domingo, 22 de julho de 2012

6º Capítulo - Duas vidas numa mesma estória


Preferi não fazer mais perguntas e respeitar a dor daquele homem, ele agora chorava copiosamente. Depois de um certo tempo ele se acalmou e continuou a me contar mais sobre a MINHA ESTÓRIA.
- Foi muito difícil pra mim. Aquela notícia veio para como que acabar de vez com a minha própria vida. Virgínia era o meu amor. Sabe aquele amor pra vida toda? Quando você olha pra alguém e não tem a menor dúvida de que essa pessoa é uma parte de você? Então ... a Virgínia era a MINHA VIDA, e com a sua morte uma parte de mim também se foi. Não pude participar do velório muito menos me despedir dela no cemitério. Seus seguranças não me deixaram nem chegar perto do enterro. Tive que esperar todos irem embora para poder me despedir como ela merecia.
- Ver você ... aqui na praia ... idêntica a ela ... mexeu muito comigo. Por isso agi como agi naquele dia. Você me desculpa. Foi mais forte do que eu.
- Imagina! Eu agora compreendo perfeitamente bem. Não deve ter sido nada fácil pra você passar por tudo que passou e seguir em frente.
- Sim. Mas estive conversando com meu irmão e uma idéia me veio na cabeça. Uma idéia maluca, é verdade. Mas não posso e nem consigo descartar essa possibilidade... então pensei, não custa nada né! Vou perguntar pra ela. Vai que a vida tá me dando uma nova oportunidade de ser feliz.
Comecei a ficar preocupada. O que seria que ele tinha pensado? Seu olhar agora era de esperança, esperança em uma nova oportunidade de ser feliz. Então ele falou.
- Você Carol se importaria de fazer um teste de DNA? Veio-me uma idéia de que o Dr. Raul estivesse mentindo ...
- Lamento Seu Osvaldo, mas eu não tenho idade pra ser a sua Virgínia ...
- Não! Desculpe ... não foi isso que eu cogitei. Pra falar a verdade, também acho que essa é uma idéia muito louca. Só um louco pra fazer o que pode ter feito, mas Dr. Raul era  bastante arrogante pra planejar e executar um plano insano como esse.
- Não tô entendendo Seu Osvaldo. Pode ser mais claro?
- Eu pensei que você pudesse ser a minha filha. Que o Dr. Raul pudesse ter mentido e te escondido de mim, pois sabia que eu lutaria pelo meu filho.
- Mas o senhor não disse que o bebê que nasceu era um menino?
- Sim. Mas foi a informação que eu recebi. Quem me garante que era verdade? É um exame simples, eu já até andei pesquisando. Ontem depois que você foi embora voltei pro hotel e procurei saber. Existe um laboratório aqui perto ... nós podíamos combinar ... e ....
- Esse tipo de exame é caro Seu Osvaldo ...
- Dinheiro não é problema. Eu arco com tudo. Mas ... por favor. Se você não for minha filha você só estará me tirando um peso do coração.
- Seu Osvaldo! Eu não sou sua filha! Eu tenho certeza disso. Compreendo a sua aflição e sou solidária a sua dor mas não podemos nos enganar. Não existe a menor possibilidade disso ser verdade.
- Oh! Por favor Carol. Tire essa dúvida da minha mente. Faça esse teste comigo. Se ele realmente der negativo, como você acredita não estará fazendo mal nenhum a mim. Eu preciso tirar essa dúvida.
Fiquei lhe olhando por alguns instantes. Alguma coisa dizia pra fazer esse teste. Mas eu tinha certeza absoluta do resultado. 
Deveria dar uma falsa esperança pra esse homem tão sofredor? 
Dúvida ingrata.

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