havia passado. Ele
novamente parou de falar, seu olhar voltou a entristecer, como da primeira vez
em que nos vimos. Ficou longos minutos em silêncio, admirando o mar. Ele soltou
um longo suspiro e então continuou.
- Eles levaram Virginia pro
hospital e lá não puderam me impedir de entrar mas era uma situação difícil e
delicada. Dr. Raul me fuzilava com os olhos e tentou de todas as formas me
negar qualquer informação. Virginia deu a luz a um menino, mas segundo soube
depois, devido a complicações no parto e por estar grávida de 7 meses a criança
nasceu e morreu logo em seguida - Sua voz começou a embargar de emoção - Não
cheguei nem a ver o seu rostinho.
- E Virgínia? Você conseguiu
falar com ela?
- Não. Dr. Raul é um homem
bastante influente e conseguiu me impedir de estar com ela. Só conseguia
informações pois as enfermeiras ficaram com pena de mim naquela situação
desesperadora. Mas a pior notícia não foi à morte do nosso filho.
- Não? O que aconteceu?
Mais um longo suspiro.
- Dois dias depois de ficar
completamente sem notícias de Virginia, um rapaz, a mando do Dr. Raul, se
aproximou de mim na recepção do hospital, pois ele simplesmente havia proibido
meu acesso ao andar em que Virgínia estava internada. Esse rapaz me trouxe a
terrível notícia. Virgínia viera a falecer. Segundo esse mesmo rapaz ela tinha
entrado em depressão por conta da perda do bebê e morreu de tristeza.
Seus olhos agora estavam cheios de lágrimas que
corriam como rios caudalosos pela sua face. Sua voz se calou e um imenso e
incomodo silêncio se instalou entre nós.
Nenhum comentário:
Postar um comentário