Preferi não fazer mais perguntas
e respeitar a dor daquele homem, ele agora chorava copiosamente. Depois de um
certo tempo ele se acalmou e continuou a me contar mais sobre a MINHA ESTÓRIA.
- Foi muito difícil pra mim.
Aquela notícia veio para como que acabar de vez com a minha própria vida.
Virgínia era o meu amor. Sabe aquele amor pra vida toda? Quando você olha pra
alguém e não tem a menor dúvida de que essa pessoa é uma parte de você? Então ...
a Virgínia era a MINHA VIDA, e com a sua morte uma parte de mim também se foi.
Não pude participar do velório muito menos me despedir dela no cemitério. Seus
seguranças não me deixaram nem chegar perto do enterro. Tive que esperar todos
irem embora para poder me despedir como ela merecia.
- Ver você ... aqui na praia ...
idêntica a ela ... mexeu muito comigo. Por isso agi como agi naquele dia. Você
me desculpa. Foi mais forte do que eu.
- Imagina! Eu agora compreendo
perfeitamente bem. Não deve ter sido nada fácil pra você passar por tudo que
passou e seguir em frente.
- Sim. Mas estive conversando com
meu irmão e uma idéia me veio na cabeça. Uma idéia maluca, é verdade. Mas não
posso e nem consigo descartar essa possibilidade... então pensei, não custa nada
né! Vou perguntar pra ela. Vai que a vida tá me dando uma nova oportunidade de
ser feliz.
Comecei a ficar preocupada. O que
seria que ele tinha pensado? Seu olhar agora era de esperança, esperança em uma
nova oportunidade de ser feliz. Então ele falou.
- Você Carol se importaria de
fazer um teste de DNA? Veio-me uma idéia de que o Dr. Raul estivesse mentindo
...
- Lamento Seu Osvaldo, mas eu não
tenho idade pra ser a sua Virgínia ...
- Não! Desculpe ... não foi isso
que eu cogitei. Pra falar a verdade, também acho que essa é uma idéia muito
louca. Só um louco pra fazer o que pode ter feito, mas Dr. Raul era bastante arrogante pra planejar e executar
um plano insano como esse.
- Não tô entendendo Seu Osvaldo.
Pode ser mais claro?
- Eu pensei que você pudesse ser
a minha filha. Que o Dr. Raul pudesse ter mentido e te escondido de mim, pois
sabia que eu lutaria pelo meu filho.
- Mas o senhor não disse que o
bebê que nasceu era um menino?
- Sim. Mas foi a informação que
eu recebi. Quem me garante que era verdade? É um exame simples, eu já até andei
pesquisando. Ontem depois que você foi embora voltei pro hotel e procurei
saber. Existe um laboratório aqui perto ... nós podíamos combinar ... e ....
- Esse tipo de exame é caro Seu
Osvaldo ...
- Dinheiro não é problema. Eu
arco com tudo. Mas ... por favor. Se você não for minha filha você só estará me
tirando um peso do coração.
- Seu Osvaldo! Eu não sou sua
filha! Eu tenho certeza disso. Compreendo a sua aflição e sou solidária a sua
dor mas não podemos nos enganar. Não existe a menor possibilidade disso ser
verdade.
- Oh! Por favor Carol. Tire essa
dúvida da minha mente. Faça esse teste comigo. Se ele realmente der negativo,
como você acredita não estará fazendo mal nenhum a mim. Eu preciso tirar essa
dúvida.
Fiquei lhe olhando por alguns instantes. Alguma coisa
dizia pra fazer esse teste. Mas eu tinha certeza absoluta do resultado.
Deveria
dar uma falsa esperança pra esse homem tão sofredor?
Dúvida ingrata.
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