domingo, 5 de agosto de 2012

Capítulo 8 - Duas vidas numa mesma estória


Fizemos todo o procedimento necessário para realizar o exame, recebemos nosso protocolo para que pudéssemos resgatar o resultado. Cada um o seu. Saímos do laboratório de certa forma mais unidos, inexplicavelmente a sensação de que aquela ação era um divisor de águas na nossa vida. Seu Osvaldo me convidou para tomarmos um café. Ele parecia estar mais calmo. Fomos para uma padaria ali perto e conversamos animadamente sobre de tudo um pouco e nessa conversa soube um pouco mais sobe esse homem tão instigante. Ele tinha lutado bastante na vida mas conseguiu vencer. Era dono de uma produtora de show, alocada em Salvador, na Bahia, a mais de 10 anos tinha se estabelecido muito bem nessa área. Eu lhe contei que fazia faculdade de Comunicação mas que queria trabalhar na área de jornalismo mesmo. Mas foi legal essa conversa, ele me explicou tudo sobre o que sabia e me deu várias dicas.
Ele iria pra Salvador daí a 3 dias mas resolveu que voltaria no prazo pra buscar o resultado. Queria ver comigo. Nos despedimos como velhos amigos, impressionante como na vida duas pessoas tão ligadas como nós poderia ter em pouco tempo tanta afinidade, tanta compatibilidade. A vida seguiu normalmente e graças a indicações do Seu Osvaldo consegui um emprego em uma produtora, não era um emprego na verdade, era um estágio, mas a grana era boa além de estar trabalhando numa área próxima a minha pois eles faziam comerciais. Quando chegou o grande dia combinamos de nos encontrar no mesmo banco da praia de sempre. Eu cheguei primeiro, minha ansiedade não tinha explicação plausível. Logo depois Seu Osvaldo apareceu. Ele veio com um embrulho nas mãos assim que nos aproximamos ele me cumprimentou.
- Oi Carol! Como você tá?
- Oi Seu Osvaldo! Bem, graças a Deus! E o senhor? Fez boa viagem?
- Bem também, fiz sim. Ahh! Isso é pra você. Disse me entregando o embrulho. Espero que goste.
- Nossa! Obrigada, não precisava se preocupar.
- Espero que goste. As meninas lá em Salvador usam muito e as minhas sobrinhas disseram que você iria gostar.
Abri o embrulho e era uma bela saída de praia toda feita em crochê. Também servia como uma blusa. Linda!
- Ai que linda! Amei! Muito obrigada mesmo, pode ter certeza usarei bastante e com gosto.


Ele respira fundo.
- Você já pegou o seu resultado?
- Não! Nós não combinamos de pegar juntos? Estou aqui só te esperando pra irmos lá. Trouxe seu protocolo?
- Sim. Tá aqui na carteira. Vamos então?
- Vamos.
Saímos da praia e nos encaminhamos para o laboratório. Chegando lá entregamos nossos protocolos e a recepcionista nos entregou 2 envelopes lacrados. Agradecemos e saímos de lá. Tínhamos decidido não abrir os envelopes ali mas no hall do hotel em que ele estava hospedado. Descemos e na rua em frente pegamos um táxi rumo ao hotel. Seu Osvaldo pagou a corrida e me conduziu até uma das poltronas que estavam na recepção. Eu confesso que tremia toda com aquele envelope em minhas mãos como se o meu corpo já soubesse o resultado mas minha mente custava a acreditar. Ele se sentou ao meu lado e disse.
- O que está aqui não muda nada no apreço que tenho por ti Carol. Você pode ser como pode não ser minha filha mas eu já lhe admiro pelo seu caráter e sua dedicação a sua família. Saiba que independente do que estiver escrito aqui eu quero que aceite a minha amizade e meu apoio no que eu puder te ajudar na vida tá bom?
- Eu também Seu Osvaldo, eu também.
Estava tão inexplicavelmente nervosa que não consegui falar mais nada só olhar para aquele envelope.
- Vamos abrir juntos? Cada um o seu? Já que o resultado é o mesmo né!
- Sim. Vamos sim.
E assim o fizemos, retirei as duas folhas digitadas e comecei a ler o texto.


No final de toda aquela escrita científica ... uma frase ... uma simples frase resumia tudo.
“Compatibilidade de paternidade de:  99%.”. Eu ERA A FILHA DO SEU OSVALDO!


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