O dia seguinte transcorreu na
mesma luta diária, em busca de um emprego. Para mim, as horas se arrastaram,
não me dava conta por estar ansiosa pela chegada do fim do dia e saber mais
detalhes daquela história ... da Minha História.
No final do dia voltei para
Copacabana e ao invés de ir pra casa fui para a praia, para o mesmo banco no
calçadão, ouvir mais um pouco da história daquele homem. Ao longe já o avistei,
sentado, esfregando uma mão na outra. Ele também estava ansioso para me
reencontrar. Antes de atravessar a rua liguei para casa.
- Mãe! Ó, já tô em Copa mas
encontrei uma amiga e nós estamos conversando um pouco tá! Devo demorar pra ir
pra casa.
Não queria ser interrompida dessa
vez. Assim que me avistou o homem sorriu e acenou para mim. Acenei de volta.
Quando cheguei mais perto ele se levantou me cumprimentando. Nos acomodamos e
depois daquela conversa cordial de praxe ele voltou a contar a sua, A MINHA
estória.
- Onde foi mesmo que eu parei?
- A Virgínia tinha lhe dado a
notícia da gravidez.
Virgínia! Nossa! Só aí me dei
conta do quanto já estava envolvida e familiarizada nesse assunto.
- Isso! Foi isso mesmo. Então ...
não tínhamos planejado esse filho mais para mim foi a mais fantástica das
notícias que tive em toda a minha vida. Eu iria ser pai. Mas não foi isso que
aconteceu ...
- Ela perdeu a criança?
Interrompi.
- Perdemos – respondeu com
tristeza – A família dela era muito severa. Preconceituosa, para ser sincero
contigo. Eles não aceitaram nosso namoro desde o início. Justamente por conta
do poder aquisitivo da minha família. Seu pai, Dr. Raul, não aceitava de forma
alguma a sua princesinha se envolver com um rapaz da roça, como ele mesmo
esbravejou diversas vezes. Por isso a preocupação de Virgínia quando soube da
gravidez. Se ele sequer conseguia aceitar o nosso namoro ... A notícia da
gravidez teve que ser escondida sob qualquer hipótese, pois, temíamos a reação
do Dr. Raul.
- Mas como vocês fizeram?
Perguntei curiosa.
- Virgínia foi uma guerreira pois
ela passava muito mal com os enjôos matinais, sabe. E começou a usar vestidos.
Naquela época, a moda até nos favoreceu pois as roupas não eram coladas no
corpo como hoje em dia. Conseguimos esconder a gravidez dela até o sexto mês.
- Nossa! Conseguiram bastante
então.
- Sim, mas mesmo assim não foi o
suficiente.
- Não?
- Um dia, a mãe da Virginia, D.
Silvia, entrou no banheiro na hora que Virginia tomava banho e não teve como
esconder. Foi um escândalo. Eles imediatamente a proibiram de sair de casa e
logo deram um jeito de despacha-la em uma viagem sem dizer o destino. Eu mesmo,
só soube de tudo isso depois de quase 3 semanas e graças a uma prima dela, que
nos ajudava a nos encontrarmos.
- Nossa!
Ele parou de falar, olhava para o
mar, admirando o movimento das ondas e ao mesmo tempo seu olhar era perdido
como quem volta a viver tudo aquilo novamente.
Respirou fundo então continuou ...
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